Guilherme
Arantes (São Paulo, 28 de julho de 1953) é um cantor e compositor brasileiro. Começou
sua carreira como tecladista e vocalista da banda Moto
Perpétuo - grupo de rock progressivo dos anos 70.
Em 1976, "um anjo
mau, desses que vive nas telas de TV, disse: Vai, Guilherme! ser sucesso na
vida. E ele foi." Mas, já em 1977, Guilherme Arantes, paulistano da Bela
Vista – o famoso bairro do Bixiga - declarava à Folha
de S. Paulo, bravo: "Eu não abandonei a FAU (Faculdade
de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo) no quarto ano para
ser herói de gravadora". Referia-se a uma pendenga com a Som Livre.
Até hoje Arantes é polêmico no que se refere a suas declarações, no que
concerne ao mercado fonográfico.
Na mesma
entrevista, ele explicava: "minha geração de músicos saiu aos trancos. O
tempo dos festivais tinha passado e o dos grandes movimentos musicais também.
Além disso, o momento estava mais para parar que para começar." A verdade
é que, com o fim do Moto Perpétuo, grupo de rock progressivo, que durou de 1974
a 1975, veio o vazio. Ele mesmo confessaria: "o Moto Perpétuo durou quase
um ano e quando paramos eu fiquei um pouco perdido".
Foi nessa
altura da vida, que uma de suas composições estourou e foi utilizada na trilha
sonora da telenovela Anjo Mau (de Cassiano Gabus Mendes, exibida na Rede Globo em
1976). E quem não se recorda da famosa frase musical "quando eu fui
ferido, vi tudo mudar", que a rigor, segundo Arantes declarou a Leda Nagle,
no Sem Censura, da TVE Rio, seria originalmente "me atirei no mundo e vi
tudo mudar". A canção teria sido mudada às pressas, a pedido do produtor
musical da telenovela, para adequar-se ao personagem vivido pelo ator José
Wilker, reinterpretado mais tarde, em 1997, pelo colega de Polissonante – o
primeiro grupo amador de Arantes – o ator Kadu
Moliterno.
Quanto a Meu
mundo e nada mais - a tal canção - se tornaria um ícone no imaginário popular
brasileiro - identificada já nos primeiros acordes - a famosa abertura de solo de
piano. Daí para a frente foram 25 temas para telenovelas da Rede Globo, várias
canções incluídas em especiais infantis, entre elas o tão famoso Lindo balão
azul, que o tornaria famoso nacionalmente, muitas gravações por parte de
grandes nomes da MPB, incluindo o rei Roberto
Carlos, Elis Regina, Sá
e Guarabira, MPB4, Caetano
Veloso, Emílio Santiago, Maria
Bethânia, Leila Pinheiro, Joanna, Fafá de Belém, Quarteto
em Cy, entre tantos outros, além do bônus de "Deixa chover" tocada
em "Joana, a Virgem" – telenovela de produção venezuelana.
E, com isso,
lá se vão mais de trinta anos de carreira solo e o reconhecimento imediato de
pelo menos vinte canções que ele canta e toca na televisão ou nos cerca de 140
espetáculos ao ano que promove Brasil afora. É fato corriqueiro ouvir o público
cantando euforicamente seus 20 maiores sucessos com ele, em shows, embora
declare, sempre nos bastidores, que jura que ainda vai gravar um disco chamado
"Os Vinte Maiores Fracassos de Guilherme Arantes", com muitas de suas
canções mais bonitas e que, por uma razão ou outra, não foram muito executadas.
Foram também
34 coletâneas e 25 discos de carreira, incluindo Clássicos (1994), em que
propunha novas versões para os clássicos da música internacional do período
1968-1972, mas, como "bom leonino", e "inconformado" com
"apenas isso" para sua extensa carreira de 30 anos, Arantes possui
ainda, e para o orgulho do Brasil, já que ele é o único a obtê-lo até agora, o
"certificado Steinway", da famosa fábrica americana de pianos, uma
espécie de ISO 9002 dos pianistas mundiais.
Gravou, ainda,
em 2000 um disco com características new age intitulado New classical
piano solos, em que demonstra todo seu requinte pianístico, e que tem nos
vocais a filha mais velha Marietta. Em 2001, gravou seu acústico, pela Sony
Music, no Teatro Mars – no velho Bixiga – em São Paulo, que lhe rendeu também
um DVD ao vivo, naquele mesmo ano.
Em 2003, após
quatro anos sem disco de inéditas, retornou à gravadora Som Livre, com o álbum
"Aprendiz", que trazia a música "Casulo", tema da novela
"Agora é que são elas" (TV Globo) e nesse período também passou a
realizar, esporadicamente, shows com Leila
Pinheiro e outro com Flávio Venturini.
Em 2007,
lançou pela Som Livre, dois produtos de uma só vez: o CD/DVD Intimidade, com os
maiores sucessos reunidos em versões acústicas, gravados em clima intimista em
seu Estúdio Coaxo de Sapo, na Bahia e o CD de músicas inéditas Lótus, com
destaque para a retomada de parcerias com Nelson
Motta, em "Vaivém (Amor de Carnaval) e "Verão de 59", além
de "Disque Sim", música composta com Max Vianna, filho de Djavan.
Nesse disco, a maior surpresa é o rap "Tributo" (cena de Cinema), uma
valorização aos ídolos da Raça Negra. Na turnê de divulgação desse novo disco,
que passou por São Paulo em fevereiro/2008, lotando o Citibank Hall, pelo menos
21 músicas são tocadas, em versão solo ou Banda.
Assim, nesses
últimos trinta e quatro anos, Guilherme Arantes, que nunca negou sua eclética
multiformação musical, de quem começou tocando chorinho aos quatro anos de
idade, num cavaquinho presenteado pelo pai, o doutor Gelson Arantes, médico e
amigo do doutor Paulo Vanzolini, transitou do rock ao pop, do pop à
MPB, da MPB a New Age, da New Age de volta a MPB com uma familiaridade de dar
inveja a qualquer músico de primeiríssima linha do cenário mundial.
História
"Sou um
pouco de tudo", diz Guilherme Arantes, "e o que mais me inspira é o
amor, departamento mais fascinante do ser humano, que foge à racionalidade e é
um mundo vasto, profundo."
Isto remete,
de imediato, ao cantor de Êxtase, Prelúdio, Um dia, um adeus. Mas, o paulistano
da Bela Vista Guilherme Arantes está longe de ser somente reconhecido por esse
repertório de canções românticas.
Garoto
prodígio, tocou cavaquinho e bandolim aos 4 e piano aos 6. Deixou professores
de piano de cabelo em pé e literalmente na mão. Em função de sua rebeldia
musical tornou-se praticamente um autodidata. Músico profissional aos 15.
Músico de baile aos 17. Tecladista do irreverente Jorge Mautner aos 19.
Aos 21, por
influência do que acontecia na Europa pós-Beatles, torna-se progressivo, no já
cultuado Moto Perpétuo. Verde Vertente hoje consta imponente em antologia do
rock brasileiro dos anos 70, ao lado de A Barca do Sol, O Terço, Som
Imaginário, Joelho de Porco, Bixo da Seda, Casa das Máquinas, entre outros.
Aos 23,
Guilherme Arantes abandona a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, da
Universidade de São Paulo (FAU-USP), e passa a tocar 530 vezes na novela das 7
da mais poderosa das emissoras brasileiras, o que acabaria lhe rendendo o
apelido de "menininho da Globo".
Mais tarde,
uma jornalista da Folha de S. Paulo diagnosticaria: Um Anjo Mau disse:
"Vai, Guilherme, ser sucesso na vida... e ele foi". E o tema Meu
mundo e nada mais, adaptado para o personagem de José Wilker, em Anjo Mau, em
1976, seria só a porta de entrada de sua carreira solo, via Som Livre. A partir
daí, foram 25 novelas, 25 discos de carreira, 34 coletâneas, um DVD acústico
solo, em 2001, pela Sony, outro em 2007, pela Som Livre (Intimidade), projetos
de outros com Leila Pinheiro, Flávio Venturini e, eventualmente, com algumas
orquestras sinfônicas que se dignam a tocar MPB.
O novo DVD,
pela Som Livre, gravado em sua ONG - Instituto Planeta Água/Estúdio Coaxo do
Sapo - na Bahia - abriu a série Intimidade para a Som Livre, em 2007.
Exatos trinta
anos antes, em 1977, para a telenovela Duas Vidas , de Janete Clair, Guilherme
compôs Cuide-se bem. No mesmo ano, a belíssima Baile de Máscaras entrava na
trilha de uma novela fadada à incompreensão: Espelho Mágico, de Lauro César
Muniz, que se constituía no retrato do retrato: a metalinguagem do mundo da TV.
Em 1979, para
Pai Herói também de Janete Clair, indicaria 14 anos, do disco A Cara e a
Coragem (Warner Music), que tratava da temática de um jovem, anos 70, meio
angustiado e perdido numa sociedade que se industrializava em nome do
progresso.
Mas, enquanto
suas músicas faziam sucesso nas trilhas de novelas, o angustiado e inquieto
Guilherme trilhava caminhos quase alternativos. No mesmo momento em que os
também inquietos e irreverentes músicos da Vanguarda Paulista frequentavam os
embolorados porões do Lira Paulistana, na Praça Benedito Calixto, reduto do
inconformismo musical dos anos 80, Guilherme se lançava no projeto de Coração
Paulista, que se não foi um grande sucesso de público, tornou-se cult e sucesso
de crítica, abrindo caminho para que Elis Regina lhe telefonasse pedindo um
hit. E o hit veio imediatamente com Aprendendo a Jogar. Elis também gravaria Só
Deus é quem sabe.
Em 1981, uma
nova guinada: na trilha sonora da novela Baila Comigo, de Manoel Carlos, estoura
com Deixa Chover, tema para a personagem de Betty Faria.
Logo em
seguida, Guilherme se tornaria alvo de uma polêmica histórica na MPB - qual era
a melhor canção do II MPB Shell, de 1981 - Purpurina cantada por Lucinha Lins,
que ganhou o festival debaixo de uma vaia de 10 minutos - ou Planeta Água,
aclamada pelo público minutos antes, e segunda colocada ?
A partir de
1982, Guilherme passa a estourar um ou dois hits pop a cada disco (cd). O
melhor vai começar, Lance Legal, Pedacinhos, Graffitti, Cheia de Charme, Fã
Número 1, Olhos Vermelhos, Coisas do Brasil, Marina no Ar, Ouro, Loucas Horas.
Em 1987, a
canção Um dia um adeus torna-se um hit inimaginável na carreira de Guilherme,
competindo com O amor e o poder da talentosa cantora Rosana, como tema dos
personagens de Vera Fischer e Nuno Leal Maia, na também polêmica Mandala, de
Dias Gomes e Aguinaldo Silva.
Em 1989, um
magnífico CD - Romances Modernos - traz Muito Diferente e o tema de Edson
Celulari, Raça de Heróis, na já cultuada Que Rei sou eu?!, de Cassiano Gabus
Mendes. Em 1990, um Guilherme mais "social' surge em Pão. O disco refletia
a maturidade do pai de (então) quatro filhos, vendo-os crescer num mundo que
parecia tentar o alvo da desmilitarização e enveredava pela modernidade de CDs,
DVDs, Internet. Mas que também trazia a moda do sertanejo, do forró, do axé e
de outros ritmos ultra populares, "impostos" pela mídia. Mídia essa
que, irremediavelmente, também se popularizava, depois de tantos planos
econômicos, e que, de certa forma, deixaria a MPB um tanto à deriva, no mar
revolto da indústria fonográfica.
Viriam ainda,
naquela década, os CDs Crescente (1992), Castelos (1993) e Clássicos (1995),
esse último um projeto para o próprio prazer, como declararia à época, em que
pôde revisitar velhas canções do seu imaginário adolescente, e que já haviam se
tornado clássicos do pop mundial. Isso aconteceu sob a batuta do maestro e
arranjador inglês Grahan Preskett, que já trabalhara com Maria Bethânia. Em
1997, veio a Maioridade, pela Globo/Polygram, marcando seus 21 anos de
carreira. Em 1999, lança um disco pela Playarte, trazendo um Guilherme muito
romântico, mas ao mesmo tempo preocupado com o novo milênio, que se aproximava,
além da regravação de Na linha do horizonte, do também progressivo Azymuth.
O ano 2000
trouxe um Guilherme Arantes tocando progressivo/new age, no CD totalmente
instrumental New Classical Pianos Solos. Trouxe, ainda, um Guilherme animado
com o convite da Steinway Hall, para ser o segundo brasileiro, depois de
Guiomar Novaes, a tocar em seu famoso lounge, com alunos da Julliard School e a
presença marcante de Marietta Arantes, sua filha mais velha, nos vocais.
Mas, os anos
1990/2000, além da modernidade do digital trouxeram também a pirataria: a do
camelô de esquina e a internalizada pela praticidade do MP3. Artistas da MPB em
geral, todos, passavam a buscar seus próprios caminhos a trilhar, num mar de
cópias falsas. Mas o CD traz, também, a imposição das regravações e Guilherme
completa 34 delas em poucos anos: uma fórmula mágica, também, das gravadoras
girarem seus catálogos, sem o ônus dos relançamentos.
O DVD, no
final dos anos 90, início dos 2000, trouxe a obrigatoriedade do "ao
vivo". A moda, implementada aqui pela MTV, lança a obrigatoriedade do
"unplugged": o nosso "acústico". E lá foi, de volta, o
nosso Guilherme, aos então quase vinte e cinco anos de carreira para o bom e
velho Bixiga, onde nasceu, para filmar, no Teatro Mars, o seu acústico para a
Sony, devidamente equipado com seu boné ao estilo Elton John, seu indefectível
tênis vermelho de skatista e duas músicas inéditas: Vai ficar prá mim, uma
balada de despedida, e Prontos para amar, tema para a jovem atriz Taís Araújo,
em Porto dos Milagres, de Aguinaldo Silva, para o horário das 21 horas.
Em 2000, veio,
na vida pessoal de Guilherme, a saída de São Paulo, rumo a Salvador, Primavera
e Outono, uma namorada mais que amada, e que ele lançaria em música, em 2004,
em primeira mão na web - uma experiência bastante interessante.
Em 2003,
também, chegaria Aprendiz , em que Guilherme se renovava na busca de novos
ensinamentos: um verdadeiro "aprender para ensinar" (em sua ONG: o
Instituto Planeta Água), como preconiza a pedagogia do ilustre pensador Paulo
Freire. Naquele mesmo momento, Casulo vai para a trilha de Agora é que são
elas, uma novela que ficou pouquíssimo no ar, devido a uma certa incompreensão
por parte do grande público.
Em 2007,
Guilherme Arantes abre o Live Earth Rio, cantando Planeta Água. No mesmo ano,um
novo CD de inéditas é editado: nasce Lótus. Mais que seu 25º disco de carreira
(incluindo o CD do DVD Intimidade), é uma flor que nasce do tempo. Do tempo de
estrada consolidada por um músico multifacetado e quase atípico. Esse Guilherme
Arantes múltiplo e quase sempre cheio de novas ideias, como aquele jovem que
compôs Amanhã, em um ônibus da antiga CMTC, na subida da Rua Augusta, rumo ao
centro da cidade de São Paulo, ainda nos tempos da Faculdade de Arquitetura da
USP (FAU - USP), em um caderno de anotações.
Lótus chega
como o novo projeto daquele Guilherme Arantes que não se deixaria influenciar
maleficamente por um Maracanãzinho superlotado gritando seu nome, em 1981. Nem
por dezenas de hits. Nem por dezenas de gravações e regravações por parte de
grandes nomes da MPB, entre os quais Caetano, Elis, Roberto Carlos, Maria
Bethânia, Fafá de Belém, MPB4. Pelo contrário. O que se observa, no momento, é
um Guilherme super tranquilo, morando na Bahia, desde 2000, e recém
redescoberto pelos(as) jovens cantores(as) brasileiros(as) - Mart'nália, Paulo
Ricardo, Max Viana, Pedro Mariano, Zélia Duncan, Adriana Calcanhoto, Vanessa da
Mata.
Adriana
incluiria Meu mundo e nada mais, de 1976, no seu mais recente show - Maré -
depois de um momento difícil em sua turnê por Portugal, no início de 2008. Mais
recentemente, também, a brilhante Vanessa da Mata "redescobriria" a
linda canção Um dia, um adeus, de 1987, para o repertório de seu primeiro DVD,
gravado ao vivo em Paraty, para o canal Multishow, que entrou para a trilha
sonora da Novela Global Cama de Gato, exibida às 18h.
Assim, o que
se tem, nesse momento, que marca esta trajetória musical vitoriosa, de
praticamente 35 anos, é um Guilherme Arantes tranquilo, vivendo com a família
na grande Salvador, mas sempre em busca de novas sementes para o replantio em
sua ONG - em Barra do Jacuípe - sua faceta mais visível de biólogo/ecologista
amador, o que, de vez em quando, lhe rende uma queda de árvore, fato que com
frequência relata nas palestras que ministra sobre a temática do meio ambiente,
Brasil afora. Há, ainda, um outro Guilherme que vive em busca de soluções
arquitetônicas para a construção de sua pousada-estúdio Coaxo do Sapo. Sim - ele
também voltou às pranchetas e aos "autocads da vida" - para a enorme
alegria de sua mãe - a Dona Hebe - que ainda sonha com sua volta para as aulas
na FAU - USP. Isso tudo sem deixar de lado, claro, as inevitavelmente presentes
inspirações musicais, que ele, de quebra, quase sempre registra no seu bom e
velho caderninho de anotações.
Guilherme
produziu em 2010 o CD do cantor e compositor Sérgio Passos, para o selo Coaxo
do Sapo, lançado recentemente.
Guilherme
Arantes: 35 anos de trajetória artística / Lótus e Intimidade: os mais recentes
CD e DVD de Guilherme Arantes, pela Som Livre.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Guilherme_Arantes
Se você gosta de ler histórias sobre "Cangaço" clique no link abaixo:
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Faça uma visitinha a este site:
http://cantocertodocangaco.blogspot.com
Observação:
Este endereço tem a palavra "Cangaço", mas não tem nada a ver com o tema, foi um erro no momento de sua criação. Ainda não conseguimos fazer outro link de acordo com o material postado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário