José Januário
dos Santos, conhecido artisticamente como Zé Gonzaga, nasceu em Exu/PE em
15/01/1921 e faleceu no Rio de Janeiro/RJ em 12/04/2002, aos 81 anos de idade.
Era o mais novo dos quatro homens, dos filhos de Januário, pai de Luiz Gonzaga,
o Rei do Baião.
Tal qual o pai Januário, o irmão Severino e o irmão Luiz, Zé tinha um enorme talento musical e sem dúvida foi um dos maiores músicos de sanfona deste País, de todos os tempos. Também foi ótimo compositor. Luiz que era um gênio da sanfona considerava-o também o melhor músico da família que, ao todo, tinha sete artistas entre pai, irmãos e irmãs.
Fugindo da seca do sertão pernambucano, Zé Gonzaga, em 1939 saiu em direção ao sul do País em busca de ajuda dos seus irmãos Joca e Severino que moravam em São Paulo, ou Luiz, no Rio de Janeiro, que não via desde 1930. Não achou os irmãos de São Paulo, escreveu para a mãe, D. Santana, pedindo o endereço de Luiz no Rio de Janeiro. E foi assim que numa manhã de março de 1940, numa pensão situada na Rua São Frederico, 14, no Morro de São Carlos no Rio de Janeiro, Luiz Gonzaga foi acordado antes da hora por D. Tereza, uma portuguesa, dona da pensão que lhe disse: - Gonzaga, acorda que cá está um gajo a dizer que é teu irmão.
Gonzaga que ainda vivia no mangue tocando em praça pública para
sobreviver, respondeu: - Oxente D. Tereza, que diabo é isso? Aí, tropeçando de
sono foi até a porta, reclamando, e deu de cara com um rapaz moreno de olhos
azuis iguais ao da sua mãe. Disse José, com quem Luiz sempre teve uma relação
de amor e ódio, que ao aparecer aquele negão, de cara redonda, perguntou: -
Você é que é Luiz Gonzaga? Eu sou José seu irmão, ao que Luiz respondeu: - E
você veio fazer o quê aqui, seu moleque safado que eu não mandei chamar ninguém
porque eu estou pior que vocês? – Eu vim praqui porque tá uma seca danada lá no
Sertão e mãe mandou dizer pra tu dar um jeito de ajudar a gente. De imediato, a
ajuda de Luiz foi comprar um colchão para o irmão e pagar pra ele as despesas
de hospedagem da pensão. Zé então com 19 anos passou a ajudar o irmão
carregando-lhe a sanfona até o Mangue e a passar o pires no recolhimento das
gorjetas. Depois com o passar do tempo e tendo Luiz Gonzaga ficado famoso,
deu-lhe uma sanfona, o incentivo e abriu os espaços para o novo artista. José,
que era exímio sanfoneiro, fez carreira à sombra do irmão, tendo adotado, a
pedido deste, o nome artístico Zé Gonzaga. Depois do empurrão do irmão à sua
carreira, venceu pelo seu próprio talento. Casou-se, e durante algum tempo Luiz
morou com o irmão e a sua esposa Clara.
No final da década de 1940, Zé Gonzaga
já tocava na Rádio Guanabara e em 1949 gravou o seu primeiro disco de 78
rotações pela Star, o qual continha os choros, Teimoso, de Zé Gonzaga e Vira o
Outro Lado, de Cipó. Em 1950 mudou de gravadora e na Odeon gravou o calango Ai
Sanfona, de sua autoria e Jeová Rodrigues e a rancheira Bate Sola, da mesma
dupla.
Em 1951 gravou a batucada Bebida Não Mata Ninguém, de Kid Pepe e Arlindo
Caldas e também o xote O Forró de Quelemente, de Luiz Gonzaga e Zé Dantas. Em
1951 fez a música Viva o Rei, em parceria com Zé Amâncio, uma homenagem a seu
irmão Luiz que tinha sofrido grave acidente de carro que foi gravada pelos
dois, fazendo mais sucesso na voz de Luiz. Em 1956 fez enorme sucesso com O
Cheiro da Carolina, de sua autoria e Amorim Roxo. Em 1957 formou um conjunto
próprio com o qual passou a se apresentar e a gravar por um determinado
período. Chegou a gravar um disco somente composto de tangos, gênero musical
que executava muito bem na sanfona pela gravadora Phonodisc. Tal qual um cowboy
americano, Zé Gonzaga se apresentava todo de preto, porém com chapéu à moda de
cangaceiro de Lampião. Usava também lenço no pescoço, cartucheira e revólver
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