segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Zé Gonzaga - Cantor



José Januário Gonzaga do Nascimento, conhecido pelo nome de Zé Gonzaga, além de cantor, compositor e instrumentista, o acordeonista é o filho de nada menos que o grande tocador de 8 baixos Seu Januário, tendo como irmãos, Luiz Gonzaga, Chiquinha Gonzaga e Severino Januário.
Começou sua carreira cantando em programas de calouros. Em 1948, já no Rio, a convite do irmão, foi contratado pela Rádio Guanabara alavancado pela enorme popularidade de Luiz Gonzaga, então já muito famoso, gravou em 1949 pela Star o seu primeiro disco.

 

Em 1950 fez duas gravações de disco em 78 rpm pela Odeon. A primeira, o calango "Ai sanfona" de Jeová Rodrigues e José Januário e a rancheira "Bate sola" de Jeová Rodrigues e José Januário. E a segunda o xaxado "Alencarina Bonita" de José Januário e José Amâncio e o choro "Disco voador" de José Gonçalves e Abelardo Barbosa, o famoso apresentador de Televisão "Chacrinha".


O sucesso é mesmo complicado para se entender. Para um, a fama, todas as honras e homenagens, e o relançamento de toda a sua obra, mesmo às vésperas dos catorze anos da sua morte: Luiz Gonzaga. Para outro, embora melhor músico que o irmão, porém com uma voz não tão poderosa, o doloroso esquecimento em vida desde a década de 1970. Falamos de outro Gonzaga bem menos famoso, o Zé. Em 12 de abril de 2004, completaram-se dois anos do seu falecimento. Esquecido e condenado a ter o seu passado musical apagado, pois grande parte do seu acervo está mofando nas prateleiras da EMI, gravadora que comprou a Copacabana. Do restante nem se fala, pois não se sabe onde está. Há preciosos discos de 78 rotações e LPs somente em poder de colecionadores, alguns deles radialistas que fazem dos seus discos troféus para ganhar audiência, embora sejam verdadeiros coveiros culturais.
José Januário dos Santos, conhecido artisticamente como Zé Gonzaga, nasceu em Exu/PE em 15/01/1921 e faleceu no Rio de Janeiro/RJ em 12/04/2002, aos 81 anos de idade. Era o mais novo dos cinco homens, dos filhos de Januário, pai de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião.
Tal qual o pai Januário, o irmão Severino, a irmã Chiquinha e o irmão Luiz, Zé tinha um enorme talento musical e sem dúvida foi um dos maiores músicos de sanfona deste País, de todos os tempos. Todos tocavam sanfona de oito baixos, mas somente Luiz e Zé a trocaram por outra de 120 baixos. Zé também foi ótimo compositor. Eram lindas suas harmonias e tinha também talento como letrista. Luiz que era um mestre da sanfona considerava-o também o melhor músico da família que, ao todo, tinha sete artistas entre pai, irmãos e irmãs.
Fugindo da seca do sertão pernambucano, Zé Gonzaga, em 1939 saiu em direção ao sul do País em busca de ajuda dos seus irmãos Joca e Severino que moravam em São Paulo, ou Luiz, no Rio de Janeiro, que não via desde 1930.
Não achou os irmãos de São Paulo, escreveu para a mãe, D. Santana, pedindo o endereço de Luiz no Rio de Janeiro. E foi assim que numa manhã de março de 1940, numa pensão situada na Rua São Frederico, 14, no Morro de São Carlos no Rio de Janeiro, Luiz Gonzaga foi acordado antes da hora por D. Tereza, uma portuguesa, dona da pensão que lhe disse:
- Gonzaga, acorda que cá está um gajo a dizer que é teu irmão.
Gonzaga que ainda vivia no mangue tocando em praça pública para sobreviver, respondeu:
- Oxente D. Tereza, que diabo é isso?
Aí, tropeçando de sono foi até a porta, reclamando, e deu de cara com um rapaz moreno de olhos azuis iguais ao da sua mãe. Disse José, com quem Luiz sempre teve uma relação de amor e ódio, que ao aparecer aquele negão, de cara redonda, perguntou:
- Você é que é Luiz Gonzaga? Eu sou José seu irmão, ao que Luiz respondeu:
- E você veio fazer o quê aqui, seu moleque safado que eu não mandei chamar ninguém porque eu estou pior que vocês?
- Eu vim praqui porque tá uma seca danada lá no Sertão e mãe mandou dizer pra tu dar um jeito de ajudar a gente.
De imediato, a ajuda de Luiz foi comprar um colchão para o irmão e pagar pra ele as despesas de hospedagem da pensão. Zé então com 19 anos passou a ajudar o irmão carregando-lhe a sanfona até o Mangue e a passar o pires no recolhimento das gorjetas. Depois com o passar do tempo e tendo Luiz Gonzaga ficado famoso, deu-lhe uma sanfona, o incentivo e abriu os espaços para o novo artista.




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