Nascido Jorge
Assis de Assunção, na Rua Antonio Carlos Ferreira, 66, bairro de Salgadinho, da
histórica e patrimônio mundial Olinda, em Pernambuco. Filho de Anízio Brasilino de Assunção e
Maria Assis de Assunção, batizado na Igreja de São Judas Tadeu, no mesmo
bairro, em frente ao Centro de Convenções de Pernambuco. Seu pai na época era
proprietário de um posto de combustível, no bairro da Encruzilhada, em Recife.
Decidido a uma vida mais tranqüila, quiçá obra do destino, mudou-se com a
família para o município de Altinho, onde passou a negociar com secos e molhados, uma
espécie de embrião do ramo de supermercados de hoje. Em Altinho, o menino Jorge
iria passar uma infância típica das crianças de sua idade. Banhos de rios no
Una e Taquara, somente interrompidos com a ida ao Grupo Escolar Professor
Francisco Joaquim de Barros Correia. Querido pelos amigos, exercia liderança ao
ponto de criar dois times de futebol infantis: o Estrela e o Cruzeiro. O
futebol foi e continua sendo uma das paixões de Jorge.
A música
sempre o fascinou, a ponto de copiar suas matérias escolares ouvindo canções.
Chamou sua atenção "Menina linda", de Renato e seus Blue Caps, sucesso dos Beatles, e por
curiosidade resolveu copiar a música inteira no caderno. Nascia
involuntariamente seu envolvimento com a música de forma definitiva e
irrevogável. O tempo e os fatos iriam comprovar.
Quase
diariamente sua turma tinha por hábito reunir-se sob os coqueiros do colégio
para acompanhar Zé Maria, filho de um grande seresteiro que residia em frente
àquele local. Certo dia, todos queriam ouvir o sucesso mundial "Menina
linda", mas ninguém conhecia a música de cor, foi então que surgiu Jorge,
com a letra escrita no caderno, um hábito que conservava nos tempos do Barros
Correia. Menino tímido, relutou em cantar sozinho. Queriam apreciar sua voz.
Cedeu a insistência e acabou cantando. Foi o primeiro aplauso que recebia em
sua vida. Uma tarde inesquecível para o sonhador Jorge e caíra as vestes da
timidez. A partir daí Jorge tomou gosto e o caderno ganhou novas cópias. Era
sempre procurado todas as vezes que o grupo se reunia para cantar músicas do
momento. Um sinal do fã-clube que começava a brotar. Vieram as festas do
colégio. Não poderia mudar a estrada que o destino havia lhe preparado.
Matriculou-se na escola de música do município, onde chegou a fazer parte da
filarmônica. Esses ensinamentos e o aprimoramento das lições de músicas em
muito iriam lhe ajudar futuramente em sua carreira. Chega o início dos anos 70
e nesse clima de Jovem Guarda, criou o grupo musical The Big Boys, logo
depois uma pequena orquestra de frevos e por fim um conjunto de chorinho,
denominado de Cavaco & Viola.
Separado
apenas por 30 quilômetros de Caruaru, considerado um dos maiores caldeirões culturais do
Brasil, conviveu com os violeiros, aboiadores, coquistas, sanfoneiros, leitores
de cordel, emboladores, além dos artesanatos de palha, couro e barro, do mestre
Vitalino, despertou interesse pela música regional, manancial para suas músicas
e fonte de permanente inspiração.
Em 1974, era
aprovado em concurso para Secretaria de Transportes e Comunicações do Estado de
Pernambuco e passou a trabalhar no sertão. Dessa experiência rica e marcante,
que iria durar seis anos, nas regiões do Sertão Central, Moxotó, Araripe e São
Francisco, somado à vivência acumulada e graças a sua percepção, começa a
compor músicas ligadas a essas raízes. No encontro casual com o Trio
Nordestino, surgiu uma grande afinidade com suas músicas, foi daí que o
trio gravou "Sapo Cururu" e "Fole de Ouro", uma homenagem
ao pai de Luiz Gonzaga; em seguida, "A Separação",
"Forró quentão", "Amor demais", "Chamego proibido",
"Mané Gambá" e o clássico "Petrolina-Juazeiro", que além do
Trio Nordestino, foi gravada por Alceu
Valença, Geraldo Azevedo, Elba
Ramalho, Fagner
e muitos outros artistas.
Seu primeiro
disco seria gravado em 1980, pela Emi-Odeon, com 12 músicas de sua autoria. O
sucesso surgiria em 1982, quando gravou o seu segundo álbum, o antológico
"disco do chapéu", que, por ter sido prensado o vinil em uma fábrica
e a capa em outra, o disco chegou primeiro e a repercussão foi tamanha que as
pessoas levavam o disco para depois pegar a capa na loja. Alguns improvisaram a
capa com cartolina, o que lhe valeu destaque e um fato curioso: ter sido o
primeiro artista brasileiro a vender discos sem as capas.
Com mais
experiência, lança em 1983 o disco "Canto Livre", que trazia como
grande novidade elementos novos para a reoxigenação do forró. Uma vez que o
famoso Jackson do Pandeiro já havia experimentado o
clarinete e Luiz Gonzaga o piston. Como tinha formação musical filarmônica e
ouvindo a orquestra do maestro Camarão, de Caruaru, resolveu resgatar a cultura
interiorana que são as filarmônicas que geralmente se apresentam nas festas das
igrejas interioranas acompanhando procissões, eventos cívicos, etc. Dessa
fusão, adicionou o sax, o piston e trombone, a sanfona, triângulo e zabumba,
instrumentos básicos que compõem a música nordestina. Assim, sem perder a
originalidade ele foi pioneiro em introduzir os metais no forró.
A partir daí
foi contratado pela RCA Victor, hoje BMG Ariola, onde ficou por 10 anos e
gravou 16 discos, passando por algumas gravadoras como: Emi-Odeon, Sony, RGE,
Paradox e Warner Continental, etc.
Ao longo de
sua carreira ganhou o respeito e a estima de muitos amigos, como o saudoso Chacrinha,
que o convidou a participar de dezena de programas, resultando em vários discos
de ouro e o carinho de colegas, a exemplo de Luiz
Gonzaga, Dominguinhos, Alcione, Fagner, Zé
Ramalho, todos com participações especiais em seus discos.
Hoje, com 29
álbuns entre vinis e CD, o artista reúne uma invejável bagagem musical, pois
percorreu todo o Norte e Nordeste Brasileiro, cantando e encantando em clubes,
exposições, festas de padroeiros, vaquejadas, aniversário de cidades, sempre
com o mesmo entusiasmo do início da carreira, levando sempre uma mensagem de
otimismo e um recado de amor, com a marca de seu balanço envolvente e com sua
voz inconfundível.
Eis Jorge, que
um dia foi de Olinda, de Caruaru, de Altinho e que hoje é do mundo, afinal suas
obras pertencem ao universo dos amantes da boa música popular brasileira. Assim
é Jorge, imutável pelo talento, corajoso como o sertanejo, detalhista, exigente
em sua arte e sobretudo, o cancioneiro que fez o forró ganhar o mundo.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jorge_de_Altinho
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