Por: José Mendes Pereira
Vicente Celestino
Antônio Vicente Filipe Celestino “Vicente Celestino”, nasceu no bairro de Santa Teresa, no Estado do Rio de Janeiro, no dia 12 de setembro de 1894, e faleceu em São Paulo, no dia 23 de agosto de 1968. Era filho de italianos da Calábria.
Teve cinco irmãos e cinco irmãs. Quatro deles seguiram carreira artística como ele: João, galã cômico; Pedro, tenor; Radamés, barítono e Antônio, baixo.
Chegou a trabalhar na sapataria do pai, em uma fábrica de guarda-chuvas, como servente de pedreiro, posteriormente voltando ao estabelecimento de seu pai. Cantor com voz de tenor, que lançou um estilo caracterizado pelo romantismo exacerbado, comovendo e arrebatando um grande público durante a primeira metade do século XX, através do teatro, de discos e do cinema nacional.
Como Vicente Celestino era de família humilde, teve que trabalhar desde os oito anos de idade, no ofício de sapateiro, vendedor de peixe, jornaleiro e, ao se tornar rapaz, foi chefe de seção numa indústria de calçados.
Iniciou a sua carreira artística cantando para os conhecidos e amigos, em reuniões, em festas, serenatas e chopes cantantes. Estreou profissionalmente cantando a valsa "Flor do Mal”, no teatro São José. Com o seu primeiro disco fez muito sucesso, gravado em 1916, pela “Odeon, Casa Edison”, vendendo milhares de cópias.
Quatro anos depois do lançamento do seu primeiro disco, Vicente Celestino desejou montar uma companhia de operetas, mas sem nunca deixar o carnavalesco de lado, emplacando sucessos como “Urubu Subiu”, Foi um dos teatólogos que rapidamente, depois de oportunidade no teatro, alcançou renome.
Vicente Celestino profissionalmente aliou-se com atrizes-cantoras, primeiro com “Laís Areda” e depois com “Carmen Dora”, formando companhias de revistas e operetas. Pelo Brasil fez várias excursões, as quais lhe renderam muito dinheiro e só fizeram aumentar mais ainda a sua fama e popularidade.
Nos anos 20 era um verdadeiro ídolo da canção, e já na década de 30, começou a fazer composições, como “O Ébrio” uma das músicas mais lembrada nos dias de hoje, transformando-a em filme, por sua esposa. Entre os cantores brasileiros, Vicente Celestino foi um dos que teve uma carreira mais longa.
Às vésperas dos 74 anos de idade faleceu no Hotel Normandie, em São Paulo. Nessa noite, ele estava de saída para um show que faria juntamente com os cantores Caetano Veloso e Gilberto Gil, na famosa gafieira "Pérola Negra", que seria gravado para um programa de televisão.
Caetano Veloso e Gilberto Gil
Vicente Celestino fez 28 discos com 52 canções. Com a gravação elétrica, em 1927, sentiu uma certa inaptação quanto ao rendimento técnico, logo superada, a partir daí recomeçaria os sucessos cantados em todo o Brasil.
Em 1935 foi contratado pela gravadora RCA VICTOR, permanecendo nela até falecer. Ao todo gravou em 78 RPM cerca de 137 discos com 265 músicas, dez compactos e 31 LPs, nestes também incluídas reedições dos 78 RPM.
Vicente Celestino era violonista, pianista. Duas de suas canções se tornaram filme: “O Ébrio”, (1946) e "Coração Materno" (1951). Neles Vicente foi dirigido por sua mulher Gilda Abreu (1904 - 1979), cantora, escritora, atriz e cineasta.
Vicente Celestino e Gilda de Abreu - Foto: Static.Flickr.Com
Blog: "Gente da Nossa Terra"
No final dos anos 50, gravou "Conceição", "Creio em Ti" e "Se Todos Fossem Iguais a Você". Seu eterno arrebatamento, paixão e inigualável voz de tenor, fizeram com que o povo o elegesse como “A Voz Orgulho do Brasil”.
Vicente Celestino fazia seus shows no Brasil e jamais quis sair para realizar shows em outros países, o que gostava era de cantar para o seu público brasileiro. Foi admirado por muitos cantores, e homenageado por grandes nomes, como: Caetano Veloso, Marisa Monte e Mutantes, que regravaram as suas canções.
A cantora Marisa Monte
Os Mutantes
Uma das mais tocadas no rádio foi a música: “Coração Materno”, um poema que envolve um casal camponês; apaixonado, vive uma paixão firme. Mas a jovem não acreditando no amor do seu amado, quer que ele prove que muito a ama. O rapaz perdido no meio do cupido, diz-lhe que peça o que quiser, pois fará tudo somente para provar que a ama. A jovem faz-lhe um pedido impossível. Mas ele diz que irá realizá-lo, só para mostrar que por ela é capaz de fazer tudo. Ela pede que vá buscar o coração da mãe para dar de comer ao seu cão que estar com fome..., o resto eu vou contar através das palavras de Vicente Celestino:
“Coração Materno”
Composição de: Vicente Celestino
Disse, um campônio a sua amada
Minha idolatrada,
Diga-me o que quer
Por ti, vou matar vou roubar
Embora a tristeza
Me cause mulher
Provar, quero eu que te quero
Vênero teus olhos
Teu porte teu ser
Mas diga a tua ordem espero
Por ti não importa
Matar ou morrer
E ela disse ao campônio a brincar
Se é verdade a tua louca paixão
Partir já e pra mim vás buscar
De tua mãe inteiro coração
E a correr o campônio partiu
Como um raio na estrada sumiu
E sua amada a qual louca ficou
A chorar na estrada tombou
Chega o campônio a choupana
Encontra a mãezinha
Ajoelhada a rezar
Rasga-lhe o peito o demônio
Sangrando a velhinha aos pés do altar
Tira do peito sangrando
Daquela velhinha
O pobre coração
E volta a correr proclamando
Vitória, vitória!
Tens minha paixão
Mas em meio da estrada caiu
E na queda uma perna partiu
A distância saltou-lhe das mãos
Sobre a terra o pobre coração
Nesse instante uma voz ecuou
Machucou-se pobre filho meu
Vens burcar-me filho aqui estou
Vens buscar-me que ainda sou teu!
Músicas de Vicente Celestino que mais fizeram Sucesso
Urubu Subiu - autor desconhecido (c/Bahiano; 1917)
À Luz do Luar - de sua autoria (1928)
Ai, Ioiô (Linda Flor) - Cândido Costa e Henrique Vogeler
Bem-Te-Vi - Melo Morais Filho e Emílio Pestana (1928)
Caiuby (Canção da Cabocla Bonita) - Pedro de Sá Pereira (1923)
Coração Materno - de sua autoria (1937)
Dileta - Índio (1933)
Flor do Mal - Domingos Correia e Santos Coelho (1915)
Malandragem - Ari Barroso (1933)
Mia Gioconda - de sua autoria (1946)Nênias - Índio (1929)
Noite Cheia de Estrelas - Índio (1932)
O Cigano - Gastão Barroso e Marcelo Tupinambá (1924)
O Ébrio - de sua autoria (1936)
Ontem ao Luar - Catulo da Paixão Cearense e Pedro de Alcântara (1918)
Ouvindo-Te - de sua autoria (c/Gilda de Abreu; 1935)
Patativa - de sua autoria (1937)
Porta Aberta - de sua autoria (1946)
Serenata - de sua autoria (1940).
O meu maior objetivo é resgatar, preservar e divulgar os nossos artistas que fizeram sucessos no século XX, com músicas populares brasileiras.
Se nós que gostamos da cultura não tentarmos trazer esses artistas novamente para os palcos, mesmo já falecidos, ficarão no esquecimento para sempre.
Extraído do: Blogdomendesemendes.blogspot.com
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