Fafá de Belém, nome
artístico de Maria de Fátima Palha de Figueiredo (Belém, 9 de agosto de 1956), é uma cantora e atriz brasileira, que
começou sua carreira musical fazendo pequenas apresentações em eventos em
cidades como Bahia.
Fafá ganhou reconhecimento nacional quando, em 1975, a música "Filho da
Bahia", cantada por ela, foi introduzida na trilha sonora da telenovela Gabriela.
Biografia
Filha do advogado e
bancário Joaquim de Figueiredo (Seu Fefê) - falecido em 1997 - e de Eneida
Palha, filha de uma família de políticos da região (Dona Dê), Fafá pertencia a
uma família de classe média-alta da capital paraense e desde a infância
destacava-se nas reuniões familiares com a voz afinada. Na adolescência já
gostava de música e, em parceria com amigos, fez alguns espetáculos em bares e
casas noturnas, fugindo de casa para realizar tal fato.
Em 1973
conheceu o baiano Roberto Santana, produtor do grupo Quinteto
Violado e musical da Polygram, que a
aconselhou a investir na carreira fonográfica. Incentivada por este,
apresentou-se em alguns lugares como Rio de Janeiro, Salvador e
em Belém. Nesse mesmo ano, estreou como cantora profissional no musical Tem
muita goma no meu tacacá, que satirizou o cenário político da época. O
espetáculo, estrelado no principal teatro de Belém, o Theatro
da Paz, também contou com a participação especial do conterrâneo, o futuro
ator Cacá Carvalho. Como as cantoras de sua geração, foi
fortemente influenciada por cantores consagrados da MPB como Maysa, Roberto
Carlos, Cauby Peixoto e os grupos Jovem
Guarda e Beatles, ouvindo-os com entusiasmo, além de outros gêneros,
como jazz, música
clássica, e os grandes ídolos do rádio.
Trajetória artística
Em 1975 teve o
primeiro grande momento de sucesso com a canção Filho da Bahia (Walter
Queiroz), que estourou nas rádios. A música, gravada exclusivamente para a trilha
sonora da novela global Gabriela,
também originou um clipe no programa Fantástico,
da mesma emissora. Na mesma época lançou o primeiro compacto, que continha as
músicas Naturalmente (de Caetano
Veloso e João Donato) e Emoriô (de Gilberto
Gil e João Donato).
O primeiro disco, Tamba
Tajá, foi lançado em 1976 pela gravadora Polydor, e nos mostrou um
repertório eclético, mas essencialmente brasileiro e que trouxe à cantora ainda
muito ligada às suas raízes nortistas; no repertório, destaque, dentre outras
músicas para os forrós Haragana (Quico Castro Neves) e Xamego (Luiz
Gonzaga e Miguel Lima), as modinhas Pode
entrar (Walter Queiroz) e a faixa-título (Waldemar
Henrique) e o carimbó Este rio é minha rua (Paulo
André e Ruy Barata). O álbum, que obteve excelente aceitação de
crítica e público, arrebatou críticos como o normalmente exigente José Ramos
Tinhorão, colunista do Jornal
do Brasil, que a apontou como uma das melhores cantoras daquela geração.
O segundo
trabalho, Água, de 1977, vendeu cerca de cem mil cópias e consagrou a
cantora nacionalmente, a bordo de vários sucessos, dentre os quais a regravação
do clássico Ontem ao luar (Catulo da Paixão Cearense e Pedro
Alcântara), Raça e Sedução (ambas de autoria da dupla Milton
Nascimento e Fernando Brant), e principalmente Foi assim e Pauapixuna (ambas
dos compositores paraenses Paulo André e Ruy Barata). No ano seguinte veio Banho
de cheiro, com destaque, dentre outras, para Dentro de mim mora um anjo (Sueli Costa e Cacaso), Maria
Solidária (Milton Nascimento e Fernando Brant), eMoça do Mar (Octávio
Burnier e Ivan Wrigg). Conquistou ao longo da carreira muitos fãs, tendo como
marcas registradas a apresentação descalça e com intensas interpretações que
sempre animavam o público.
Em 1979 lançou
seu maior sucesso até hoje, a música Sob medida (Chico
Buarque). A música integrou o repertório de um dos discos considerados
melhores em sua carreira: o eclético Estrela radiante, onde se alternou
entre canções regionais e urbanas; outro grande sucesso deste disco foi a
faixa-título, de autoria de Walter Queiroz.
Década de 1980
Desde a década
de 1960, quando surgiram os especiais do Festival de Música Popular
Brasileira (TV Record), até ao final da década de 1980, a televisão
brasileira foi marcada pelo sucesso dos espetáculos transmitidos; apresentando
os novos talentos, registravam índices recordes de audiência. Fafá participou
do especial Mulher 80 (Rede Globo),
um desses momentos marcantes da televisão; o programa exibiu uma série de
entrevistas e musicais cujo tema era a mulher e a discussão do papel
feminino na sociedade de então, abordando esta temática no contexto da música
nacional e da inegável preponderância das vozes femininas, com Maria
Bethânia, Fafá de Belém, Zezé
Motta, Marina Lima, Simone, Rita Lee, Joanna, Elis Regina, Gal Costa e
as participações especiais das atrizes Regina
Duartee Narjara Turetta, que protagonizaram o seriado Malu Mulher.
Em 1980 lançou
o disco Crença, com destaque para a faixa-título (de Milton Nascimento e
Márcio Borges), as canções Sexto sentido (Beto Fogaça e Hermes
Aquino), Bicho homem (Milton Nascimento e Fernando Brant), Carrinho
de linha (Walter Queiroz), Me disseram (Joyce) e Para um
amor no Recife (Paulinho
da Viola).
Nesse mesmo
ano, mais precisamente no dia 5 de
março, nasceu na capital paulista, sua única filha, Mariana de
Figueiredo Mascarenhas, conhecida por Mariana
Belém, do namoro relâmpago que teve com o saxofonista Raul
Mascarenhas. Depois dele apareceu com outros namorados na mídia. Foi
considerada a primeira "produção independente" às claras do Brasil,
segundo alguns sexólogos e psicólogos, já que Fafá mesmo afirma que nunca quis
casar, só ter filhos.
Posou seminua
em 1981 para a extinta revista Status Plus,
em uma entrevista com Tom Jobim. No ano seguinte, do disco Essencial (faixa-título
de Joyce): Fafá se torna famosa pela interpretação de duas músicas: Bilhete (Ivan Lins e
Vitor Martins), da trilha da novela Sol
de Verão de Manoel Carlos, e Nos bailes da vida (Milton
Nascimento e Fernando Brant).
Eventos
e transferência de gravadora
No ano
seguinte transferiu-se para a independente Som Livre;
o disco que marca sua estreia na nova gravadora leva seu nome. No repertório
deste, destaque para as canções Menestrel das Alagoas (Milton
Nascimento e Fernando Brant), composta em homenagem ao senador Teotônio
Vilela, falecido naquele mesmo ano, e ainda Você em minha vida (Roberto e Erasmo
Carlos), Aconteceu você (Guilherme
Arantes) e Promessas (Tom Jobim e Newton
Mendonça). Esta última foi o tema de abertura da última novela de Janete
Clair, Eu Prometo.
Participou
ativamente do movimento Diretas-Já em
1984, cantando, num momento antológico e polêmico, o Hino Nacional Brasileiro - gravado no LP
Aprendizes da esperança, do ano seguinte; o repertório deste também incluiu as
canções Doce magia, Coração aprendiz (Ronaldo
Bastos) e um pot-pourri de lambadas (Lambadas I - Ovelha
desgarrada/ O remador/ Não chore não/ Bom barqueiro), assim como os dois discos
subsequentes - este ritmo se tornaria unanimidade no final daquela década. A
célebre interpretação diante das câmeras para uma multidão que clamava pela
redemocratização do país, foi muito contestada pela Justiça, mas
ao mesmo tempo foi ovacionada e aclamada pelo público. A
partir daí Fafá passou a ser conhecida como musa das diretas.
Valendo-se
ainda do filão engajado da pós-ditadura e feminismo, cantou, ainda que com uma
participação individual diminuta, no coro da versão brasileira de We
Are the World, o hit americano que juntou vozes e levantou fundos
para a África ou USA
for Africa. O projeto Nordeste
Já (1987) procurou angariar fundos para combater a enchente que
se abatera sobre a região, unindo 155 vozes num compacto, de criação coletiva,
com as canções Chega de mágoa e Seca d´água. Elogiado pela
competência das interpretações individuais, o compacto foi no entanto criticado
pela incapacidade de harmonizar as vozes e o enquadramento de cada uma delas no
coro.
Sucesso
e popularidade, críticas aos trabalhos
A partir de
1985, Fafá tomou um rumo em sua carreira, que foi bastante criticado pelos mais
conservadores; ela passou a incluir no repertório gêneros mais popularescos,
como sertanejo, brega e
principalmente lambada, apesar de nessa década ela ter-se consagrado como cantora
romântica, de timbre grave, forte, quente, encorpado e sedutor, e ter gravado
outros estilos, como forró, bolero e guarânia.
Alheia às críticas, ela emplacou um sucesso atrás do outro. Nesse caminho
prosseguiu com Atrevida (1986), que vendeu um milhão de cópias graças
ao sucesso da canção Memórias (Leonardo), e
trouxe também Meu homem (versão da própria Fafá para a balada
"Nobody does it better", gravada originalmente por Carly Simon) e um
samba-enredo (Rei no bagaço coisas da vida - de Osvaldo e Robertino
Garcia, com citação de Samba do jubileu de ouro). No ano seguinte veio Grandes
amores, cujo maior sucesso foi a canção Meu dilema (Michael
Sullivan e Leonardo). No ano seguinte voltou à Polygram onde
lançou o também criticado Sozinha, com destaque para Meu disfarce (Chico
Roque e Carlos Colla).
Em 1989
assinou com a gravadora BMG que lançou Fafá, que trouxe as lambadas Chorando
se foi e Conversa bonita (Chico Roque e Carlos Colla), os
sucessos românticos Nuvem de lágrimas (Paulo Debétio e Resende) e Amor
cigano (Michael Sullivan e Paulo Massadas) e ainda Coração do agreste (Moacir
Luz e Aldir Blanc); esta última integrou a trilha de Tieta, de Aguinaldo
Silva, Ana Maria Moretzsohn e Ricardo
Linhares. Dois anos depois, veio o disco Doces palavras, com destaque
para Águas passadas e Coração xonado. A versão deste em CD trouxe três
faixas-bônus, Eu daria minha vida(Martinha), A luz é minha voz e Dê
uma chance ao coração (Michael Sullivan e Paulo Massadas). Estas não
haviam entrado no LP original
por problemas de espaço.
Em 1998 sofreu
um aborto espontâneo. Estava grávida de seu
namorado, e entrou em choque ao ler em um jornal que noticiava sua gravidez,
mas o jornal se perguntava se a cantora saberia quem seria o pai da criança e
se a filha dela, Mariana, sabia que a mãe estava grávida. Ela ficou
extremamente abalada e ofendida, como seu namorado também. Um dia depois da
notícia ela passou muito mal e foi internada, e assim perdeu a criança, e mesmo
após anos, ela ainda não se recuperou totalmente dessa terrível perda.
Década de 2000 -
atualmente
Fafá de Belém
em 2007.
Na década de
2000, lançou Maria de Fátima Palha Figueiredo (2000), que trouxe
diversas canções consagradas românticas da MPB e ainda as
regravações de Meu nome é ninguém (Haroldo Barbosa e Luiz Reis - já
havia sido gravada anteriormente com Miltinho), Foi
assim e Sob medida, assim como Piano e voz (2002), na mesma
linha de Fafá ao vivo, Fafá de Belém do Pará - O Canto das águas (2003),
que trouxe um repertório essencialmente brasileiro, destacando culturas
nortistas onde todas as canções são de autoria de compositores conterrâneos
seus, sendo que algumas músicas ela já havia gravado anteriormente (Pauapixuna,
Este rio é minha rua e Bom dia Belém - espécie de hino da
capital paraense, composta Edyr Proença e Adalcinda), e Tanto mar (2004),
um tributo a Chico Buarqueque contou com a participação do próprio
na canção Fado tropical.
O trabalho
mais recente foi Fafá de Belém ao vivo (2007), que rendeu seu
primeiro DVD, e
foi lançado pela gravadora EMI - única multinacional que ainda não havia editado um
disco de Fafá. A pouco tempo aceitou o desafio de ser atriz e atuou como a
personagem Ana Luz na telenovela da Rede Record Caminhos do Coração, do autor Tiago
Santiago. Atualmente
está solteira e vai ser avó.
Em 2012, Fafá
fez parte da bancada de jurados da última temporada do programa Ídolos,
exibido na Rede Record, ao lado de Marco
Camargo e Supla. Inicialmente,
a cantora havia recusado o convite por motivo não divulgado (embora uma
sondagem para participação na telenovela Gabriela na Rede Globo tenha
sido apontada como um deles), mas depois mudou de ideia e assinou o contrato.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Faf%C3%A1_de_Bel%C3%A9m
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