Geraldo Vandré, nome
artístico de Geraldo Pedrosa de Araújo Dias (João
Pessoa, 12 de setembro de 1935) é um advogado, cantor, compositor, poeta e violonista brasileiro,
conhecido por ser um dos nomes mais célebres damúsica popular brasileira. Seu sobrenome é
uma abreviatura do sobrenome do seu pai, o médico otorrino José Vandregíselo.
Biografia[editar | editar código-fonte]
Foi o primeiro
filho do casal José Vandregíselo e Maria Martha Pedrosa Dias.
Mudou-se para
o Rio de Janeiro em 1951, tendo ingressado
em 1957 na Faculdade Nacional de Direito daUniversidade Federal do Rio de
Janeiro, pela qual se formou em 1961. Militante
estudantil, participou do Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes (UNE).
Conheceu Carlos
Lyra, que se tornou seu parceiro em músicas como "Quem Quiser
Encontrar Amor" e "Aruanda", gravadas por Lyra e por Vandré.
Gravou seu primeiro LP,
"Geraldo Vandré", em 1964, com as músicas "Fica Mal com Deus" e "Menino
das Laranjas", entre outras.
Em 1966, chegou à final
do Festival de Música Popular
Brasileira da TV Record com o sucesso Disparada (parceria
com Theo de Barros), interpretado por Jair
Rodrigues. A canção arrebatou o primeiro lugar ao lado de A Banda, de Chico
Buarque.[1]
Em 1968, participou do
III Festival Internacional da Canção da TV Globo com Pra não Dizer que não Falei das
Flores, também conhecida como "Caminhando". A composição se
tornou um hino de
resistência do movimento civil e estudantil que fazia oposição à ditadura
durante o governo militar, e foi censurada.
O refrão "Vem, vamos embora / Que esperar não é saber / Quem sabe faz a
hora, / Não espera acontecer" foi interpretado como uma chamada à luta armada contra os ditadores.
No festival, a música ficou em segundo lugar, perdendo para Sabiá, de
Chico Buarque e Tom Jobim. A música Sabiá foi vaiada pelo
público presente no festival, que bradava exigindo que o prêmio viesse a ser da
música de Geraldo Vandré.
Hoje, Geraldo
Vandré reside no centro da cidade de São Paulo,
mas sempre viaja para o Rio
de Janeiro. Em 12 de setembro de 2010 (dia de seu
aniversário de 75 anos), Vandré concedeu no Clube da Aeronáutica no Rio de
Janeiro uma polêmica entrevista [2] ao
jornalista Geneton Moraes Neto, na qual critica o cenário
cultural brasileiro desde os anos
1970 e afirma que seu afastamento da música popular não foi causado
pela perseguição sofrida pela ditadura, mas sim pela falta
de motivação para compor ao público brasileiro, vítima do processo de
massificação cultural.
Carreira artística[editar | editar código-fonte]
Primeiras
canções[editar | editar código-fonte]
Vandré iniciou
carreira musical nos anos
60, tornando-se famoso pelas suas músicas que
se tornaram ícones da oposição ao regime militar de 1964, como
"Porta Estandarte", "Arueira", "Pra não dizer que não
falei das flores", entre outras. Canções legitimamente populares.
O sucesso
maior veio com "Disparada", vencedora do Festival da Canção da TV Record em 1966, junto com
"A Banda", de Chico
Buarque. No livro "A era dos Festivais - Uma Parábola", de 2003, Zuza Homem de Mello revela que Chico
Buarque, ao saber que sua música havia ganhado, não concordou com o resultado,
pois considerava "Disparada" melhor e não aceitaria o prêmio. A
situação foi resolvida quando Chico foi informado que ele e Geraldo Vandré
dividiriam o prêmio.
Em 1968, ao
defender "Pra não dizer que não falei das flores" no "Festival
de Música Popular Brasileira" da TV Globo, criou o hino da resistência ao
regime militar que ficou conhecido pela primeira palavra:
"Caminhando", além de estar em uma nova situação envolvendo ele e
Chico Buarque. "Sabiá", de Tom Jobim e
Chico Buarque, foi declarada vencedora, mas o público se revoltou, pois queriam Pra
não dizer que não falei das flores, que acabou ficando em segundo lugar.
Enquanto Cynara eCybele ao
lado de Tom
Jobim e Chico Buarque apresentavam a música campeã,
vaias se ouviam durante a apresentação. Este se tornou o momento mais
emblemático da história dos festivais.
Censura - AI 5[editar | editar código-fonte]
Ainda em 1968,
com o AI-5,
Vandré foi obrigado a exilar-se. Depois de passar dias escondido na fazenda de Aracy de Carvalho Guimarães Rosa,
viúva de Guimarães Rosa, falecido no ano anterior (setores da
imprensa afirmam que ele também teria sido escondido pelo governador de São
Paulo Abreu Sodré no Palácio dos Bandeirantes), o compositor
partiu para o Chile e,
de lá, para a Alemanha e França.
Voltou ao Brasil em 1973, onde gravou um controverso depoimento para a Rede Globo em
que afirmou que só iria compôr canções de amor. Até hoje, vive em São Paulo e compõe. Muitos, porém,
acreditam que Vandré tenha enlouquecido por causa de supostas torturas que ele
teria sofrido pelo governo militar. Em entrevista no ano de 2010[3] essas
especulações foram desmentidas pelo cantor, dizendo que só não se apresenta
mais porque sua imagem de "Che Guevara Cantor" abafa sua obra.
Canções após o
exílio[editar | editar código-fonte]
Após o exílio,
Vandré foi vigiado de perto pelos militares, sem poder expressar o retrato do
Brasil à época. Logo após o retorno ao Brasil, Vandré compôs a canção
"Fabiana", em homenagem à Força Aérea Brasileira.
Geraldo Vandré
abandonou a vida pública e se afastou do mundo artístico brasileiro, atuando
como advogado e se apresentando em diversos países da Europa,África e América
Latina.[4] Tal
afastamento foi alvo de inúmeros boatos que vinculavam sua suposta descrença na
esquerda, sua mudança ideológica e seu abandono da vida artística aos atos de
tortura supostamente sofridos. Em 1982, Vandré se
apresentou no Paraguai, rompendo um hiato de nove anos sem cantar em
público.
Em 2009, alunos de jornalismo da PUC-SP produziram
o documentário O que sou nunca escondi sem fins lucrativos com
depoimentos sobre Vandré.
Em 2014, Geraldo Vandré
voltou a subir ao palco depois de 40 anos com a cantora Joan Baez,
que em 1981 foi
proibida de cantar no Brasil pela Ditadura Militar. Segundo reportagem do
jornal Estadão foi
o próprio Vandré quem tomou a iniciativa de fazer contato com a cantora por
intermédio de um amigo em comum com a proposta de gravar um disco em espanhol.
Vandré e Baez se encontraram pela primeira vez no domingo, 23 de março, poucas
horas antes do show da tambémativista dos direitos
humanos. Baez insistiu para que Vandré cantasse, mas este não cedeu: “Eu
vou convidar para subir ao palco um mito. Ele não gosta disso, prefere ser
somente um homem. Ele virá aqui, mas não vai cantar, vai ficar do meu lado”,
disse Joan Baez.[5]
Estilo[editar | editar código-fonte]
Com estilo
erudito, Vandré sempre se expressou e por poucos foi compreendido. Em sua
entrevista com Geneton, ele foi questionado várias vezes quanto à caricatura
que fizeram da sua vida e mais uma vez tentou mostrar a mesma realidade que
tentara no passado, mas parece que mais do que nunca permanece incompreendido.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Geraldo_Vandr%C3%A9
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