terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Ney Mato Grosso - Cantor



Ney de Souza Pereira (Bela Vista1º de agosto de 1941), mais conhecido como Ney Matogrosso, é um cantor, diretor, iluminador e ator brasileiro. Ex-integrante dos Secos & Molhados (1971-1974), foi o artista que mais se sobressaiu do grupo após iniciar sua carreira solo com o disco Água do Céu - Pássaro(1975) e com suas apresentações subsequentes. É considerado pela revista Rolling Stone como terceiro maior cantor brasileiro de todos os tempos e, pela mesma revista,terceiro maior artista brasileiro de todos os tempos. Embora tenha começado relativamente tarde, das canções poéticas e de gêneros híbridos dos Secos e Molhados ele passou a interpretar outros compositores do país, como Chico BuarqueCartolaRita LeeTom Jobim, construindo um repertório que prima pela qualidade e versatilidade. Em 1983, completava dez anos de estreia no cenário artístico e já possuía dois Discos de Platina e dois Discos de Ouro, inclusive pela enorme repercussão da canção "Homem com H" de 1981.1 

Como iluminador de espetáculos, tem supervisionado toda a produção da área em suas próprias apresentações e também merece destaque seu trabalho de iluminação e seleção de repertório no show Ideologia (1988) de Cazuza e no show Paratodos de Chico Buarque em 1993,1 ao que afirma: "quero que as luzes provoquem sensações nas pessoas".2 Matogrosso também tem atuado recentemente no cinema: estreou em 2008 no curta-metragem Depois de Tudo, dirigido por Rafael Saar, e no filme Luz das Trevas de 2009, dirigido por Helena Ignez.1 

Distinguido por sua rara voz de contratenor,3 Ney Matogrosso também é conhecido por suas performances ao vivo. Atribuem a sua maquiagem cênica e seu vestuário exótico desde os anos 70 uma certa mudança de conceitos sobre o comportamento masculino apropriado no Brasil.4 Segundo Violeta Weinschelbaum, "o magnetismo de sua figura, a atração decididamente sexual que Ney Matogrosso produz sobre o palco é algo inimaginável."5 A biógrafa Denise Pires Vaz também escreve: "Dos cantores brasileiros, Ney Matogrosso é um dos poucos, senão o único, que pode merecer o título de showman."6 

Biografia

Atualmente considerado um dos intérpretes brasileiros mais produtivos, o nome artístico Ney Matogrosso foi adotado somente em 1971, quando se mudou para São Paulo.7 Desde cedo demonstrou dotes artísticos: cantava, pintava e interpretava. Teve a infância e a adolescência marcadas pela solidão, e ao completar dezessete anos deixou a casa da família para ingressar na Aeronáutica, Ney ainda estava indeciso quanto à futura profissão. Gostava de teatro e cantava esporadicamente, mas acabou indo trabalhar no laboratório de anatomia patológica do Hospital de Base do Distrito Federal, a convite de um primo.

Tempos depois foi convidado para participar de um festival universitário e chegou a formar um quarteto vocal. Depois do festival, fez de tudo um pouco, até atuou em um programa de televisão. Também concentrou suas atenções no teatro, decidido a ser ator. Atrás deste sonho, ele desembarcou no Rio de Janeiro em 1966, onde passou a viver da confecção e venda de peças de artesanato em couro. Ney adotou completamente a filosofia de vida hippie.

Início da carreira

Neste período, viveu entre o Rio, São Paulo e Brasília, até conhecer o produtor musical João Ricardo, que procurava um cantor de voz aguda para um conjunto musical e convidou Ney para ser o cantor do grupo Secos & Molhados, com o qual gravou dois discos, ambos auto-intitulados e lançados pela extinta gravadora Continental, entre 1973 e 1974. O álbum chegou a marca de um milhão de cópias vendidas e gerou vários sucessos, como O Vira de Luli e João Ricardo, Rosa de Hiroshima, Sangue Latino de João Ricardo e Paulinho Mendonça, O Patrão Nosso de Cada Dia de João Ricardo, e no segundo álbum o destaque foi para Flores astrais de João Ricardo, em parceria com João Apolinário.

Saiu dos Secos & Molhados em 1974 e no ano seguinte, lançou o primeiro disco solo, Água do Céu - Pássaro (também conhecido como O homem de Neanderthal em referência à faixa homônima de abertura, de autoria de Luís Carlos Sá, e por ter sido o título do antológico primeiro espetáculo da carreira solo), que vinha numa capa de papelão cru, com Ney Matogrosso pintado, vestido com pêlos de macaco, chifres e pulseiras de dentes de boi, apresentando sonoridade vanguardista, com músicas interligadas por sons da floresta, macacos, ventanias, água corrente e pássaros. Foi considerado extravagante demais e obteve vendagem inexpressiva, destacando no repertório as músicas América do Sul de Paulo Machado e o mambo Kubanacan, além da regravação de um fado de Amália Rodrigues(Barco negro) e canções de Milton Nascimento/Rui Guerra e João Bosco/Aldir Blanc (Bodas e Corsário, respectivamente), além das músicas Açúcar candy (de Sueli Costa e Tite de Lemos) e Idade de ouro(de Jorge Omar e Paulo Mendonça); o trabalho foi distribuído juntamente com um compacto, que apresentou duas músicas que ele gravou na Itália com o músico e compositor argentino Astor Piazzola: As Ilhas e 1964. Em 1976 veio o reconhecimento com o disco Bandido. A canção Bandido Corazón, no repertório deste foi composta por Rita Lee, tornou-se um grande sucesso na voz de Ney. Além desta, o disco trazia, dentre outras, as músicas Pra não morrer de tristeza de João Silva e Caboclinho, Trepa no coqueiro de Ari Kerner, Gaivota (de Gilberto Gil), Usina de prata de Rosinha de Valença e Mulheres de Atenas (Chico Buarque, em parceria com Augusto Boal), contando com a produção musical da violonista Rosinha de Valença com direção musical do empresário Guilherme Araújo. Nessa época, Ney escandalizava o Brasil. Bandido é considerado o espetáculo mais ousado da carreira do cantor e perfomático Matogrosso.

Na sequência, vieram: Pecado (1977), que trouxe músicas do espetáculo calcado na divulgação do disco anterior que ainda não haviam sido registradas em disco; este também foi o último trabalho feito para a gravadora Continental, em um repertório que misturou rock (Metamorfose ambulante de Raul Seixas e Com a boca no mundo de Rita Lee, em parceria com Luís Sérgio e Lee Marcucci), bossa nova(Desafinado, de Tom Jobim e Newton Mendonça), tango (Retrato marrom, de Fausto Nilo e Rodger Rogério), San Vicente de Milton Nascimento e Fernando Brant, e as regravações das músicas Da cor do pecado, de Bororó - com a participação especial do grupo Regional do Evandro - e Sangue latino, esta última consagrada pelo grupo Secos & Molhados e ainda originou um especial gravado para a Rede Bandeirantes, Feitiço e Seu tipo, nos anos 1970. Os dois últimos contaram com a produção de Mazzola, nome que seria recorrente em sua discografia a partir desta época.

O álbum Feitiço (1978) marcou a estréia na gravadora WEA, e trouxe alguns sucessos como Bandoleiro, da dupla Luli e Lucina, Mal necessário de Mauro Kwitko, a regravação de O Tic-Tac do Meu Coração, de Alcir Pires Vermelho e Valfrido Silva (sucesso de Carmen Miranda em 1935), Dos Cruces de Carmelo Larrea, e o frevo Não existe pecado ao sul do Equador, de Chico Buarque e Rui Guerra, cujo arranjo evoca a batida da disco music, que naquela época, já era executada no Brasil inteiro; a regravação da canção, originalmente gravada pelo autor 5 anos antes no censurado álbum Calabar, impulsionou as vendas do álbum e foi utilizado como tema de abertura da novela global Pecado Rasgado, de Sílvio de Abreu. Já em Seu tipo (1979), onde tirou pela primeira vez a fantasia para se apresentar de cara limpa, o repertório foi puxado pela faixa-título, de autoria do então desconhecido Eduardo Dusek em parceria com Luís Carlos Góis, bem como Tom Jobim (Falando de amor) e canções de Fátima Guedes e Joyce, compositoras que despertavam na emergente cena feminina de 1979 (Dor medonha e Ardente, respectivamente), a regravação de Rosa de Hiroshima de Gerson Conrad sobre poema de Vinícius de Morais,Tem gente com fome (poema de Solano Trindade musicado por João Ricardo) e Encantado (versão de Caetano Veloso para Nature boy de autoria de Eden Ahbez, sucesso de Nat King Cole), dentre outras.

Repertório e características

Ney terminou a década de 1970 e começou a de 80 totalmente transgressor, sendo ameaçado várias vezes pelo regime militar. Nesse período, Ney lançou alguns dos maiores sucessos: Homem com H, Vida, Vida, Pro dia nascer Feliz, Vereda Tropical, Amor Objeto, Seu tipo, Por debaixo dos panos, Promessas demais, Tanto amar, Ando meio desligado, Sangue latino, entre outros.

É considerado um dos principais precursores da androginia enquanto estética de arte, desenvolvida inicialmente com a Tropicália. Apresentando coreografias erotizantes e expondo sua masculinidade como um contraponto à ousadia nos tempos de chumbo, Ney acaba por influenciar toda uma geração de artistas. Também é coreógrafo, iluminador e dançarino, atuando como diretor geral de seus espetáculos musicais; o espetáculo Sou eu, dirigindo Simone, foi considerado o melhor do ano (1992), um espetáculo de Cazuza (O tempo não pára), RPM e ganhou o extinto Prêmio Sharp de Música com os temasGilberto Gil e Ângela e Cauby de Ângela Maria e Cauby Peixoto. Atuou também como ator de cinema (no longa-metragem Sonho de valsa, de Ana Carolina e no curta Caramujo flor de Joel Pizzini), foi responsável pela iluminação de espetáculos de Nana CaymmiNélson Gonçalves, Chico Buarque, da Fundação Osvaldo Cruz e peças de teatro, como Somos irmãs e Mistério do amor.

Década de 1980

Começou a década de 1980 com o álbum Sujeito estranho, de 1980, produzido por Gutti Carvalho, que não obteve maior repercussão; no repertório, todo composto por canções apresentadas no espetáculoSeu tipo mas que não haviam sido gravadas no álbum homônimo, destaque para a canção Napoleão da dupla Luli e Lucina - a faixa de abertura do álbum -, duas canções de Rita Lee (Doce vampiro e Ando meio desligado, esta última em parceria com Arnaldo e Sérgio Baptista) e duas regravações da cantora e compositora Ângela Rô Rô, lançadas por ela no primeiro álbum no ano anterior: Balada da arrasada eNão há cabeça. Prosseguiu com o álbum auto-intitulado de 1981, que marcou a estréia na gravadora Ariola. O álbum contou com a produção de Mazzola, arranjos de César Camargo Mariano e Lincoln Olivetti, trazendo alguns êxitos como Viajante de Teresa Tinoco, Amor objeto (Rita Lee e Roberto de Carvalho), a marchinha Folia no matagal (de Eduardo Dusek e Luís Carlos Góis, que dois anos antes foi gravado por Maria Alcina, não obtendo sucesso), Vida vida (tema de abertura da novela global Jogo da Vida de Sílvio de Abreu) e principalmente o forró Homem com H, de Antônio Barros, que a princípio não queria gravar, o fez depois de muita insistência e se tornou um dos maiores sucessos da carreira, e a participação especial da cantora Gal Costa e da Orquestra Tabajara na faixa Espinha de bacalhau, deSeverino Araújo - com arranjo e regência do próprio - e Fausto Nilo.

No ano seguinte lançou o álbum Mato Grosso, produzido por Mazzola, que não obteve o total êxito artístico do disco lançado no ano anterior; o trabalho emplacou outro tema de abertura em novela global, no caso Promessas demais utilizada na abertura da novela Paraíso, de Benedito Ruy Barbosa, com destaque também para Por debaixo dos panos de Cecéu, Primeiro de abril, de Antônio Brasileiro e Roderiki,Alegria Carnaval, de Jorge Aragão (que misturou disco-music à samba-enredo, contando com uma mini-bateria de escola de samba) e Tanto amar, de Chico Buarque - lançada pelo cantor e compositor no ano anterior -, e a canção Johnny pirou teve a execução pública proibida à época do lançamento do disco, que contou inclusive com a participação especial de Rita Lee na faixa Uai uai, composta por ela e o marido Roberto de Carvalho.

Em 1983 lançou o disco …Pois é, com faixa-título de John Neschling e Geraldo Carneiro, cujos maiores sucessos foram Pro Dia Nascer Feliz (gravada também pelo grupo Barão Vermelho e composta pelos integrantes desta, Cazuza e Frejat) e a paródia Calúnias - Telma eu não sou gay (da música americana Tell me once again), com a participação especial do grupo João Penca e Seus Miquinhos Amestrados, e incluiu também um pot-pourri, que abria o álbum, contendo as regravações dos sucessos ao longo de dez anos de carreira, completados naquele ano.

O álbum subsequente, Destino de aventureiro, de 1984, com faixa-título de Eduardo Dusek e Luís Carlos Góis, que contou com a participação especial do grupo Placa Luminosa, cujo repertório incluiu músicas do espetáculo calcado na divulgação do trabalho anterior, trouxe duas regravações: uma do grupo Barão Vermelho (Por que a gente é assim, de Frejat, Cazuza e Ezequiel, que não obteve o mesmo sucesso da canção gravada no disco anterior), e a música Retrato marrom - gravada pelo cantor sete anos antes, além da canção Pra virar lobisomem de Cecéu e o bolero Vereda Tropical, de Gonzalo Curiel, utilizado como tema de abertura da novela homônima global, de Carlos Lombardi. O último trabalho nesse caminho foi Bugre (1986), época onde o rock brasileiro se expandiu no mercado fonográfico, por isso o disco apresentou uma sonoridade pop com alta dose de eletrônica, onde o cantor mostrava seu lado compositor assinando músicas com Leoni (Dívidas de amor) e a dupla Paulo Ricardo e Luiz Schiavon, ex-integrantes do grupo RPM; no repertório, destaque para a regravação de um sucesso do grupo Os Mutantes, Balada do louco, de Rita Lee e Arnaldo Baptista, trazendo também algumas canções como o samba-enredo História do Brasil de Jorge Aragão e Nilton Barros, Fratura não exposta de Pisca, Cazuza e Ezequiel Neves, e a rumba Las Muchachas de Copacabana, de Chico Buarque, gravada também no álbum Malandro produzido por Homero Ferreira e Carlinhos Vergueiro, tendo sido incompreendido por público e crítica.

Com o relativo fracasso de Bugre, em 1987 Ney Matogrosso entra em uma nova fase: com o elogiadíssimo LP Pescador de Pérolas, lançado pela gravadora CBS, gravado ao vivo na temporada do projeto A luz do solo, ele mostra uma faceta mais segura. Abandona as maquiagens, veste um terno e atrai um novo público. O repertório deste apresentou clásssicos da música brasileira e latina (Dos Cruces de Carmelo Larrea - esta já gravada pelo cantor -, Alma llanera de Pedro Elias Gutierrez - que viria a ser regravada dois anos depois - e a célebre Bésame mucho de Consuelo Velásquez - compositoramexicana), uma ária de ópera (no caso, Mi Par D'udir Ancora - I Pescatori di Perle de Bizet), foi apresentado no teatro Carlos Gomes (compositor campineiro a quem homenageou com a canção Quem sabe, no repertório deste), contou com a participação especial de quatro músicos: Rafael Rabello (violão), Arthur Moreira Lima (piano), Paulo Moura (sax) e Chacal (percussão).

Motivado pelo êxito artístico e comercial deste, prosseguiu com o denso álbum Quem não vive tem medo da morte (1988), que não obteve repercussão e a primeira tiragem deste em CD foi pequena e produzida na época do lançamento; no repertório, algumas canções como Dama do cassino (Caetano Veloso), Todo o sentimento (Chico Buarque, em parceria com o pianista Cristóvão Bastos) - esta, já gravada por Chico no ano anterior -, Tudo é amor (Cazuza e Laura Finochiaro), Felicidade zen de Arnaldo Brandão e Tavinho Pais, Vamos pra lua de Pisca e Ronaldo Bastos, Caro amigo de Lucio Dalla - cantor e compositor italiano -, Aluísio Reis e Byafra - as duas últimas canções foram impostas pela CBS -, e Chavão abre porta grande (Itamar Assumpção). Em 1989 lançou o álbum Ao vivo, o último para a extinta gravadora CBS, a qual pouco tempo depois se transformaria na Sony Music, gravado na casa Olympia (SP) em 11 e 12 de março de 1989, voltou a se apresentar com fantasia, o repertório trouxe regravações dos antigos sucessos entre outras músicas as quais nunca havia gravado, como Comida (do repertório do grupo Titãs) e O beco (gravada originalmente pelo grupo Os Paralamas do Sucesso), além da regravação da música Morena de Angola (Chico Buarque), sucesso na voz de Clara Nunes.

Década de 1990 e projetos especiais

Durante a década de 1990 voltou a trabalhar com Raphael Rabello (no elogiadíssimo álbum À Flor da Pele, de 1990, lançado pela gravadora Som Livre, que trouxe releituras de clássicos da MPB), e ao transferir-se para a extinta gravadora PolyGram (atualmente Universal Music), gravou um disco junto com o grupo Aquarela Carioca (As aparências enganam, de 1993) e também álbuns dedicados a intérpretes/compositores, como um abordando o repertório da Sapoti, Ângela Maria (Estava escrito, 1994). Seis músicos participaram do preojeto: Leandro Braga (direção musical, arranjos e piano), Bruce Henry (baixo), Fábio Nim (violão), Zero (percussão), Márcio Montarroyos (trompete e flugelhorn) e as participações especiais de Cláudio Jorge (violão) nas faixas Amendoim torradinho de Henrique Beltrão eNem eu de Dorival Caymmi, e da homenageada na faixa Só vives pra lua, de Othon Russo e Ricardo Galeno. Já o grupo Aquarela Carioca é formado por: Paulo Brandão (baixo e violão), Lui Coimbra (violoncelo, violão e charango), Mário Sève (saxofone, flauta, flautim e Wind Control Yamaha), Paulo Muylaer (guitarra, viola e flauta) e Marcos Susano (pandeiro e percussão).

Prosseguiu com outro álbum só com canções de Chico Buarque (o elogiadíssimo Um Brasileiro, 1996) todos produzidos por Marco Mazzola, um voltado para as canções da dupla Tom Jobim e Heitor Villa-Lobos (O cair da tarde, 1997); dois em homenagem a Cartola (Ney Matogrosso interpreta Cartola, 2002 e Ney Matogrosso interpreta Cartola - ao vivo, de 2003), e o elogiado Batuque, lançado em 2001, apenas com canções anteriores à revolucionária década de 1960, priorizando canções de Carmen Miranda, além de um disco com canções inéditas, homenageando compositores da nova geração (Olhos de farol, 1999). O espetáculo calcado na divulgação deste último acabou por gerar um CD ao vivo (Ney Matogrosso ao vivo, gravado no Rio de Janeiro em 1213 e 14 de novembro e lançado no final de 1999), e também um DVD,gravado no palco do Palácio das Artes, em Belo Horizonte, em Julho de 1999, cujo repertório abordou regravações dos antigos sucessos entre outras canções do álbum de estúdio anterior, bem como algumas músicas inéditas na voz. A produção foi assinada por João Mário Linhares, que produziria a partir do referido O cair da tarde todos os seus discos - alguns em parceria - e Zé Nogueira.

Década de 2000

Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, sobre o álbum Batuque, no qual contou com a participação especial do grupo Nó em Pingo D´Água em várias faixas, declarou: Eu conhecia essas canções sem saber porque as ouvia desde criança. Mas não faço um espetáculo da época de resgate, porque essas músicas não se perderam. Estão à disposição de quem as quiser cantar e gravar. A seleção de repertório contou com a colaboração de quatro pesquisadores (Jairo Severino, Zuza Homem de Mello, Paulinho Albuquerque e Fausto Nilo), originando também um espetáculo homônimo que saiu em DVD. Apesar de trazer várias canções gravadas por Carmen Miranda, a Pequena Notável, Ney revelou não se tratar de uma homenagem a cantora: Não estou prestando uma homenagem a Carmen, não quis me limitar a ela. Mas o melhor daquelas décadas passava por ela mesmo. Eu teria que passar, inevitavelmente. As luzes e cenários foram dirigidos pelo próprio Ney, definido por ele como de teatro de revista. Já o figurino contou com a assinatura do estilista Ocimar Versolato: É extravagante, embora sóbrio, mas é erótico porque é todo preto, explicou em entrevista ao jornal Estadão.

Já o disco dedicado a Cartola surgiu junto com a publicação de um livro com várias fotos, de suas fases da carreira. Ousar ser, lançado em 2002, trouxe 272 páginas, e também 135 fotos de Luís Fernando Borges da Fonseca, sobre os espetáculos que projetou ao longo da carreira, revelando mudanças e contou com depoimentos do artista. O disco contou com a participação especial de cinco músicos: Ricardo Silveira (violão e arranjos), Marcelo Gonçalves (violão sete cordas), Zero (percussão), Zé Nogueira (saxofone) e Jorge Hélder (baixo e cavaquinho), e o coro As Gatas na faixa Ensaboa. O espetáculo também originou um CD ao vivo, bem como um DVD - gravado em novembro de 2002 no Centro Integrado de Cultura em Florianópolis (SC), contando também com a participação do músico Celso José (Celsinho) da Silva (percussão) e foi sucesso de público e crítica, contando inclusive com apresentações no exterior. Ainda em 2003, a canção Kubanacan gravada no primeiro álbum solo, foi o tema de abertura da telenovela homônima global, de Carlos Lombardi.

Atualidade (2004-presente)

Em 2004 voltou aos meios de comunicação com o projeto Vagabundo, em que canta com o grupo carioca Pedro Luís e a Parede com produção de Carlos Matau, obtendo relevante sucesso de público e crítica, originando também um espetáculo homônimo, do qual saiu o álbum ao vivo e o DVD, gravado na casa Olympia (SP) em 15 de julhode 2005, com a participação especial também dos músicos Glauco Cerejo (saxofone e flauta) inclusive produtor do álbum, Pedro Jóia (violão e alaúde) e Ricardo Silveira (guitarra). Ainda em 2005, chegou às lojas o álbum e DVD Canto em qualquer canto, gravado ao vivo no SESC Pinheiros, que trouxe regravações dos antigos sucessos entre outras releituras de sucessos alheios e duas canções inéditas (Uma canção por acaso e Duas nuvens, ambas de autoria de Pedro Jóia e Tiago Torres da Silva). O projeto contou com a participação especial de quatro músicos: Pedro Jóia (violão e alaúde), Ricardo Silveira (guitarra e violão de aço), Marcelo Gonçalves (violão sete cordas) e Zé Paulo Becker (violão e viola caipira).

Ney mantém no estado do Rio de Janeiro uma área de preservação ambiental para micos-leões-dourados, espécie ameaçada de extinção. Estreou no segundo semestre de2007 um dos espetáculos mais comentados, Inclassificáveis, originando um CD, lançado pela gravadora EMI com produção de Ricardo Fábio, gravado em dezembro e umDVD. Este permaneceu em cartaz até 2009 contando com apresentações pelo Brasil inteiro, com visual impactante e andrógeno, e sonoridade comportando apenasguitarra, violão, percussões, programações e baixo.

Em junho de 2008 os 15 primeiros discos do artista foram reeditados em CD, na caixa Camaleão, que também trouxe um CD com gravações avulsas, em participações especiais do artista em projetos especiais e discos de outros artistas, bem como sobras de estúdio, fonogramas de compactos raros, registros ao vivo e músicas gravadas exclusivamente para a trilha sonora de novelas e filmes (Pérolas raras) e outro trabalho coletivo, com Caetano Veloso e João Bosco (Brazil Night - Montreux 83), gravado ao vivo em Montreux, na Suíça, em 9 de julho de 1983; Ney apresentou o espetáculo Mato Grosso, cujo repertório era baseado no trabalho homônimo lançado em 1982; o repertório do referido álbum trouxe as músicas Deixar você e Andar com fé - ambas de Gilberto Gil -, Napoleão (apresentada no álbum Sujeito estranho) eFolia no matagal (do repertório do álbum auto-intitulado de 1981). Alguns destes trabalhos eram inéditos no formato digital, como os cultuados Água do céu Pássaro, Bandido, Pecado e Mato Grosso. Os álbuns estavam fora de catálogo há tempos e trouxeram capas, contracapas e encartes originais dos LPs completos (na edição anterior o encarte havia sido suprimido ou reduzido), letras de todas as músicas e texto interno com a história do álbum no encarte redigido pelojornalista e crítico musical Rodrigo Faour, que também idealizou a coleção.

Protagonizou o especial da Rede Globo exibido em 28 de junho do mesmo ano, cantando músicas de Cazuza. Ainda em 2008, regravou a música Lig Lig Lig Lépara ser a abertura da novela das seis Negócio da China, de Miguel Falabella, e fez uma participação como um dançarino em Macau nesta novela, logo no primeiro capítulo. Também participou do curta-metragem Depois de tudo do diretor Rafael Saar.

Em março de 2009, Ney protagonizou o filme Luz Nas Trevas, de Helena Ignez, roteiro de Rogério Sganzerla, continuação do filme O Bandido da Luz Vermelha, de 1968. No final do mesmo ano lançou o elogiado CD Beijo bandido, com produção de Paulo Junqueiro e Victor Kelly, que conta com a participação especial de quatro músicos: Leandro Braga, que já havia trabalhado com o cantor em projetos anteriores (piano), Ricardo Amado (violino e bandolim), Felipe Roseno (percussão) e o multiinstrumentista Lui Coimbra (violoncelo e violão), trazendo músicas inéditas e regravações. Em janeiro de 2011 lançou um registro ao vivo da turnê homônima, em forma de CD ao vivo e DVD. No mesmo ano, participa do curta-metragem Fca Carla, como o médico Dr. Virgílio. O filme, baseado na história de Francisca Carla, tem ainda no elenco Elke Maravilha e Vinícius de Oliveira8 .

Em 2012, Ney Matogrosso atua no filme "Gosto de Fel", de Beto Besant e lança o documentário "Olho Nu", dirigido por Joel Pizzini, num auto-retrato em terceira pessoa que atravessa a carreira do cantor e reúne um rico acervo audiovisual. 

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ney_Matogrosso

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quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Tim Maia - Cantor



Ficheiro:Tim Maia.jpg

Tim Maia (nome artístico de Sebastião Rodrigues Maia; Rio de Janeiro28 de setembro de 1942 — Niterói15 de março de 1998), foi um cantorcompositor,produtormaestromulti-instrumentista e empresário brasileiro, responsável pela introdução do estilo soul na música popular brasileira e reconhecido mundialmente como um dos maiores ícones da música no Brasil. Suas músicas eram marcadas pela rouquidão de sua voz, sempre grave e carregada, conquistando grande vendagem e consagrando muitos sucessos. Nasceu e cresceu na cidade do Rio de Janeiro, onde, em sua infância, já teve contato com pessoas que viriam a ser grandes cantores, como Jorge Ben Jor e Erasmo Carlos. Em 1957, fundou o grupo The Sputniks, onde cantou junto a Roberto Carlos. Em 1959, emigrou para os Estados Unidos, onde teve seus primeiros contatos com o soul, vindo a ser preso e deportado por roubo e porte de drogas. Em 1970, gravou seu primeiro disco, intitulado Tim Maia, que, rapidamente, tornou-se um sucesso país afora com músicas como "Azul da Cor do Mar" e "Primavera".

Nos três anos seguintes, lançou vários discos homônimos, fazendo sucesso com canções como "Não Quero Dinheiro" e "Gostava Tanto de Você". De 1975 a 1977, aderiu à doutrina filosófico-religiosa conhecida como Cultura Racional, lançando, nesse período, as músicas "Que Beleza" e "Rodésia". Pela decadência de suas músicas influenciadas por essa escola filosófica, desiludiu-se com a doutrina e voltou ao seu estilo de música anterior, lançando sucessos como "Descobridor dos Sete Mares" e "Me Dê Motivo". Muitas de suas músicas foram gravadas sob a editora Seroma e a gravadora Vitória Régia Discos, sendo um dos primeiros artistas independentes do Brasil. Ganhou o apelido de "síndico do Brasil" de seu amigo Jorge Ben Jor na música W/Brasil. Na década de 1990, diversos problemas assolaram a vida do cantor: problemas com as Organizações Globo e a saúde precária, devido ao uso constante de drogas ilícitas e ao agravamento de seu grau de obesidade. Sem condições de realizar uma apresentação no Teatro Municipal de Niterói, saiu em uma ambulância e, após duasparadas cardiorrespiratórias, faleceu em 15 de março de 1998. É amplo seu legado à história da música brasileira, e sua obra veio a influenciar diversos artistas, como seu sobrinho Ed Motta[carece de fontes]. A revista Rolling Stone classificou Tim Maia como o maior cantor brasileiro de todos os tempos3 , e também como o 9º maior artista da música brasileira.4

Primeiros anos

Nascido no Bairro da Tijuca, zona norte do Rio de Janeiro, na Rua Afonso Pena 24, filho de Altivo Maia (1900-1959) e Maria Imaculada Maia (1902-1984) começou a compor melodias ainda criança e já surpreendia a numerosa família, era o penúltimo de 19 irmãos. Tim Maia começou na música tocando bateria num grupo chamado Tijucanos do Ritmo, formado na Igreja dos Capuchinhos próxima a sua casa, passando logo para o violão. Tim, nessa época, era conhecido como "Babulina", por conta da pronúncia do rockabilly Bop-A-Lena de Ronnie Self (apelido que Jorge Ben Jor tinha pelo mesmo motivo).5 Em 1957, fundou o grupo vocal The Sputniks, do qual participaram Roberto Carlos, Arlênio Silva, Edson Trindade e Wellington. Erasmo Carlos nunca fez parte do grupo, mas sim do The Snakes, grupo que acompanhou tanto Roberto quanto Tim após o fim do The Sputniks. Em 1959, foi para os Estados Unidos, onde estudou inglês e entrou em contato com a soul music, chegando a participar de um grupo vocal, o The Ideals. No entanto, quatro anos mais tarde, viria a ser deportado de volta para o Brasil, preso por roubo e posse de drogas.

Em 1968, Tim produziu o álbum A Onda É o Boogaloo, de Eduardo Araújo. O álbum trouxe a sonoridade da soul music para a Jovem Guarda6 . No mesmo ano,Roberto Carlos gravou uma canção de sua autoria, "Não Vou Ficar", para o álbum Roberto Carlos. A canção também fez parte da trilha sonora do filme Roberto Carlos e o Diamante Cor-de-rosa7 . Seu primeiro trabalho solo foi um compacto pela CBS em 1968, que trazia as músicas "Meu País" e "Sentimento" (ambas de sua autoria, como todas as músicas sem indicação de autor). Sua carreira no Brasil fortaleceu-se a partir de 1969, quando gravou um compacto simples pela Fermata com "These Are the Songs" (regravada no ano seguinte por Elis Regina em duo com ele e incluída no álbum "Em Pleno Verão", de Elis) e "What Do You Want to Bet".

Anos 1970

Em 1970, gravou seu primeiro longplay, "Tim Maia", na Polydor, por indicação da banda Os Mutantes. O disco permaneceu em primeiro lugar no Rio de Janeiro por 24 semanas. Nesse disco, obteve sucesso com as faixas "Azul da Cor do Mar", "Coronel Antônio Bento" (Luís Wanderley e João do Vale), "Primavera" (Cassiano) e "Eu Amo Você". Nos três anos seguintes, com a mesma gravadora, lançou os discos Tim Maia Volume II, tornando-se cada vez mais famoso com canções como a dançante "Não Quero Dinheiro (Só Quero amar)", na era Disco; Tim Maia volume III e Tim Maia volume IV, no qual se destacaram "Gostava Tanto de Você" (Edson Trindade) e "Réu Confesso". Em 1975, gravou os LPs Tim Maia Racional Vol. 1 e Vol. 2. Em 1978, gravou, para a Warner, Tim Maia Disco Club, claramente inspirada pela disco music. Tim foi acompanhado pela Banda Black Rio. Nesse álbum, gravou um de seus maiores sucessos, "Sossego".8

Fase racional (1974-1976)

Na década de 1970, entrou em contato com a doutrina Cultura Racional, liderada por Manuel Jacinto Coelho, quando lançou, em 1975, os álbuns Tim Maia Racional, volumes 1 e 2 pelo selo Seroma (palavra "amores" ao contrário e abreviação do próprio nome, "Sebastião Rodrigues Maia"). São considerados por muitos os melhores de Tim Maia, com grandes influências do funk e do soul e pelo fato de que, nesta época, Tim Maia manteve-se afastado dos vícios, o que refletiu na qualidade de sua voz. Desiludido com a doutrina, percebeu que o mestre Manuel não correspondeu ao ideal de um mestre. O cantor, revoltado, tirou de circulação os álbuns, tendo virado item de colecionadores, devido à raridade. Deste disco, existem várias pérolas, uma das quais é Imunização Racional.

Já nos anos 2000, foram descobertas novas músicas pertencentes à "fase racional", no que foi intitulado de verdadeiro Racional Volume Três, podendo-se mencionar as faixas: "You Gotta Be Rational", "Escrituração Racional", "Brasil Racional", "Universo em Desencanto Disco", "O Grão Mestre Varonil", "Do Nada ao Tudo" e "Minha Felicidade Racional", inicialmente disponibilizadas apenas na Internet e lançado em CD em agosto de 20119 . Após o término de sua fase racional, Tim voltou a seu antigo estilo vida e aos temas não-religiosos em suas canções. Mais sucessos se seguiram: "Sossego" (do LPTim Maia Disco Club, de 1978), "Descobridor dos Sete Mares" (faixa-título do LP de 1983, que também trouxe "Me Dê Motivo") e "Do Leme ao Pontal" (de Tim Maia, 1986).

Anos 1980

Lançou em 1983 o LP O Descobridor dos Sete Mares, com destaque para a canção-título "O Descobridor dos Sete Mares" (Michel e Gilson Mendonça) e para a canção "Me dê Motivo" (Michael Sullivan/Paulo Massadas) um dos seus maiores sucessos. Em 1985, gravou Um Dia de Domingo, também de Sullivan e Massadas, num dueto com Gal Costa, obtendo grande sucesso. Outro disco importante da década de 1980 foi "Tim Maia" (1986), que trazia o hit "Do Leme ao Pontal". Em 1986 participou do musical Cida, a Gata Roqueira, da Rede Globo, paródia ao conto de fadas, inspirado no filme The Blues Brothers (Os Irmãos Caras de Pau), de 1980, no qual James Brown interpreta um pastor evangélico. Nelson Motta criou um personagem similar para Tim, onde o cantor improvisa o Salmo 23 embalado por uma banda tocando funk. Artista com histórico de problemas com as gravadoras, na década de 1970 fundou seu próprio selo, primeiramente Seroma e depois Vitória Regia. Por ele, lançou, em 1990, Tim Maia Interpreta Clássicos da Bossa Nova e, mais tarde, Voltou a Clarear e Nova Era Glacial.

Anos 1990

Descontente com as gravadoras, Tim Maia retomou a ideia da editora Seroma e da gravadora Vitória Régia Discos, pela qual passou a fazer seus lançamentos. Regravado por artistas do pop (TitãsParalamas do SucessoMarisa Monte), Tim retribuiu a homenagem gravando "Como Uma Onda", de Lulu Santos e Nelson Motta, que foi grande sucesso nos anos 1990, juntamente com seu álbum ao vivo, de 1992. De Jorge Ben Jor, ganharia o apelido de "o síndico do Brasil", na música "W/Brasil". Ao longo da década, Tim gravaria discos de bossa nova (um deles com Os Cariocas) e de versões clássicos do pop e do soul ("What a Wonderful World").

Em 1993, dois acontecimentos impulsionaram sua carreira: a citação feita por Jorge Ben Jor na canção "W/Brasil" e uma regravação que fez de "Como Uma Onda" (Lulu Santos e Nelson Motta) para um comercial de televisão, de grande sucesso e incluída no CD "Tim Maia", do mesmo ano. Assim, aumentou muito a produtividade nesta década, gravando mais de um disco por ano com grande versatilidade: o repertório passou a abranger bossa nova, canções românticas, funks e souls. Também teve muitas composições regravadas por artistas da nova geração, como Paralamas do Sucesso e Marisa Monte. Em 1996, lançou dois CDs ao mesmo tempo: Amigo do rei, juntamente com Os Cariocas, e What a Wonderful World, com recriações de standards do soul e do pop norte-americanos dos anos de 1950 a 1970. Em 1997, lançou mais três CDs, perfazendo 32 discos em 42 anos de carreira. Nesse mesmo ano, fez uma nova viagem aos Estados Unidos.

Vida pessoal

Teve uma infância pobre no bairro carioca da Tijuca, onde nasceu e cresceu. Quando criança, era entregador de marmitas para ajudar nas despesas de casa. Aos 8 anos cantava no coral da igreja e aos 12 ganhou um violão de seu pai.10 Tim Maia era casado com Maria de Jesus Gomes da Silva, apelidada de Geisa. Ele a conheceu quando ela tinha 17 anos. Juntos tiveram um filho: Carmelo Maia, também conhecido como Telmo (nascido em 1975) e José Carlos da Silva Nogueira (1966-2002).11 Tim também assumiu Márcio Leonardo "Léo" Maia (nascido em 1974), o filho que sua esposa teve na adolescência com o goleiro Vitório, que atuou no Fluminense entre 1966 e 1973. Tim chegou inclusive a registrar o menino pois se apegou ao bebê, já que conheceu a esposa grávida e ela seria mãe solteira, e como Tim viu o menino nascer, sentia como se a criança fosse sua mesmo sabendo não ser.12 Quando Léo Maia tinha 12 anos, Geisa e Tim se separaram. Geisa casou-se novamente com um delegado, tornando-se amiga de Tim e dividia com ele a guarda de Carmelo e Léo. Por acaso, aos 17 anos, Léo Maia descobriu não ser filho biológico de Tim Maia e ficou abalado, já que Tim e a esposa combinaram de não revelar a verdadeira paternidade do menino, mas Léo aceitou bem isso, já gostava do padrasto delegado e de Tim, e ficou feliz por ter dois pais, mesmo nenhum sendo seu verdadeiro.13

Viveu nos Estados Unidos de 1959 a 1963. Afirmava que ao morar fora do país, ficou um bom tempo sem falar o português já que na época poucos brasileiros moravam nos EUA. Lá ele montou uma minibanda e gravou um disco compacto. Para sobreviver no país, chegou a trabalhar em lanchonetes da região.14 No começo residiu em Tarrytown, com a família de um conhecido cliente de seu pai. Em 1961, se mudou para Nova Iorque, e em 1963 com um grupo de três amigos decidiram viajar para o sul dos Estados Unidos. Com um carro roubado e fazendo pequenos furtos para financiar a viagem, o que lhe rendeu cinco prisões, Tim e seus amigos percorreram nove estados antes de chegar na Flórida. Em Daytona Beach, Tim teve sua prisão definitiva por porte de maconha, onde foi deportado de volta ao Brasil.

Tentou a carreira política ao filiar-se ao PSB, em outubro de 199715 onde seria o candidato a Senador pelo Rio de Janeiro nas eleições gerais de 1998, porém acabou falecendo antes.

Tim Maia se tornou notável por não aparecer ou atrasar em shows, e frequentemente reclamar da qualidade do áudio nos mesmos.16 Isso ocorria devido ao intenso consumo de uísquecocaína e maconha antes dos shows.17 No final de sua vida sofreu com problemas relacionados a obesidade, diabetes e problemas respiratórios. Em 1996, teve uma síndrome de Fournier que foi retirada por uma operação de emergência.

Durante a gravação de um espetáculo para a TV no Teatro Municipal de Niterói, no dia 8 de março de 1998, Tim tentou cantar, mesmo sabendo de sua má condição de saúde. Não conseguiu e retirou-se sem dar explicações; terminou sendo levado para o Hospital Universitário Antônio Pedro. Tim faleceu em 15 de Março em Niterói aos 55 anos e com 140 quilos, devido a uma infecção generalizada.18 No ano seguinte seria homenageado por vários artistas da MPB num show tributo, que se transformou em disco, especial de TV e vídeo.

Prêmios e homenagens

Em 1988, 1990, 1992, 1993, 1995 e 1997 foi o vencedor do prestigiado Prêmio Sharp de música na categoria de melhor cantor.

Em 2004, a Som Livre lançou o álbum Soul Tim: Duetos, onde vários artistas, como Luiz MelodiaFat FamilyClaudinho e Buchecha, realizaram duetos póstumos (através de recursos tecnológicos, semelhante à gravação de "Unforgettable" por Nat King Cole e a filha Natalie Cole)19 .

Em janeiro de 2001, em uma homenagem inusitada, o guitarrista Robin Finck do Guns N' Roses tocou uma versão rocker de seu sucesso "Sossego", durante a apresentação da banda no Rock In Rio III.20

Entre tantas homenagens de qualidade já feitas a ele, a mais recente foi no dia 14 de dezembro de 2007, quando a Rede Globo de televisão homenageou Tim no especial Por Toda a Minha Vida. Ainda em 2007, o jornalista e produtor musical Nelson Motta, amigo e fã de Tim, lançou o best-seller Vale Tudo - O Som e a Fúria de Tim Maia, pela Editora Objetiva.

Em 2009, o cantor foi homenageado no programa Som Brasil com participações de Leo Maia, Seu JorgeThalma de Freitas, Marku Ribas, Carlos Dafé, Taryn Spielman e a banda Instituto.21

Em 2011, Nelson Motta e João Fonseca criaram um musical baseado no livro Vale Tudo22 . O papel de Tim foi interpretado por Tiago Abravanel, neto de Silvio Santos23 . Uma adaptação cinematográfica do livro será lançada em 2014.24



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