Maria Bethânia
Viana Teles Velloso[1] (Santo Amaro, 18 de Junho
de 1946), mais
conhecida como Maria Bethânia, é uma cantora brasileira de MPB. Nascida em Santo
Amaro da Purificação, Bahia, ela participou, na juventude, de peças teatrais ao
lado de seu irmão, o cantor Caetano
Veloso e de outros cantores proeminentes da época. Em 1965, mudou-se para o
Rio
de Janeiro onde começou sua carreira musical substituindo a cantora Nara Leão
no espetáculo Opinião. No mesmo ano, assinou contrato com a gravadora RCA e lançou seu homônimo álbum de estréia. Em 1978, Bethânia
tornou-se a primeira cantora brasileira a vender mais de um milhão de cópias de
um único disco,
com o álbum Álibi.
Tendo lançado
50 álbuns de estúdio em 47 anos de carreira,[2] a
cantora está entre os 10 artistas com maior número de vendagem de discos no
Brasil, com cerca de mais de 26 milhões de cópias vendidas.[3]
1946–1964:
Antes da fama e início da carreira]
Nascida na Bahia em 18 de Junho
de 1946, Maria Bethânia é a sexta filha de José Teles Veloso (Seu Zezinho),
funcionário público dos Correios, e de Claudionor
Viana Teles Veloso (Dona Canô).[4] Seu
nome foi escolhido pelo irmão Caetano Veloso, inspirado em uma canção, a valsa Maria Betânia,
do compositor Capiba,
então um sucesso na voz de Nélson Gonçalves.[5]
Bethânia é
membro de uma família de artistas, sendo irmã da escritora Mabel
Velloso, do cantor e compositor Caetano
Veloso, e tia dos cantores Belô
Velloso e Jota Velloso.[5]
Na juventude,
participou de espetáculos semi-amadores em parceria com Tom Zé, Gal Costa,
Caetano Veloso e Gilberto Gil e, em 1960, mudou-se para Salvador
com a intenção de terminar os estudos. Lá, começou a frequentar o meio
artístico, ao lado do irmão Caetano e três anos depois, em 1963, estreou como
cantora na peça Boca de Ouro, de Nelson
Rodrigues.[6]
Nesta época, Bethânia e Caetano conheceram outros músicos iniciantes como
Gilberto Gil, Gal Costa, Tom Zé, Alcivando Luz e outros, os quais acabariam
sendo lançados como cantores e compositores pela cantora.[6]
No ano seguinte, montaram juntos os espetáculos Nós por Exemplo, Mora na
Filosofia e Nova Bossa Velha, Velha Bossa Nova.[6]
1965-1966: Maria
Bethânia, Maria Bethânia canta Noel Rosa e Eu Vivo num Tempo de Guerra
A data oficial
da estreia profissional de Bethânia é 13
de fevereiro de 1965,
quando ela foi convidada pela musa da bossa nova, a cantora e violonista Nara Leão,
para substituí-la no espetáculo Opinião, em cartaz no Rio de Janeiro, pois a
mesma precisou se afastar por problemas de saúde. Nara Leão
houvera conhecido Bethânia no ano anterior, na Bahia, quando aquela assistiu à
esta em um dos espetáculos em que Bethânia atuara.[6]
Nesse mesmo ano, foi contratada pela gravadora RCA, que posteriormente
transformou-se em BMG
(atualmente Sony
BMG), onde gravou o primeiro álbum, Maria Bethânia, lançado em junho
daquele mesmo ano. O primeiro sucesso foi a canção de protesto Carcará, que fez muito
sucesso na sua voz na época, no repertório deste, que também incluía, dentre
outras, as músicas Mora na filosofia, Andaluzia, Feitio de oração e Sol negro,
esta última em dueto com Gal Costa (que à época ainda usava o nome artístico de
Maria da Graça). Ainda em 1965, lançou um compacto triplo, Maria Bethânia canta Noel Rosa, que
trouxe as músicas Três apitos, Pra que mentir, Pierrot apaixonado, Meu barracão,
Último desejo e Silêncio de um minuto, acompanhada apenas por um violão, de
Carlos Castilho e o compacto simples Eu Vivo num Tempo de Guerra. No mesmo
ano, depois de voltar à Bahia por um breve período, participou dos espetáculos Arena
canta Bahia e Tempo de guerra, ambos dirigidos por Augusto Boal, também
competindo em festivais. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, apresentou-se em teatros e
casas noturnas de espetáculos, tornando-se assim nacionalmente conhecida.
1967–1968: Edu
e Bethania, Recital Na Boite Barroco, Velloso-Bethânia-Gil e Nada Além.
Em 1967,
Bethânia teve sua carreira impulsionada ao lançar seu segundo álbum Edu e
Bethania, em parceria com Edu Lobo, à pedido do mesmo. Edu era um cantor e
compositor iniciante, assim como Bethânia que se firmava como cantora após o
sucesso inicial no espetáculo Opinião.[7]
No disco, a cantora teve performance solo em duas musicas e participou de
duetos com Edu nas músicas Cirandeiro, Sinherê e Prá dizer Adeus.[8]
Esta última obteve um grande sucesso e colocou Bethânia definitivamente no roll
das grandes cantoras do Brasil.[7]
. Em 1968 interpretou a canção-tema do filme O Homem que Comprou o Mundo, de autoria
de Francis
Hime.
Bethânia foi
também a idealizadora do grupo Doces
Bárbaros, onde era um dos vocais da banda, que lançou um disco ao vivo
homônimo juntamente com os colegas Gal Costa, Caetano Veloso e Gilberto Gil. O
disco é considerado uma obra-prima; apesar disto, curiosamente na época do
lançamento (1976)
foi duramente criticado. Doces Bárbaros era uma típica banda hippie dos anos 1970,
e ao longo dos anos, este lema foi tema de filme com direção de Jom Tob Azulay, DVD, enredo da escola de
samba Estação Primeira de Mangueira em 1994 com a canção Atrás
da verde-e-rosa só não vai quem já morreu, já comandaram trio
elétrico no carnaval
de Salvador, espetáculos na praia de Copacabana
e uma apresentação para a Rainha da Inglaterra.
Sobre esse encontro, escreveu Caetano Veloso: Eu, Gil e Gal podemos nos
discutir as atitudes e as posturas, mas com relação a Betânia há sempre um
respeito aristocrático que o ritmo do seu comportamento exige. E nós estamos
sempre aprendendo com ela algo dessa majestade. Inicialmente o disco seria
registrado em estúdio, mas por sugestão de Gal e Bethânia, foi o espetáculo
que ficou registrado em disco, sendo quatro daquelas canções gravadas pouco
tempo antes no compacto duplo em estúdio, com as canções Esotérico,
Chuckberry fields forever, São João Xangô Menino e O seu amor, todas gravações
raras.
1977–1978: Pássaro
Da Manhã, Maria Bethânia e Caetano Veloso - Ao Vivo e Álibi
Desde a década
de 1960, quando surgiram os especiais do Festival de Música Popular
Brasileira (TV Record), até o fim da década
de 1980, a televisão brasileira foi marcada pelo sucesso dos espetáculos
transmitidos que apresentavam os novos talentos, registrando índices recordes
de audiência. Maria Bethânia participou do especial Mulher 80 (Rede Globo),
um desses marcantes momentos da televisão; o programa exibiu uma série de
entrevistas e musicais cujo tema era a mulher e a discussão do papel feminino
na sociedade de então abordando esta temática no contexto da música nacional e
da ampla preponderância das vozes femininas, com Elis Regina,
Fafá de Belém, Marina Lima,
Simone, Rita Lee, Joanna, Zezé
Motta, Gal Costa, Maria Bethânia e as participações especiais das atrizes Regina
Duarte e Narjara Turetta, que protagonizaram o seriado Malu Mulher.
Foi a primeira cantora brasileira a vender mais de um milhão de cópias em um
único disco (Álibi,
1978, que contou com
as respectivas participações especiais da sambista Alcione
e Gal Costa
nas músicas O meu amor e Sonho meu) e esse sucesso se
repetiu nos dois álbuns subsequentes.
1979 – 1980: Mel,
Mulher 80 e Talismã
Assim como Álibi, Mel e Talismã
(1980)também
obtiveram expressivas vendas (inclusive este último chegou a ver 700 mil cópias
em quinze dias com a participação dos cantores e compositores Caetano
Veloso e Gilberto Gil na faixa Alguém me avisou), e inovou no
gênero acústico com os dois trabalhos seguintes, Ciclo (1983) e A Beira e o Mar
(1984), contrastando
totalmente com a sonoridade da época, os trabalhos comerciais, com arranjos e
teclados de Lincoln Olivetti, que não tiveram o mesmo apelo
popular. Neste primeiro, considerado pela artista o melhor de toda a
trajetória, os erros de divulgação da gravadora comprometeram o sucesso do
disco onde Fogueira foi a única canção a obter destaque e foi incluída na
trilha sonora da novela global Transas
e caretas de Lauro César Muniz, tendo sido elogiado pela
crítica especializada e recebido com estranheza pelo grande público,
apresentando um repertório de onze canções, das quais nove eram inéditas, e
apenas duas regravações (Rio de Janeiro - Isto é o meu Brasil e Ela disse-me-assim)
e no LP A Beira e o Mar,
originado do espetáculo A hora da estrela, cujo título remete ao famoso livro
homônimo de Clarice Lispector, o repertório misturou canções
inéditas e regravações (Na primeira manhã, Nossos momentos, ABC do Sertão, Somos
iguais e Sonho impossível – esta última gravada pela terceira vez, já que havia
sido gravada anteriormente nos álbuns A cena muda e Chico Buarque e Maria
Bethânia - ao vivo e dali a treze anos, novamente no CD Imitação da vida),
também foi pouco divulgado e se definiu a primeira saída da gravadora Polygram
(atualmente Universal Music), de onde era contratada desde 1971 (com o álbum Maria
Bethânia Viana Teles Veloso - A tua presença, sucesso de público e crítica) e à
qual só retornaria dali a cinco anos.
O disco que
marca essa volta é Memória da Pele; durante este intervalo de tempo, aconteceu
uma breve passagem pela primeira gravadora, a RCA, com a qual assinou contrato
para a gravação de três discos, mas acabou gerando apenas dois. São eles: Dezembros
e Maria, lançados em 1986
e 1988,
respectivamente.
A antológica
interpretação de Na primeira manhã surpreendeu Milton
Nascimento, inspirando-o a escrever, em parceria com Fernando
Brant, a música Canções e momentos inclusa no repertório do disco Dezembros,
do qual também fez participação especial nesta música, que também trazia,
dentre outras, os sucessos Anos dourados, Gostoso demais e Errei sim.
Valendo-se ainda do filão engajado da pós-ditadura e feminismo
cantou, ainda que com uma participação individual diminuta, no coro da versão
brasileira de We Are the World, o hit americano que juntou vozes
e levantou fundos para a África ou USA for Africa. O projeto Nordeste
Já (1985),
abraçou a causa da seca nordestina, unindo 155 vozes num compacto
simples, de criação coletiva, com as canções Chega de Mágoa e Seca d´Água.
Elogiado pela competência das interpretações individuais, foi no entanto
criticado pela incapacidade de harmonizar as vozes e o enquadramento de cada
uma delas no coro.
Já o cd Maria,
originado do espetáculo homônimo dirigido por Fauzi Arap no ano anterior,
contou com as participações especiais da cantora Gal Costa (na toada O ciúme,
acompanhada somente do sintetizador de Benoit Corboz, que também escreveu o
arranjo para esta canção) e duas internacionais: o grupo sul-africano Lady
Smith Black Mambazo (na faixa de abertura, A terra tremeu/Ofá) e a atriz
francesa Jeanne Moureau (na música Poema
dos olhos da amada, declamando uma versão em francês do poema de Vinícius de Morais); não fosse pelo sucesso de
duas músicas românticas nas paradas de sucesso, as baladas Tá combinado e Verdades
e mentiras, que integraram a trilha sonora das novelas globais Vale tudo e Fera
radical, respectivamente, faixas com certo apelo para as rádios, este
trabalho teria sido um dos mais anticomerciais da carreira até então, pois
contou com uma leitura totalmente acústica – e isto em plena ascensão das
duplas pop/sertanejas e do advento da lambada.
1990 – 1999
Em 1990, Bethânia
comemorou 25 anos de carreira com o LP 25 Anos, cujo repertório,
essencialmente brasileiro, evocava diversas culturas deste
país, trazendo canções consagradas e pouco conhecidas, entre regravações e
inéditas. O disco contou com a participação especial de vários cantores e
músicos, dentre os quais Gal Costa, Alcione,
João
Gilberto, Egberto Gismonti, Nina Simone,
Fátima
Guedes, Hermeto Paschoal, Sivuca, Wagner Tiso,
Toninho
Horta, Jacques Morelenbaum, Jaime Alem, Márcio
Montarroyos, Mônica Millet, Almir Sater, Flávia Virgínia, Nair de Cândia, Armando
Marçal, Djalma Correia, Álvaro Millet, Gordinho (Antenor Marques Filho), Zeca
Assunção, Wilson das Neves, José Roberto Bertrami, Jamil Joanes, Jurim Moreira,
orquestra de cordas e bateria da escola de samba GRES Estação Primeira de Mangueira,
com regência de Mestre Taranta (participou duas vezes do disco - na faixa de
abertura, uma vinheta colada a um texto de Mário de Andrade e a música O canto do pajé - e
também na faixa que encerrava o projeto, Palavra, que no final fez uma citação
musical à famosa canção de Chico Buarque Apesar
de você); o disco emplacou duas músicas nas paradas de sucesso, as
regionalistas Tocando em frente e Flor de ir embora, que integraram as trilhas
das novelas rurais Pantanal e A história de Ana Raio e Zé Trovão,
respectivamente, ambas exibidas pela extinta Rede
Manchete. O feito de gravação de discos acústicos se repetiu no álbum
subsequente, Olho d´Água, lançado em 1992; no repertório deste, destaque somente para a canção
regionalista Além da última estrela, que integrou a trilha sonora da novela
global Renascer,
de Benedito Ruy Barbosa, exibida no ano seguinte.
O álbum também nos mostrou uma incursão pela religiosidade (Ilumina, Medalha de
São Jorge, Louvação a Oxum, Rainha negra uma homenagem a cantora Clementina de Jesus e Búzio), abrindo e
fechando com uma vinheta da música Sodade meu bem sodade, de Zé do
Norte.
O sucesso de
vendagem voltou em 1993
quando do lançamento do CD
As canções que você fez pra mim, que gerou mais de um milhão de cópias e foi
convertido para uma versão hispânica (no caso, Las canciones que hiciste para
mi) com parte do repertório (sete das onze músicas foram convertidas - a
faixa-título, Fiera herida (Fera ferida, um dos hits do disco, tema de abertura
da novela
homônima global), Palabras (Palavras), Tú no sabes (Você não sabe), Necesito
de tu amor (Eu preciso de você), Tú (Você, esta incluída na trilha sonora da
novela global Pátria Minha de Gilberto
Braga cujo título remete ao famoso poema homônimo de Vinícius de Morais -
justamente a sucessora de Fera Ferida) e Emociones (Emoções, um dos grandes
sucessos de Roberto) - das que ficaram de fora Olha, Costumes, Detalhes e Seu
corpo), que consistiu em um tributo à dupla de cantores e compositores Roberto
e Erasmo
Carlos, evocando onze parcerias entre ambos. Este disco, além de originar
um LP promocional para a
Coca-Cola
com uma entrevista entre parte do repertório (Emoções, Costumes, Olha e Seu
corpo), gerou também um VHS
(relançado em DVD em 2009) e um espetáculo
calcado na divulgação do disco anterior, dirigido por Gabriel Vilela na casa Canecão
(Rio de Janeiro), do qual saiu o trabalho
que marca a despedida definitiva da Universal
Music: Maria Bethânia ao vivo, de 1995, o último a ter
versão em vinil, porém já estava sofrendo com o problema de pressão de espaço
físico, com quatro músicas a menos. São elas: Fé cega faca amolada, Detalhes, Você
não sabe (as duas últimas, já inclusas no álbum-tributo a Roberto) e Reconvexo
(gravada pela cantora no álbum Memória da Pele), inclusas somente no CD. Este
disco trouxe regravações dos antigos sucessos entre outras canções consagradas
e do álbum de estúdio anterior dedicado a Roberto Carlos.
Anos 2000
Em 2001, desliga-se das
grandes gravadoras,
transferindo-se para a independente Biscoito
Fino, de propriedade de Olivia Hime e Kati Almeida Braga. O disco que marca
a estreia na nova gravadora é o duplo Maricotinha ao vivo - comemorativo dos
trinta e cinco anos de carreira, que trouxe regravações dos antigos sucessos
seus entre outras canções consagradas, textos e do álbum de estúdio homônimo do
ano anterior, cuja maior parte das canções era inédita e foi o último álbum
lançado pela gravadora BMG,
e também gerou seu primeiro DVD. Em 2003,
ainda na Biscoito Fino, lança o selo Quitanda (23 de
setembro), para gravar discos com menor apelo comercial e lançar artistas que
admira, como Mart'Nália e Dona Edith do Prato. Paralelamente, houve o
lançamento do álbum Cânticos, preces, súplicas à Senhora dos Jardins do Céu,
gravado originalmente em 2000, que inicialmente não foi comercializado e distribuído numa
tiragem limitada de duas mil cópias, apenas para angariar fundos para a
restauração da matriz da cidade natal, em homenagem a Nossa
Senhora; neste trabalho, a cantora reafirmou a religiosidade, presente em
quase toda a obra. O disco contou com a participação especial da mãe, Canô
Veloso, Gilberto Gil (violão e voz)
e Nair de Cândia, nas respectivas faixas Ladainha de Nossa Senhora, Mãe de Deus
das Candeias e uma versão em latim da Ave Maria.
Bethânia
também atua em direções, já tendo dirigido vários artistas entre eles o irmão
Caetano Veloso e Alcione. Ao mesmo tempo, produziu a homenagem Namorando
a Rosa, a violonista Rosinha de Valença, que tocou alguns anos em sua
banda, falecida em 2004
e teve grande participação na carreira da artista, dirigindo o espetáculo Comigo me desavim (1967), e nove anos depois gravou
o álbum Cheiro de mato, do qual recebeu grande influência e também nos álbuns Maria
Bethânia e Caetano Veloso ao vivo, Alteza (na faixa Caminho das Índias), Olho
d´água, em um de seus últimos e trabalhos e principalmente no antológico Álibi,
onde tocou violão em todas as faixas; o álbum contou com a participação
especial de diversos nomes consagrados da MPB, como o irmão Caetano
Veloso, Alcione, Chico Buarque, Bebel
Gilberto, Ivone Lara, Délcio Carvalho, Yamandú Costa, Martinho
da Vila, Turíbio Santos, Miúcha, Joanna, Hermeto Paschoal e a própria Bethânia. Em 2005, foi lançado o filme documentário
sobre sua vida e carreira, Música é perfume.
Em 2006 foi a grande
vencedora do Prêmio Tim (antigo Prêmio Sharp) de música onde
arrebatou três títulos: melhor cantora, melhor disco (Que falta você me faz, um
tributo a Vinícius de Morais) e melhor DVD (Tempo tempo
tempo tempo, comemorativo dos quarenta anos de carreira). Bethânia, que sempre
teve fama de anti-social, surpreendeu e compareceu à cerimônia de premiação. No
mesmo ano, os CDs
antigos - LPs originais
que haviam sido relançados anteriormente em CD - voltaram às prateleiras, com
encarte completo (na edição anterior ele havia sido suprimido/reduzido), letras
de todas as músicas e textos - mesmo que a versão original não as tivesse - e
texto interno com a história do álbum redigido pelo jornalista e crítico
musical Rodrigo Faour, pois há muito tempo estavam fora de
catálogo.
Ainda em 2006,
lançou dois álbuns simultaneamente: Pirata, onde canta os rios do interior do
Brasil e foi considerado pela crítica uma espécie de retomada de Brasileirinho,
lançado três anos antes, e Mar de Sophia, onde canta o mar a partir de versos
da poetisa portuguesa Sophia de Mello Breyner. A turnê de
promoção dos dois discos foi batizada de Dentro do mar tem rio, com direção de
Bia Lessa e roteiro do fiel colaborador Fauzi Arap, originando o álbum duplo
homônimo, lançado em 2007.
Lançou em 2007 pela Biscoito Fino
o DVD duplo que contempla dois documentários sobre a artista: Pedrinha de
Aruanda e Bethânia Bem de Perto. Este primeiro é um registro singular da
intimidade de uma das maiores intérpretes brasileiras de todos os tempos, tendo
como ponto de partida a comemoração do aniversário de sessenta anos da cantora,
celebrados durante uma apresentação em Salvador
e uma missa em Santo Amaro, sua cidade natal, em 2006.
Ainda em 2007,
novamente é a maior vencedora do Prêmio Tim, mas desta vez empatou com Marisa
Monte. Bethânia, mais uma vez, compareceu à cerimônia, e levou para casa os
troféus de melhor cantora, melhor disco (Mar de Sophia), melhor projeto gráfico
(Pirata) e melhor canção (Beira-mar, do CD Mar de Sophia).
Em 2008, junta-se com a
cantora cubana Omara Portuondo e segue em turnê pelo Brasil e países vizinhos,
como Argentina
e Chile; nos dias 4 e 5 de abril
foi gravado o DVD ao vivo em Belo
Horizonte no Palácio das Artes, sob a direção de Mário de Aratanha e a
produção musical de Moogie Canázio, originando também um CD.
Em 2009, lançou o DVD Dentro
do Mar tem Rio, registro do show ao vivo gravado nos dias 7 e
8 de
dezembro de 2007, em São Paulo, com direção de Andrucha Waddington.
No mesmo ano,
lança na Gafieira Estudantina os dois trabalhos mais recentes da carreira - Encanteria,
onde canta as mais variadas formas de fé (pelo selo Quitanda) e Tua, com
canções românticas (pela Biscoito Fino); ambos são compostos por músicas
inéditas e foram recebidos com muito entusiasmo pela crítica e público. O
repertório do espetáculo calcado na divulgação dos dois trabalhos é composto
por estas músicas intercaladas a antigos sucessos da artista. Seu título é
batizado com três nomes que, segundo ela, foram herdados de sua tradição
familiar: Amor, Festa e Devoção.
Anos 2010
Em junho de 2010, após décadas sem
se apresentar em um programa de TV, Maria Bethânia quebrou o autoexílio televisivo
que se impôs para prestar uma homenagem ao cantor e compositor Erasmo
Carlos durante a edição especial do Programa Altas Horas pela
passagem dos 50 anos de carreira do artista. Na ocasião, a diva interpretou As Canções Que Você Fez Pra Mim e Sentado à Beira do Caminho,
protagonizando um dos maiores momentos da história da televisão brasileira
nesta década.
Legado
Bethânia
revolucionou a forma de se fazer espetáculos no Brasil, intercalando músicas
com poemas - Fernando
Pessoa, poeta português, Vinícius de Moraes a quem chegou a dedicar um
disco inteiro em 2005,
Que falta você me faz (a gravação deste álbum foi concluída em janeiro de 2004 mas somente
lançado no ano seguinte, em comemoração aos 40 anos de carreira e amizade com
Vinícius, contando com a participação especial deste na declamação do poema Poética
I e na música Nature boy (Encantado)), Clarice
Lispector - criando um estilo próprio e que muito lembra peças teatrais. Vários
dos espetáculos estão entre os mais importantes da história da música popular brasileira,
onde se destacam diversos, como Recital na Boite Barroco (1968), o primeiro disco
gravado ao vivo, Maria Bethânia ao vivo (1970), ambos lançados
pela gravadora EMI, Rosa
dos Ventos - o show encantado (1971) produzido e dirigido por Fauzi Arap, Drama terceiro ato -
luz da noite gravado ao vivo no Teatro da Praia na capital fluminense (1973), A cena muda (1974), gravado ao vivo
no Teatro Casa Grande, onde não declamou poemas - como o próprio título sugere,
tendo sido um dos espetáculos mais ousados da trajetória da artista, Chico
Buarque e Maria Bethânia ao vivo (1975), Maria Bethânia e Caetano Veloso ao vivo (1978), e Nossos
momentos (1982),
gravado entre 29 de setembro e 3 de
outubro daquele ano, contendo a antológica interpretação de Vida e O que é
o que é, esta última lançada pelo autor Gonzaguinha
no mesmo ano, que seria o bis preferido dos espetáculos dali por diante. Isso
explica a presença de vários discos ao vivo na carreira da artista - mais
especificamente catorze, onde se inclui um gravado na Argentina (Mar del
Plata), com Vinícius de Moraes e Toquinho; já
como intérprete, Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Jobim, Noel Rosa,
Gonzaguinha, Roberto Carlos, Vinícius de Moraes, Roberto Mendes, Jorge Portugal
e Milton Nascimento, são os compositores com maior
número de interpretações na voz. Maria Bethânia é carinhosamente chamada por
Roberto Carlos de minha rainha.
Os muitos fãs
sempre cultivaram uma rivalidade com os da cantora Elis Regina,
no eterno debate que até hoje não teve fim sobre qual seria a maior cantora da
história do Brasil.
Elis, por sua vez, declarou Gal Costa a maior cantora do país. Bethânia, mais
reservada, nunca se pronunciou sobre esse debate, inclusive se declara até hoje
fã de Elis, isso desde a entrevista no jornal O Pasquim (5 de
setembro de 1969),
deu nota dez para a rival. Em 1999, quando regravou uma canção que fez antigo sucesso na voz
de Elis, Romaria (Renato Teixeira), no disco A força que nunca seca,
lançado pela gravadora BMG, Bethânia reafirmou ser admiradora. Inclusive este
disco, cuja faixa-título foi dedicada à memória de Mãe Cleusa do Gantois, além
de trazer músicas inéditas e releituras de clássicos (O trenzinho caipira com
citação de trechos do poema O trem de Alagoas de Ferreira Gullar, Luar do
sertão/Azulão, Espere por mim morena, Gema - esta já gravada pela cantora
anteriormente no álbum Talismã, As flores do jardim da nossa casa), trouxe a
polêmica interpretação de É o amor, originalmente gravada pela dupla sertaneja Zezé
di Camargo e Luciano, que foi bastante criticada. Esta foi incluída na
trilha sonora da novela global Suave
Veneno, de Aguinaldo Silva, exibida àquele mesmo ano. Em
seguida, houve um espetáculo que divulgou o disco anterior, do qual saiu o CD
duplo Diamante verdadeiro, gravado em agosto, que trouxe canções do referido CD
de estúdio (exceto Espere por mim morena), regravações dos antigos sucessos
entre outros clássicos, além de textos de Fernando Pessoa (Autopsicografia), Manuel
Alegre (Senhora das tempestades) e Castro
Alves (O navio negreiro).
Muitos são os
trabalhos da cantora Maria Bethânia que são referências obrigatórias para a
história da música popular brasileira, entre outros estão: Maria Bethânia
(1969), Drama - anjo exterminado, com produção do irmão Caetano Veloso (1972), Pássaro Proibido
(1976) que trouxe o
primeiro grande sucesso na faixa de rádios AM - a antológica canção Olhos nos
olhos com destaque também para Amor amor, Pássaro da manhã (1977) onde pela
primeira vez declamou poemas em estúdio originado do espetáculo homônimo
dirigido por Fauzi Arap e cenário de Flávio Império recebendo o segundo disco
de ouro da carreira (o primeiro foi no álbum lançado no ano anterior) com as
músicas, dentre outras, Um jeito estúpido de te amar (lançada por Roberto
Carlos no ano anterior colado a um texto de Fauzi Arap, com fundo musical
de Jogo de damas) e Teresinha, Alteza (1981) que contou com as
participações especiais de Caetano Veloso, Gilberto
Gil e a irmã Nicinha (no samba Purificar o Subaé), Âmbar (1996), lançado pela
gravadora EMI que comemorou os 50 anos de idade trazendo canções inéditas, de
novos compositores da MPB entre outras releituras de clássicos (Chão de
estrelas, Quando eu penso na Bahia que contou com a participação especial de
Chico Buarque e Ave Maria) gerando um espetáculo dirigido por Fauzi Arap do
qual saiu o elogiadíssimo CD duplo Imitação da vida gravado na casa de
espetáculos Palace (São Paulo, dezembro de 1996) e que incluiu onze
textos de Fernando Pessoa e seus heterônimos, Brasileirinho (2003), o primeiro
lançado pelo próprio selo Quitanda, unanimidade de crítica e público, com
repertório essencialmente brasileiro, evocando diversas culturas deste país e
trazendo textos de Guimarães Rosa - Felicidade se acha é em horinhas de
descuido, Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura e Quem
castiga nem é Deus, é os avessos (extraído do livro Rosiana, coletânea de
conceitos, máximas e brocadas do autor, organizada em 1983 por Paulo Ronai), Mário de Andrade (O descobrimento e O poeta come
amendoim) e Vinícius de Morais (Pátria minha), contando com as participações
especiais do escritor/poeta Ferreira
Gullar (recitando o poema O descobrimento), o Grupo Uakti grupo
experimental mineiro (na faixa Salve as folhas), Grupo Tira Poeira formado por
cariocas, gaúchos e catarinenses (na faixa Padroeiro do Brasil), Denise
Stoklos (declamando o poema O poeta come amendoim), as cantoras Miúcha e Nana Caymmi
(nas respectivas faixas Cabocla Jurema/Ponto de Janaína e Texto de Guimarães
Rosa/Suçuarana), Ricardo Amado e Márcio Malard (violino e violoncelo,
respectivamente, na faixa Senhor da floresta), e também originou um DVD, e Pirata (2006), que traz textos
de Guimarães Rosa (Perto de muita água, tudo é feliz, Pensar na pessoa que se
ama, Amor é sede depois de se ter bem bebido, Só na foz do rio é que se ouvem
os murmúrios de todas as fontes, O mundo do rio não é o mundo da ponte e O
sertão é uma espera enorme), Fernando Pessoa (Todo cais é uma saudade de pedra),
Antônio Vieira (Poesia), João Cabral de Melo Neto (O rio), Jorge
Portugal (Orixá),
entre outras canções inéditas, regravações de músicas pouco conhecidas e
consagradas da MPB, além de releituras de músicas que ela já havia gravado
anteriormente (O tempo e o rio e Os argonautas)
Controvérsia
Em março de
2011, a cantora se viu em meio a uma polêmica devido à autorização dada pelo Ministério da Cultura, através da Lei Rouanet,
para captar a quantia de R$ 1,3 milhão para a produção de um blog na internet.
O fato provocou significativa reação em sites como Twitter e YouTube, onde
diversos internautas gravaram vídeos protestando contra a autorização.
Caetano
Veloso defendeu Bethânia apontando que projetos de diversos outros
artistas, conhecidos e desconhecidos, tiveram autorização para captar quantias
maiores.[9]
Por fim, em setembro de 2011, a cantora veio a público afirmar que desistiu de
participar do blog no qual recitaria poesias
http://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_Beth%C3%A2nia
Se você gosta de ler histórias sobre "Cangaço" clique no link abaixo:
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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