CONHEÇA UM POUCO SOBRE EDY LEMOS
Por Higo Lima
Para a Revista Domingo
Ele é daqueles que parece não ter
nascido para ser pequeno. Começou a adolescência saltando de calouro para
principal atração do Festival A Mais Bela Voz, ainda em Mossoró. Daqui ele
passou por Recife, quando as portas para os grandes palcos se abriram. Fez TV e
logo se transformou no mossoroense mais visto na mídia nacional. Mas isso ainda
não era o suficiente na carreira de Edmilson Lemos, que despontou no outro lado
do Atlântico como Edy Lemos. Com uma presença de palco performática e notas
altas, ele levou seu nome a mais de 100 países e, com a música “Conceição, nome
de Santa”, vendeu mais de 80 mil cópias só em Portugal.
Fez amizades com grandes nomes da
música nacional e mundial; se apresentou em grandes casas de shows, mas ele
quer mais: “quero que as novas gerações da minha cidade me conheçam. Quero me
apresentar em Mossoró”.
DOMINGO – Dentro do Festival a
Mais Bela Voz, você foi de calouro à principal atração. Como foi esse início da
sua carreira?
Edy Lemos – Ganhei o concurso A Mais Bela Voz em 1979, à época eu tinha apenas 12 anos de idade, incentivado pelo padre Américo Simonetti, que tinha muito carinho por mim. Interpretei a canção “Solidão de Amigos”, uma música linda de Jessé. A participação fez muito sucesso e, de candidato, passei a ser uma atração do Festival, indo fazer participação em todas as cidades onde tinham as eliminatórias.
O FESTIVAL foi decisivo na sua escolha de ser cantor?
A MINHA mãe sempre teve muito cuidado em nos educar com um bom Português e dicção. Na verdade, eu realizei um grande sonho dela que era o canto. Mas o festival foi muito importante sim. Devido meu talento e atenção do saudoso padre Américo, consegui uma bolsa de estudos no Colégio Diocesano, depois ingressei nos quadros da Marinha para exercer a função de datilógrafo. Cheguei ao posto de 1º cabo. Nunca quis seguir a carreira nas Forças Armadas, embora meus colegas sempre me incentivassem a seguir a carreira do canto dentro da Marinha.
...E POR que não seguiu?
AH, não! Queria um canto livre, mais autonomia para a minha arte e isso eu não iria ter dentro da Marinha porque não iria poder fazer tudo o que eu quisesse.
ENTÃO, quando resolveu sair da Marinha e seguir carreira?
TIVE coragem e tomei a decisão de sair. Um dia, no Recife/PE, eu conheci Ângela Maria e Calby Peixoto, conversamos muito e ela me convidou para fazer backing vocal numa das casas de shows mais famosas da capital pernambucana, à época. Era um espaço para grandes nomes da música brasileira e, claro, eu aceitei.
ALI foi onde você despontou na música?
ACREDITO que sim. No Recife eu comecei a ter contato com grandes nomes da nossa música. De lá, em 1983, eu fui para o Rio de Janeiro e nessa época eu vivi uma grande agenda de apresentações e shows. Fiz programas de visibilidade nacional como Angélica, o Clube do Bolinha e o Show do Chacrinha. No Chacrinha eu comecei indo como calouro e acabei voltando várias vezes depois como convidado.
SUA carreira também ganhou dimensão na Europa. Como foi essa mudança de continente?
QUANDO eu ainda tava no Rio de Janeiro, dois grandes empresários de Portugal, João e Zé Guerreiro, viram uma das minhas apresentações e me convidaram para eu fazer parte do roll de artistas que se apresentavam na maior casa de shows de Portugal, a Brazilian Club, localizada em Porto. Eu aceitei e topei o desafio que deu certo.
MAS a sua carreira na Europa não se resume ao Brasilian Club, não é?
NA VERDADE, a minha carreira não se resumiu apenas à Europa. As portas para o mundo começaram a se abrir em Portugal, mas eu já me apresentei em 187 países diferentes. Pouco tempo depois que eu cheguei em Portugal, lancei o meu primeiro LP depois de ter assinado contrato com uma grande gravadora de lá. O meu primeiro contrato foi de 17 anos, isso é muito tempo. Já o meu primeiro trabalho veio com 12 faixas [entre regravações e letras autorais].
OS PORTUGUESES têm muito carinho com os artistas brasileiros, isso te ajudou por lá?
SEM dúvida. Olhe, Ivete Sangalo e Fafá de Belém são consideradas rainhas em Portugal. Roberto Carlos, então, nem se fala. Eu também tenho o meu espaço lá. Conquistei o público com uma proposta diferenciada: me aproximo do público, interajo, canto sem microfone, faço chorar. Isso não é muito comum e isso foi ganhando plateias de todas as idades, gêneros e gostos diferenciados.
VOCÊ agora resolveu voltar a Mossoró. Por que essa decisão depois de tanto tempo no mundo?
SE EU não tomasse essa decisão agora, dificilmente eu voltaria depois. Tem uma motivação familiar, mas também uma necessidade artística de que as gerações que vieram depois de mim conheçam o meu trabalho. Sou um artista realizado porque me apresentei em lugares importantíssimos; convivi com grandes e consagrados nomes da música brasileira e mundial, mas sabe qual é o meu maior sonho? Me apresentar no Teatro Municipal Dix-huit Rosado.
SEU retorno a Mossoró é um novo rumo, então, para a sua carreira?
SEM dúvida. Talvez eu volte a lançar trabalhos no Brasil, mas quero que isso comece por Mossoró. Tenho muita vontade de conseguir um bom produtor(a) que me ajude nessa missão de construirmos algo belo para eu me apresentar aqui. Como fiz, em 2003, dentro da Catedral. O meu porto passará a ser Mossoró, embora eu vá precisar sempre viajar para me apresentar fora.
MESMO você estando fora, nunca saiu de Mossoró?
O MOMENTO mais importante da minha vida foi em 2003 quando cantei no altar da Catedral de Santa Luzia. Era um sonho do padre Américo e eu fui o único artista a cantar lá dentro. Lembro que interpretei “Ai, Mouraria”, um lindo fado português, “Solidão de Amigos”, a música com a qual ganhei o Mais Bela Voz e ainda “Ave Maria”, aquela mesma versão que Fafá de Belém cantou para o Papa. Nesse ano, já fazia 10 anos que eu não vinha a Mossoró, mas sempre mantive fortes laços com amigos e parentes. Inclusive a minha prima, a atriz Tony Silva, por quem tenho um grande amor.
http://www.defato.com/noticias/9478/edy-lemos
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