Martinho José
Ferreira (Duas Barras, 12
de fevereiro de 1938) é um cantor, compositor e músico brasileiro.
Filho de
lavradores da Fazenda do Cedro Grande, mudou-se para o Rio de Janeiro com
apenas quatro anos. Quando se tornou conhecido, voltou a Duas Barras para ser
homenageado pela prefeitura em uma festa, e descobriu que a fazenda onde havia
nascido estava à venda.
Não hesitou em
comprá-la e hoje é o lugar que chama de "meu off-Rio". Cidadão
carioca criado na Serra dos Pretos-Forros, a primeira
profissão foi como Auxiliar de Químico Industrial, função aprendida no curso intensivo de SENAI. Mais tarde,
enquanto servia o exército como Sargento Burocrata, cursou a Escola de
Instrução Especializada, tornando-se escrevente e contador, profissões que
abandonou em 1970,
quando deu baixa para se tornar cantor profissional.
A carreira
artística surgiu para o grande público no III Festival da Record, em 1967, quando concorreu
com a música "Menina Moça". O sucesso veio no ano seguinte, na quarta
edição do mesmo festival, lançando a canção "Casa de Bamba", um dos
clássicos de Martinho. O primeiro álbum, lançado em 1969, intitulado Martinho
da Vila, já demonstrava a extensão de seu talento como compositor e músico,
incluindo, além de "Casa de Bamba", obras-primas como "O Pequeno
Burguês", "Quem é Do Mar Não Enjoa" e "Pra Que
Dinheiro" entre outras menos populares como "Brasil Mulato",
Amor Pra que Nasceu" e "Tom Maior". Logo tornou-se um dos mais
respeitados artistas brasileiros além de um dos maiores vendedores de disco no
Brasil, sendo o segundo sambista a ultrapassar a marca de um milhão de cópias
com o CD Tá Delícia, Tá Gostoso lançado em 1995 (o primeiro
foi Agepê,
que em 1984 vendeu
um milhão e meio de cópias com seu disco Mistura Brasileira). Destacam-se Zeca
Pagodinho, Simone (CD Café
com leite, um tributo a Martinho da Vila, 1996) e Alcione como
os maiores intérpretes.
Prêmios
Sua história
de prêmios está no rico acervo na cidade natal, Duas Barras.
Entre os títulos guardados com carinho estão os de Cidadão Carioca, Cidadão
benemérito do estado do Rio de Janeiro, Comendador da República em
grau de oficial e a Ordem do Mérito Cultural, pela contribuição à cultura
brasileira. Na coleção de medalhas, guarda a Tiradentes, além da famosa Pedro
Ernesto, e na carreira musical ganhou em 1991 o Prêmio
Shell de Música Popular Brasileira.
Escola de samba
A dedicação à escola
de samba do coração, Unidos de Vila Isabel, iniciou em 1965. Antes,
participava da extinta Aprendizes da Boca do Mato. A história da Unidos
de Vila Isabel se confunde com a de Martinho. Desde essa época, assina
vários sambas-enredo da escola. Também envolvido nos enredos da escola, criou o
samba Kizomba: A Festa da Raça,
e garantiu para a GRES Unidos de Vila Isabel o título
de Campeã do Carnaval das Escolas de Samba do Grupo
Especial do ano de 1988. Em 2009, ganhou o concurso de sambas da Vila Isabel mais
uma vez. Em 2010 a GRES Unidos de Vila Isabel fez uma
homenagem ao cantor, poeta e compositor Noel Rosa.
Em 2010, se vivo fosse, Noel Rosa completaria 100 anos de idade, razão pela
qual esta escola de samba escolheu-o como seu enredo para o carnaval deste ano.
A razão para tal se deu por conta da importância artística e cultural que Noel
Rosa representa para esta escola, além de ser um dos mais proeminentes da MPB. O samba de Martinho
da Vila foi escolhido em concurso realizado anualmente na escola de samba,
passando por diferentes etapas eliminatórias, sendo eleito ao fim destas.
Estilo
Embora
internacionalmente conhecido como sambista, com várias composições gravadas no
exterior, Martinho da Vila é um legítimo representante da MPB e compositor
eclético, tendo trabalhado com o folclore e criado músicas dos mais variados ritmos
brasileiros, tais como ciranda, frevo, samba de roda, capoeira, bossa nova, calango, samba-enredo, toada e sambas africanos. O espírito
de pesquisador incansável, viaja desde o disco O Canto das Lavadeiras,
baseado no folclore brasileiro, lançado em 1989, até o mais
recente trabalho Lusofonia, lançado no início de 2000, reunindo canções
de todos os países de língua portuguesa. Em setembro de 2000 concretizou,
no Teatro Municipal do Rio de Janeiro,
um dos projetos mais cultuados: a apresentação do Concerto Negro.
Idealizado por Martinho e pelo maestro Leonardo
Bruno, o espetáculo enfoca a participação da cultura negra na música
erudita. Para cuidar das diversas atividades, criou o Grupo Empresarial ZFM
abrindo as portas para sambistas com um selo musical e inaugurando sua própria
editora, com o primeiro
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