Elba Maria
Nunes Ramalho (Conceição, 17 de
agosto de 1951)
é uma cantora e atriz brasileira.
Vencedora de um prêmio, ainda enquanto atriz, por sua interpretação de "O
meu amor" com Marieta Severo em 1978.[2] Recebeu
da Associação de Críticos de Arte de São Paulo prêmio de "Melhor Show do
Ano", em duas ocasiões: em 1989 pelo show Popular Brasileira e
em 1996 pelo show Leão do Norte.[2]Sua primeira
experiência musical veio em 1968, tocando bateria no conjunto feminino "As Brasas".
Posteriormente, o grupo se transformou de musical para teatral. Contudo, Elba
continuou a cantar e a participar de festivais pelo Nordeste brasileiro. Em 1979, lançou seu
primeiro álbum, "Ave de Prata".[2] Em
2009, Elba fez 30 anos de carreira e celebrou os mais de 6 milhões de discos
vendidos.
É bicampeã do Grammy
Latino, pelos álbuns: Qual o Assunto Que Mais Lhe
Interessa?, lançado em 2008 e Balaio
de Amor, 2009,
na categoria Melhor Álbum de Raízes Brasileiras: Regional e Tropical.
Elba nasceu na Paraíba, na
zona rural de Conceição, mais conhecida como Conceição
do Vale do Piancó. Em 1962, a família se mudou para a cidade de Campina
Grande, também na Paraíba. O pai se tornou proprietário do cinema local.
Filha de músico, despertou o interesse pela mesma ainda na adolescência.
Elba fez um aborto em sua
primeira gravidez, em 1973, e se diz arrependida. Revelou à Revista
Veja em 1997 que não tomaria essa atitude novamente mesmo se não
quisesse o filho.[3]
No meado dos anos 80 casou-se
no Rio de Janeiro com o ator e cantor Maurício
Mattar, com quem teve um filho, Luã, nascido aos 8 meses de gestação, em 24 de junho de 1987, na clínica Santa
Clara, em Campina Grande, na noite de Festa de São João, em
que Elba cantou para uma multidão de pessoas, junto com Luiz
Gonzaga e Dominguinhos.[4].
O médico
responsável pelo parto normal de Elba foi o Dr. João Figueiredo do
Amaral. Após o nascimento de Luã, e o término das festas juninas, Elba foi se apresentar na Europa e
depois voltou ao Rio com Maurício e o filho. O casal divorciou-se alguns anos
depois.[5]
Foi casada com
o modelo Gaetano Lopes, 25 anos mais novo, de 1996 a 2008. Eles foram
apresentados por um amigo em comum, Sérgio Matos, em 1996, e em menos de dois
meses terminaram seus outros relacionamentos e foram
morar juntos.[6]
Casaram-se no
civil em 2003 e
em 2008 Elba, por ser bem católica, realizou o sonho de casar-se vestida de
noiva, com as bênçãos de um padre: casaram-se no religioso, na Igreja São
Batista, em Trancoso,
na Bahia.[7]
Oito meses
após o casamento religioso, Elba e Gaetano se divorciaram.[8]
Elba e Gaetano
têm duas filhas: Maria Clara, adotada em 2002, e Maria
Esperança, adotada em 2007. Elba, apesar de já ter filho biológico, sempre teve o
sonho de adotar; Gaetano era estéril, e também queria ser pai.[9]
Já divorciada
de Gaetano, Elba adotou outra menina, Maria Paula, em 2008. Ela já conhecia a
família da menina antes da criança nascer. O processo de adoção foi mais
difícil, mas ela conseguiu dar mais uma irmã a suas outras Marias.[10] Após o
divórcio começou a namorar o sanfoneiro Cezinha, 33 anos mais novo.[11]. O
relacionamento durou até 2010.[12]
Após terminar
com Cezinha, começou a namorar o modelo de Caruaru, 35 anos
mais novo, Benilson Júnior. O relacionamento durou até 2012.[carece de fontes] Em 1996,
recebeu o prêmio de Melhor show do Ano, pela Associação de Críticos
de Arte de São Paulo.[2] Em 2008, Elba comemorou
trinta anos de carreira, contabilizando mais de seis milhões de cópias vendidas
dos trabalhos. É bicampeã do
prêmio Grammy Latino, pelos discos: Qual o Assunto Que mais Lhe
Interessa?, lançado em 2007 e Balaio
de Amor, lançado em maio de 2009, na categoria Melhor Álbum de Raízes Brasileiras -
Regional e Tropical.
Em 1966, participou,
pela primeira vez, de uma apresentação no palco, no Coral da Fundação Artística
e Cultural Manuel Bandeira, do qual fazia parte, com "Evocação do
Recife". Os Corais Falados Manuel Bandeira e Cecília Meireles ganharam
fama e passaram a ser vistos por todo o Nordeste, com destaque para as
apresentações da futura cantora. Protagonizou as montagens poéticas de Castro
Alves, Thiago de Mello, Lindolfo Bell, Carlos Pena Filho e Figueiredo Agra.
Participou das montagens das peças "Ministro do Supremo" e "Diálogo
das Carmelitas".[13] Em 1968,
enquanto cursava a faculdade de Economia e Sociologia na Universidade Federal da Paraíba,
formou o conjunto As Brasas, no qual atuou como baterista,
que posteriormente se transformou em grupo
teatral. Contudo, Elba não deixou de cantar, e se apresentou em diversos
festivais pelo Nordeste.[2]
Em 1974, Elba
mudou-se para o sudeste do país, mas precisamente a Cidade do Rio de Janeiro, para ter mais
destaque na carreira, a pedido de Roberto Santana, produtor de Chico
Buarque e Caetano Veloso, chegando ao Rio com o grupo Quinteto
Violado,[2] para
apresentar como crooner durante uma temporada na cidade. No mesmo ano,
participou da peça Viva o Cordão Encarnado, em parceria com o grupo
teatral Chegança, de Luís Mendonça, sendo aclamada pela crítica por conta
da hiperatividade no palco, o que se tornaria a principal característica.
Elba fez a
primeira apresentação nos palcos, juntamente com o coral da Fundação
Artística e Cultural Manuel Bandeira.
Negou-se a
voltar para o Nordeste, onde abandonou o curso universitário e, na capital
fluminense, se estabeleceu como atriz teatral,
sempre interpretando papéis ligados à música.[2] Sem
qualquer apoio ou recurso financeiro, passou a frequentar o Baixo Leblon, onde
conheceu artistas como Alceu
Valença e Carlos Vereza. Em 1977, atuou no filme Morte e Vida Severina, inspirado na obra homônima do autor pernambucano João Cabral de Melo Neto. No ano seguinte
pertenceu ao elenco da peça de Chico
Buarque, Ópera do Malandro, dirigida por Luís Antônio
Martinês Correia, na qual interpretou a prostituta Lúcia. Ainda enquanto atriz,
foi vencedora de um prêmio pela interpretação da canção O meu amor, com a
atriz Marieta Severo.[14]
A peça Ópera
do Malandro foi lançada numa época em que a poética de Chico Buarque
estava "afiadíssima". Elba Ramalho foi presença de grande destaque, o
que impulsionou a carreira de atriz e cantora. Diante disso, Chico Buarque
inseriu uma gravação O Meu Amor, interpretada por Elba e pela então esposa
Marieta Severo, para o disco auto-intitulado, lançado em 1978, e também no álbum
duplo da peça, lançado no ano seguinte. A canção foi um grande sucesso, e por
isso mesmo, mereceu também um dueto das cantoras Alcione e Maria
Bethânia no antológico álbum Álibi, da última, lançado naquele
mesmo ano de 1978.
Elba investiu
na carreira de cantora e gravou o primeiro álbum, lançado pela extinta CBS (atualmente Sony Music)
— numa época em que a gravadora investiu muito em artistas nordestinos —, em 1979, intitulado Ave de
Prata, com destaque para a faixa-título e as canções Canta coração e Não
sonho mais, esta última composta por Chico Buarque para a trilha
sonora do filme A República dos Assassinos. O trabalho
contou com diversas participações especiais de músicos e compositores
consagrados, casos de Dominguinhos, Zé
Ramalho, Geraldo Azevedo, Novelli, Vinícius Cantuária, Sivuca, Robertinho de Recife, Nivaldo
Ornelas e Jackson do Pandeiro — parcerias que
perduram até os dias atuais.
A partir de
então, o sucesso apareceu de forma gradual, embora ela própria considere que o
teatro esteja presente em todos os espetáculos, sendo o grande responsável pela
força cênica peculiar. As apresentações também obtiveram relevante sucesso em
teatros internacionais, como o Olympia de Paris, o Blue
Note de Nova Iorque, o Brixton
Academy, de Londres e o Festival de Montreux, na Suíça. O
repertório se manteve eclético durante todo esse tempo, trazendo canções
típicas do nordeste brasileiro, baladas românticas, rocks, sambas e até o blues
norte-americano.
Em 1980 gravou o
segundo LP, Capim do vale, que trouxe canções
de compositores nordestinos antigos e contemporâneos, apresentando um
repertório regional, com destaque para a faixa-título e as canções Banquete
dos signos, Porto da saudade, Caldeirão dos mitos e Veja
(Margarida), e fez a primeira turnê internacional, na África. No ano
seguinte, lançou o disco Elba, o último para a gravadora CBS,
com arranjos de Miguel Cidras e José Américo Bastos, que não obteve maior
repercussão; destaque para as canções Temporal e Cajuína, e duas
faixas somente de voz e violão — O
pedido e Eu queria. No mesmo ano, em 4 de julho,
apresentou-se no Festival de Montreux, na já tradicional noite brasileira.
O show foi gravado e, em seguida, trechos da apresentação foram incluídos no
álbum coletivo Brazil Night Montreux 81, (que também tinha trechos dos
shows dos cantores Toquinho e Moraes
Moreira). Lançado pela gravadora Ariola, contém as músicas Baião, Tudo
azul e a primeira gravação — ao vivo — deBate coração, xote que a colocou
definitivamente em evidência. Por não ser um disco de carreira e devido ao
grande sucesso, Elba regravou a música em estúdio e
a incluiu no trabalho do ano seguinte.
Em 1982 transferiu-se
para a extinta gravadora Ariola/Barclay (atualmente Universal
Music), marcando o início da fase de maior popularidade na carreira,
disputando a parada de sucessos daquele ano com outras cantoras como Gal Costa, Simone, Rita Lee, Beth
Carvalho, Baby Consuelo, Amelinha e Clara Nunes.
O trabalho que marca a estreia nessa gravadora — Alegria, produzido por
Aramis Barros com direção artística de Mazzola —,
vendeu mais de 300 mil cópias, lhe rendendo o primeiro disco de ouro,
emplacando nas paradas de sucesso os forrós Bate
coração, Amor com café (ambos de Cecéu) e No som da sanfona, de
autoria de Jackson do Pandeiro, que também tocou pandeiro na
faixa e viria a falecer em 10 de julho daquele
ano; também se apresentou na Suíça, Portugal, Israel e ainda
participou da série Grandes Nomes (TV Globo), ao
lado de Alceu Valença. Sobre a escolha de Bate coração, lançada por Marinês no
ano anterior, Elba comenta: Um primo meu, médico, o Ari Viana, pesquisava
muito as músicas da Marinês, que era meu ídolo, e me mandava para eu ouvir.
Numa dessas, esbarrei com o Bate coração e resolvi cantar.
O álbum também
trouxe arranjos do maestro José Américo Bastos e canções de Lula Queiroga (Essa
alegria — Caboclinhos), Alceu
Valença (Chego já), Vital
Farias (Sete cantigas para voar, com arranjo e violão do
próprio) e Geraldo Azevedo (Menina do lido, gravada em dueto
com o autor). A partir deste álbum, que lhe garantiu seus primeiros discos
de ouro e platina, o sotaque estava menos carregado, ao contrário dos
três primeiros discos. Em seguida, houve o espetáculo homônimo, o primeiro que
foi muito elogiado pela imprensa, pois rompeu com a estética do rústico e do
sombrio que norteava as apresentações de muitos de seus conterrâneos na música
brasileira; neste, já havia um cenário de figurinos exuberantes, combinações de
luzes e cores e o clima festivo das ruas nordestinas. Sobre o espetáculo, Elba
declarou: Mostro meu lado teatral desde o meu primeiro show, Ave de prata,
mas o Alegria foi a afirmação disso. Foi meu primeiro espetáculo muito elogiado
pela imprensa. Trata-se também de um show com efeitos teatrais, com Elba
interpretando personagens que havia feito anos antes em peças de teatro, como Mateus
e Catarina. No repertório deste, destaque para a canção Deixa escorrer, de
Caetano Veloso sobre poema de Mayawowski, que a censura vetara a inclusão no LP.
Em 1983 lança o
elogiadíssimo álbum Coração Brasileiro, que contou com a produção de
Mazzola e arranjos de Lincoln
Olivetti (Banho de cheiro e Vida e carnaval), Luiz
Avellar (Toque de fole e Batida de trem), César Camargo Mariano (Ave cigana, Canção
da despedida e A volta dos trovões), Francis
Hime (Se eu fosse o teu patrão), o grupo A Cor do
Som (Chororô), Severo (Roendo unha) e Zé Américo (Ai que saudade d'ocê).
Os maiores
êxitos do repertório foram as canções: Banho de cheiro (frevo de
Carlos Fernando e faixa de abertura do álbum), o xaxado Toque de fole (Bastinho
Calixto e Ana Paula) — primeira faixa a estourar nas rádios —, a toada Canção
da despedida (parceria bissexta de Geraldo Azevedo e Geraldo
Vandré, censurada durante a ditadura militar) e o xote Ai que saudade
d'ocê (Vital Farias). O disco contou com as participações especiais de Chico
Buarque, os grupos Céu da
Boca e Roupa Nova, e o guitarrista Robertinho
de Recife nas faixas Se eu fosse o teu patrão — composta por Chico
para a peçaA Ópera do Malandro —, A volta dos trovões (Bráulio
Tavares e Fuba) e Vida e carnaval (Moraes Moreira e Aroldo),
respectivamente. Na faixa Toque de fole inclusive, contou com a
participação especial dos sanfoneiros Sivuca, Severo e Zé
Américo. A faixa-título, de autoria do mineiro Celso
Adolfo, aparecia apenas como uma vinheta de 15 segundos; apesar de constar
no encarte com a letra completa, somente os primeiros versos eram cantados, à
capela: No meu coração brasileiro / Plantei um terreiro / Colhi um caminho
/ Armei arapuca / Fui pra tocaia / Fui guerrear.
O trabalho
consagrou definitivamente a cantora e conquistou discos de ouro e platina, e
originou o espetáculo homônimo aclamado pela crítica especializada, realizado
na casa carioca de espetáculosCanecão, bateu pela primeira vez os recordes de
público ali registrados nos shows de Roberto
Carlos; foram 97 mil pessoas em dez semanas, traduzidas em 44
apresentações, com ingressos esgotados duas semanas antes do término da
temporada. Elba foi capa da Veja na
edição de 30 de novembro, sendo considerada pela revista a
maior estrela da música brasileira em 1983, cuja manchete de capa eraO brilho
da estrela, que dizia: Depois do sucesso no Canecão e da semana de seu
especial na TV Globo, Elba Ramalho se reafirma como figura única no mundo do
espetáculo. A cantora foi também tema do especial de fim de ano da Rede Globo,
exibido na sexta-feira, 2 de
dezembro de 1983.
Em relação às
fotos teatrais da contracapa, foi uma ideia do diretor Naum Alves de Souza, de
rebobinar personagens que Elba havia interpretado em espetáculos ao longo da
carreira; o anjinho e o leque da capa, presentes da amiga Marieta
Severo, que por sinal lhe apresentou ao diretor. No ano seguinte, a Polygram alemã
decidiu que seria o primeiro trabalho solo de um artista brasileiro a ser
lançado internacionalmente em CD - três anos antes de o formato
começar a ser comercializado no Brasil com artistas nacionais, por meio da
série Personalidade.
Prosseguiu com
o álbum Do jeito que a gente gosta (1984), produzido por
Mazzola e lançado num momento em que a cantora estava no auge do sucesso. O
repertório deste, escolhido a quatro mãos com o produtor, apresentou grande
versatilidade de ritmos, com destaque para dois forrós nordestinos, puxados a sanfona e zabumba: a
faixa-título (Severo e Jaguar) e Forró do poeirão (Cecéu); da cultura
pernambucana, dois frevos — Moreno de ouro (Carlos Fernando e Geraldo
Amaral) e Energia (Lula Queiroga) — e um maracatu (Toque
de amor de João Lira e José Rocha); baladas românticas, comoCalmaria (do
maestro Zé Américo, com Salgado Maranhão) e Amor eterno (de Tadeu
Mathias e Ana Amélia, inspirada em um soneto de Shakespeare)
— que integrou a trilha sonora da novela global Livre
para Voar, de Walther
Negrão —, uma toada mineira, a faixa de abertura Azedo e mascavo (Celso
Adolfo) e, encerrando o disco em tom de protesto, a provocativa Nordeste
Independente (Imagine o Brasil)(Bráulio Tavares e Ivanildo Vilanova), gravada
ao vivo no espetáculo inspirado no trabalho anterior, e um dos momentos de
maior sucesso do espetáculo, mas que não havia entrado no disco Coração
brasileiro. Esta canção teve a execução pública proibida à época de lançamento
do disco, e o LP foi vendido com um lacre vermelho, escrito que era
proibida a radiodifusão dessa música. Elba comenta: Foi um fato que chamou
a atenção, pois eu estava no auge e aquilo causou muita notícia e curiosidade
do público. Os arranjos ficaram a cargo de José Américo Bastos, César Camargo
Mariano (Azedo e mascavo e Amor eterno) e Lincoln Olivetti (nos
frevos).
O trabalho
seguinte, Fogo na mistura (1985) — produzido por Mazzola e o último da fase de maior
popularidade da carreira — nasceu num período de efervescência política no
Brasil, graças à campanha pelas Diretas
Já, processo iniciado no ano anterior, e que atingiu o clímax quando Tancredo
Neves foi eleito para presidente no Colégio Eleitoral. Elba se
engajou nessa campanha e participou de diversos atos em prol da liberdade
política e artística. Isto se reflete em letras politizadas como a da
faixa-título e o frevo Pátria
amada, a faixa de encerramento, que integrou a trilha sonora do filme homônimo
deTizuka
Yamazaki. Sobre essa época, Elba revelou em entrevista a Rodrigo Faour: Tive
uma vivência política quando era universitária. Fui presidente do diretório de
estudantes, depois vivi bem de perto o final da ditadura, vi 'amigos sumindo
assim', como dizem os versos de Gilberto Gil. Em meu trabalho, independente de
ideologia — nunca gostei nem de comunistas —, sempre tive uma preocupação em
tocar na questão social. Acho importante. Por isso, também participei da
campanha das eleições diretas e cheguei a ser amiga de Tancredo Neves.
Depois de uma
turnê a Cuba, e
influenciada por cantores como Silvio Rodrigues e Pablo
Milanés — chegou a fazer a apresentação de um disco que este último
lançou naquele mesmo ano em solo brasileiro —, três faixas deste álbum foram
gravadas em Miami com arranjos e
execução de músicos cubanos residentes ali: a faixa-título, de Tunai e Sérgio
Natureza — que aparece na abertura do LP —, mas a temática
caribenha apareceu com maior intensidade nas faixas Como se fosse a
primavera (Canción) (versão de Chico Buarque para tema de Pablo Milanés
com Batista Nicolas Guillen, gravada por Chico no ano anterior) e No
caminho de Cuba (Jaime Alem, atualmente maestro da cantora Maria
Bethânia, mas que à época pertencia à banda de Elba), se revelando também
nas temáticas e mesmo no gênero rítmico, com uma acentuada latinidade; ao longo
da carreira, Elba voltaria várias vezes à estética musical caribenha — em
números dos discos seguintes, como Remexer, Elba e Popular
brasileira, e principalmente em 1993 quando gravou o álbum Devora-me totalmente
voltado para esta sonoridade.
Além disso, o
álbum trouxe um forró (Mexe mexe funga funga, de Severo e Jaguar) — primeira
faixa de trabalho —, samba de pegada pop (Anjo do prazer,
de Tadeu Mathias e Jaguar) e fusões rítmicas (Sambaiãozar, de Pinto
do Acordeon). Mas também trouxe o maior sucesso da carreira até hoje, a
toada romântica De volta pro aconchego (de Dominguinhos e
Nando Cordel). A música foi popularizada devido à sua inclusão na trilha da
novela global Roque Santeiro de Dias Gomes —
censurada havia dez anos e somente liberada em 1985, trazendo no elenco atores
veteranos e novatos, contando com uma audiência maciça, e poucas vezes vista na
televisão brasileira.
A música
chegou às mãos da cantora no ritmo do baião; foi dela
a ideia de romantizar o tema, ganhando arranjo de Dori Caymmi.
Curiosidade: o cantor e compositor Caetano
Veloso homenageou essa interpretação da cantora na música Pra
ninguém, gravada por ele em 1997 no álbum Livro, em que homenageia e cita suas
interpretações preferidas; quando chega na vez de Elba, é dito: Elba
cantando De volta pro aconchego.
No ano seguinte, veio o
álbum Remexer, o último a ser produzido por Mazzola, simulando uma
incursão por novos ritmos e tendências. O arranjo da faixa-título de abertura,
de Luiz
Caldas e Carlinhos Brown, evoca a lambada que
dois anos depois, estouraria no Brasil; o repertório explorou
uma variedade de ritmos, sons e os tons agudos, passando por João
Bosco (Odilê odilá, com participação especial do próprio, que escreveu
a música em parceria com Martinho
da Vila), baladas românticas (Sonho de uma noite de verão e Chorando
e cantando - esta última, bastante executada no Nordeste,
também lhe rendeu um clipe para o programa global Fantástico,
juntamente com o ator e cantor Maurício
Mattar), o compositor Cazuza (Só se for a dois), forró (Forró temperado e Neném
mulher - cujo trecho da gravação foi mostrado no programa Globo
Repórter da Rede Globo, onde Elba era tida naquele ano como a
cantora mais popular do país), a faixa Boca do balão e dois frevos de
encerramento - Caia na real de Carlos Fernando (as duas últimas, com
arranjo e teclados de
Lincoln Olivetti), e o engajado Sai da frente, de Gonzaguinha,
que marca o fim da ditadura militar no Brasil, marcando
conquistas políticas e culturais do povo brasileiro. Detalhe curioso: pouco
antes do lançamento, a gravadora lançou um single contendo a faixa Boca
do balão, com duas versões, uma das quais era remixada - no lado B
Já o disco Elba (1987) trouxe, dentre
outras, as músicas Folia brasileira - forró que rendeu um clipe para
o programa global Fantástico -, baladas românticas (Vem ficar comigo, Lembrando
você e Corcel na tempestade) e Da mesa para a cama.
O trabalho Fruto de 1988 trouxe a
canção dedicada ao filho Luã, nascido no ano anterior (25 de junho),
a faixa de encerramento do álbum, de autoria de Maurício Mattar e Geraldo
Azevedo, e também Palavra de mulher - composta por Chico Buarque em
1985 para a peça A Ópera do Malandro, gravada por Elba no disco da peça,
sendo a mesma versão -, Estrela grande e a faixa de abertura Doida,
de Nando Cordel, gravada no estilo da lambada. No álbum Popular brasileira (1989), lançado no
primeiro semestre daquele ano, gravou duas canções de Nando
Cordel - no caso, o forró Jogo de cintura, a faixa de abertura e
a lambada Vê estrelas -, além da faixa-título e a música A roda
do tempo e as fotos são de Lívio Campos, feitas na mesma praia onde Elba
fez o ensaio para a revista masculina Playboy em fevereiro de 1989. O
espetáculo calcado na divulgação deste disco acabou por originar o primeiro
álbum ao vivo, Elba ao vivo (gravado no Palace), trazendo os
melhores momentos do espetáculo, em meio a turnês pela Europa e EUA, com repertório e
arranjos um pouco menos regionais, cujo maior hit pega carona na
moda das lambadas, Ouro puro, que foi inserida na trilha sonora da novela Rainha
da Sucata de Sílvio de Abreu. A música, que foi bem executada,
originou um clipe para o programa Fantástico, juntamente com o dançarino Carlinhos de Jesus na avenida Rio
Branco, no Rio de Janeiro. Em fevereiro de 1989, aos 37 anos,
fez um ensaio comedido para a revista Playboy.
Em 1991 lançou o
álbum Felicidade urgente, que contou com a produção de Nelson
Motta, arranjos do maestro e pianista Eduardo Souto Neto e as participações
especiais de Lulu Santos na faixa Vida,Cláudio
Zoli na faixa-título, Djavan em Ventos
do norte, Sandra de Sá na música Maré dendê e Oswaldinho do Acordeon na faixa de
encerramento - a célebre La
vie en rose, gravada originalmente pela cantora francesa Edith Piaf;
o trabalho misturou canções inéditas e regravações (Vida, Morena
de Angola, Pisa na fulô, É d'Oxum e La vie en rose); no ano seguinte foi a
vez de Encanto, produzido pela própria cantora, cujo repertório mostrou um
bom equilíbrio entre forrós e canções românticas e contou com a participação
especial de Margareth Menezes na faixa Cidadão.
Em 1993 o disco Devora-me simulou
uma incursão pela sonoridade latina, tendo sido gravado em Porto Rico e
produzido por Glenn Monroig; em entrevistas da época, Elba declarou que apesar
de ter nascido em solo brasileiro, Elba tinha a intenção de ampliar sua música
para outros públicos na América
do Sul. O maior sucesso do álbum foi a faixa de encerramento Coração
da gente, tema de abertura da novela da Rede Globo Tropicaliente,
de Walther Negrão. A versão internacional deste
trabalho trouxe uma faixa-bônus - no caso, a referida faixa Coração da
gente vertida para o espanhol, mas trouxe também versões de canções caribenhas (Cora
coração, Devora-me outra vez, Força interior e Desesperada).
Anteriormente a esse trabalho, no mesmo ano foi lançada a coletânea O
Grande Forró de Elba Ramalho, uma seleção de canções pertencentes a discos
anteriores da cantora, com duas faixas inéditas: Chegadinho e Eu
quero meu amor - esta última também fez parte do repertório de Devora-me e
da trilha sonora da novela global Renascer, de Benedito Ruy Barbosa.
O trabalho que
marca a saída da gravadora Polygram é Paisagem (1995), cujo maior
destaque foi a regravação de Paisagem na janela, que integrou a trilha
sonora do remake da novela Irmãos Coragem. Desde
então é tida como uma das principais intérpretes da música brasileira, com
expressivas vendagens, graças à presença de palco e voz inconfundível. Na
[[festa junina|festa de São João]], realizada anualmente em Campina
Grande, a presença de Elba já é tradicional, como o show mais esperado.
Em 1996, lança o elogiado
e bem-sucedido CD Leão do Norte, que marcou a estreia na gravadora BMG e vendeu mais de
300 mil cópias, exaltando a cultura nordestina e pernambucana (com a
faixa-título de Lenine e Paulo César Pinheiro). O espetáculo homônimo
foi dirigido por Jorge Fernando e obteve relevante sucesso no
Brasil inteiro, arrematando o prêmio de Melhor show do ano, pela Associação de Críticos de
Arte de São Paulo e também originou um VHS contendo os
melhores momentos do espetáculo. Naquele mesmo ano, excursiona com o espetáculo O
grande encontro, juntamente com Alceu
Valença, Zé Ramalho e Geraldo
Azevedo. O primeiro disco da trilogia vende mais de um milhão de cópias,
trazendo clássicos da MPB e da música nordestina.
Em 1997 chegou às
lojas o disco Baioque, composto basicamente de regravações de músicas
urbanas de autores nordestinos, como Raul Seixas (S.
O. S.), Belchior (Paralelas), Ednardo (Pavão
misterioso), Zé Ramalho (Vila do sossego), Caetano
Veloso (Os argonautas), Gilberto
Gil (Vamos fugir), Lenine (Relampiano), Alceu Valença (Ciranda da rosa
vermelha), dentre outros; assim como o trabalho anterior, este também foi
produzido pelo músicos Robertinho do Recife que também foi
responsável por alguns arranjos e regência. O espetáculo bisou a parceria com
Jorge Fernando e o sucesso do espetáculo baseado no disco anterior e a reedição
deste CD trouxe a faixa-bônus Paris, que não
constava da versão original. Graças ao sucesso do projeto O grande
encontro, foi lançado um segundo volume do álbum, mas desta vez só não contou
com a participação de Alceu Valença, além de excursionar pelo Brasil inteiro; o
repertório deste trouxe sucessos dos três artistas.
Em 1998 lança o CD Flor
da Paraíba, o último da trilogia produzida por Robertinho de Recife, trazendo
algumas regravações e canções inéditas de compositores nordestinos, priorizando
canções no estilo do forró. O título do álbum é inspirado em uma dedicatória feita,
há muitos anos, pelo cantor e compositor Caetano Veloso, quando a cantora
acabara de chegar ao Rio de Janeiro para despontar no meio musical.
Em 1999, Elba Ramalho
comemorou vinte anos de carreira com o álbum duplo Solar, sendo um gravado
ao vivo, durante os festejos juninos na Concha Acústica do Teatro Castro
Alves, em Salvador, e outro em estúdio, com arranjos do pianista Wagner Tiso (Canção
da despedida e Imaculada) e do violoncelista Jaques Morelenbaum (Palavra de mulher). O
repertório trouxe regravações dos antigos sucessos entre outros clássicos e
canções inéditas.
O disco contou
com as participações especiais de Chico Buarque (Não sonho mais, o sucesso
inicial), o primo Zé Ramalho (Ave de prata), Lenine (Nó
Cego), Nana Caymmi (Imaculada), Geraldo Azevedo (Kukukaya), Margareth
Menezes (Quem é muito querido a mim), Dominguinhos (Retrato
da vida), Renata Arruda (Sete cantigas para voar) e Alceu
Valença (na inédita Trem das ilusões) - todas do primeiroCD, gravado em estúdio; já
o segundo CD contou com a participação especial de Jerônimo na faixa É
D'Oxum. Em seguida ao lançamento do CD, Elba segue em turnê para a Europa, passando
por festivais de diversos países, entre eles em Portugal, Itália, Alemanha, Suíça e França.
Em 2000 a cantora se
reencontrou com os parceiros Geraldo Azevedo e Zé Ramalho para gravar o CD e DVD O grande
encontro III – Ao vivo, no Rio de Janeiro, e contou com as
participações especiais de Lenine, Belchior e Moraes
Moreira.
Em seguida,
seguiu com Geraldo Azevedo para Los Angeles - EUA, onde gravaram um
disco ao vivo, destinado ao mercado norte-americano. No repertório estão
músicas que fizeram sucesso na voz dos dois artistas. Retornando ao Brasil,
Elba recebeu o convite para participar do evento Rock
In Rio III, juntamente com Zé Ramalho. Elba também é a única artista
brasileira a participar de todas as edições doRock In Rio no Brasil.
No ano seguinte, lançou o
álbum Cirandeira, contendo forrós, xotes e baiões; o
trabalho contou com as participações especiais de Lenine (na faixa-título de
abertura), Geraldo Azevedo (nas canções Se eu tivesse asa e Estrela
soberana, esta última, além de ser a faixa de encerramento, é também uma
homenagem a Nossa Senhora) e Zeca Baleiro (nas
músicas Alma nua e Sem ganzá não é coco), e trouxe duas
regravações: a clássica Patativa (Vicente
Celestino) e a pouco conhecida Forró de Surubim, de Antônio Barros,
mas a primeira música de trabalho foi a romântica Entre o céu e o mar, que
integrou a trilha sonora da novela Porto dos Milagres, de Aguinaldo
Silva
.
No álbum Elba
canta Luís (2002)
homenageou Luís Gonzaga, O Rei do Baião, compositor do qual
recebeu grande influência e que já havia gravado canções no trabalhos
anteriores. Luís foi o principal nome responsável pela popularização dos
gêneros nordestinos no eixo Rio-São Paulo. O álbum, que trouxe canções
consagradas e pouco conhecidas do Mestre Lua, contou com as participações
especiais deDominguinhos (Canta Luís), Fubá de Taperoá e Dió
Araújo (Calango da Lacraia) e Zeca
Pagodinho (O Xamego da Guiomar), e também originou um espetáculo
calcado na divulgação deste, do qual saiu um CD ao vivo e um DVD,
ambos gravados no Rio de Janeiro - Elba ao vivo (2003) que também trouxe
o clássico Luar do Sertão, de João
Pernambuco e Catulo da Paixão Cearense. O trabalho que
marca a saída da gravadora BMG é Baião de dois (2005), gravado com
Dominguinhos e priorizando canções deste, além de músicas do grupo Falamansa (Chama)
e Zezum (Onde está você).
De maneira
independente, lançou em 2007 o elogiado CD Qual o assunto que mais lhe
interessa? que contou com a produção de Lula, Yuri e Tostão
Queiroga. O CD coloca em discussão temas que ocupam os noticiários e questionam
a contemporaneidade; dos nordestinos habituais - frevo, boi maranhense,
ciranda, xote - ao samba. O álbum lhe valeu o prêmio Grammy Latino em 2008 na categoriaregional
contemporâneo e inspirou o DVD Raízes e antenas, lançado no mesmo
ano, um misto de documentário e registro ao vivo.
O ano de 2009 marca as três
décadas de carreira, com o mais recente álbum Balaio de amor, lançado pela
gravadora independente Biscoito Fino, cujo repertório é composto por baladas
românticas com canções da nova safra de compositores nordestinos. No mesmo ano,
os CDs antigos - LPs originais que haviam sido relançados anteriormente em CD -
da fase de maior popularidade da carreira, Alegria,Coração brasileiro, Do
jeito que a gente gosta e Fogo na mistura (lançados entre 1982 e 1985), que estavam fora
de catálogo há muito tempo, voltaram às lojas, com capas, contracapas e
encartes originais completos - na reedição anterior ele havia sido suprimido ou
reduzido -, letras de todas as músicas, nova remasterização e texto interno com
a história do álbum no encarte, redigido pelo jornalista e crítico musical
Rodrigo Faour, que também idealizou a coleção. O mesmo aconteceu em 2010 com o álbum Elba (1981), na série Caçadores
de música da Sony Music, o único que ainda permanecia inédito no
formato digital.
Em 2001 um jornalista
da revista Veja afirmou em uma matéria que Elba tinha dito em um congresso de ufologia em Curitiba que
havia sido chipada por extraterrestres.
A afirmação rendeu um processo por danos morais contra a revista, mas o
veredito anunciado em 2006 não deu ganho à cantora.[15]
Em sua versão
em CD, o álbum Elba
ao vivo, de 1990,
trouxe duas músicas a mais — no caso, Tango de Nanci (Chico
Buarque) e o pot-pourri Nordeste independente / Asa branca. Isto
também ocorreu com os álbuns Encanto (1992), com a
faixa-bônus Eu vou te amar, e Paisagem (1995) — este, o último
a ter versão em vinil, com uma música a menos, que é Eu quero é botar meu
bloco na rua (Forró/frevo). Estas não haviam entrado nos respectivos LP originais por
limitação de espaço.
O DVD O
Grande Encontro 3 trouxe três músicas a mais em relação à edição em CD;
são elas: Barcarola do São Francisco, Canção agalopada e A
vida do viajante.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Elba_Ramalho
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