Milton Parron
acompanha casamento de Roberto e Nice na Bolívia
Nunca vi um
casamento tão cheio de imprevistos como o de Roberto Carlos com Cleonice Rossi,
realizado em 1968 em Santa Cruz de La Sierra, Bolívia. Tudo conspirava
para não dar certo, mas acabou dando.
acervodoreirobertocarlos.blogspot.com
O ambiente na
cidade era sombrio, repleta de soldados do exército por causa da morte de Che
Guevara ocorrida naqueles dias numa região próxima dali. Vagas nos poucos
hotéis custavam os olhos da cara, o local do casamento foi no espaço acanhado
de uma suite de hotel onde dezenas de jornalistas tiveram de se espremer,
faltou um dos padrinhos sendo substituído por um de nós escolhido em tumultuado
sorteio.
Para coroar,
acredite, na hora de botar a aliança no dedo da noiva cadê a aliança?
Roberto Carlos a tinha deixado cair e justamente na hora em que por excesso de
consumo de energia elétrica causada pelos spots de tv, tudo ficara às escuras.
Fósforos e isqueiros acesos e meio mundo de cócoras atrás da aliança, incluindo
Roberto Carlos.
Nice perplexa,
não acreditando, sorria encabulada. Registrei o fato e mostro pra vocês, 43
anos depois.
Paulinho
Tapajós posa para foto em 2005 (Foto: Fernando Moraes/Folhapress)
O compositor Paulo
Tapajós Gomes Filho, conhecido como Paulinho Tapajós, morreu na manhã desta
sexta-feira (25), no Rio de Janeiro, aos 68 anos. O músico, autor dos
clássicos "Andança" e "Sapato velho", lutava contra um
câncer havia seis anos. Ele estava internado no hospital Total Cor, em Ipanema,
na Zona Sul da cidade. A morte foi confirmada pela União Brasileira de
Compositores (UBC).
O velório,
segundo o jornal O
Globo, será neste sábado na capela 1 do Cemitério São João Batista, a
partir das 9h. O enterro será às 14h.
No Facebook,
Tibério Gaspar, primo dele, noticiou a morte e lamentou. "Nesse momento
recebi com muito pesar a notícia de falecimento do meu primo e amigo Paulinho
Tapajós. Começamos juntos a carreira musical. Paulinho era um poeta de infinita
grandeza. Estou muito triste com essa notícia embora soubesse que era
inevitável e o melhor pra ele. Paulinho lutou bravamente contra um
câncer. Foram uns seis anos de sofrimento intenso. Meus pêsames Heloísa.
Querido amigo descanse em paz e até algum dia. Um beijo de luz na sua
alma."
Além de
cantor, músico e compositor, Tapajós era produtor musical, escritor e
arquiteto. Era filho de Paulo Tapajós, também compositor e cantor, além de
radialista, e irmão do compositor Maurício Tapajós e da cantora Dorinha
Tapajós.
Junto com
Nonato Buzar, assinou "Irmãos coragem", tema da novela da TV Globo,
em 1970.
A União Brasileira de Compositores colocou em seu Twitter uma nota sobre a
morte do músico. "Lamentamos o falecimento do compositor Paulinho Tapajós.
Ele foi diretor da UBC de 1987 a 1992, além de excelente poeta e grande
pessoa".
Trajetória
Durante sua infância, Paulinho Tapajós costumava frequentar o auditório da
Rádio Nacional, emissora da qual seu pai era diretor artístico. Cresceu em um
ambiente musical, convivendo desde menino com vários artistas, como Emilinha
Borba, Marlene e Radamés Gnatalli, que costumavam frequentar a casa de seus
pais.
Na adolescência, estudou violão com Léo Soares e Arthur Verocai, que veio a ser
seu primeiro parceiro. Paulinho iniciou sua trajetória artística no final da
década de 1960, quando ainda cursava Arquitetura na Universidade Federal do Rio
de Janeiro, onde se formou em 1971.
Participou, em 1968, do "Música Nossa", projeto realizado com o
objetivo de promover encontros entre compositores e cantores em espetáculos
realizados no Teatro Santa Rosa, no Rio de Janeiro. Nesse ano, teve pela
primeira vez registrada uma música de sua autoria: "Madrugada" (c/
Arthur Verocai), incluída no LP "Música Nossa", em gravação de Magda.
Entre 1968 e
1970, destacou-se como compositor premiado em diversos festivais de música, com
destaque para sua participação no III Festival Internacional da Canção, no qual
obteve o terceiro lugar, na fase nacional, com a canção "Andança" (c/
Edmundo Souto e Danilo Caymmi), hoje com quase 300 gravações, e no IV Festival
Internacional da Canção, no qual obteve o primeiro lugar na fase nacional e o
primeiro lugar na fase internacional, com "Cantiga por Luciana" (c/
Edmundo Souto), hoje com mais de 100 gravações.
Capital
Inicial é uma banda de rock brasileira formada em Brasília,
Distrito Federal, no ano de 1982.
A banda é formada pelos irmãos Fê Lemos (bateria) e Flávio Lemos (baixo),
ex-integrantes do Aborto Elétrico, ao lado de Renato Russo, e Loro Jones
(guitarra), oriundo da banda Blitz 64. Em 1983, Dinho Ouro Preto, após um
estágio como baixista da banda "dado e o reino animal" (assim mesmo,
com letras minúsculas), onde também tocavam Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá,
entra para os vocais. Em julho estreiam em Brasília, tocando em seguida em São
Paulo (SESC Pompeia) e no Rio de Janeiro (Circo Voador). Aliás, esta foi
uma das características marcantes do início da carreira: as constantes
viagens e apresentações nos principais palcos do underground do rock
brasileiro.
Em 1984, o ritmo cada vez maior de viagens indica a necessidade de estarem mais
próximos do seu principal mercado, as regiões Sudeste e Sul. No final do ano
assinam seu primeiro contrato fonográfico, com a CBS (atual Sony), e se mudam
para São Paulo no inicio de 1985. Logo em seguida lançam seu primeiro registro
em vinil, o compacto duplo "Descendo o Rio Nilo/Leve Desespero".
Ainda neste ano integram o elenco da trilha sonora do primeiro
"filme-rock" brasileiro, "Areias Escaldantes", de Francisco
de Paula, ao lado de Ultraje a Rigor, Titãs, Lobão e os Ronaldos, Ira!, Metrô,
Lulu Santos e May East.
O primeiro LP, Capital Inicial, já pela Polygram, foi lançado em 1986 e recebeu
ótimas críticas. "Um rock limpo, vigoroso, dançante e sobretudo
competente, a quilômetros de distância da mesmice que assaltou a música pop
brasileira nos últimos tempos", assim o jornalista Mário Nery abre a
crítica ao disco no caderno Ilustrada, da Folha de S.Paulo, em 29 de julho de
1986. O álbum trazia músicas como "Música Urbana",
"Psicopata", "Fátima", "Veraneio Vascaína"
(censurada pela Polícia Federal), "Leve Desespero" entre outras, e
levou o Capital Inicial ao seu primeiro disco de ouro.
Em 1987, contando com o tecladista Bozzo Barretti em sua formação, o Capital
Inicial lança seu segundo disco, Independência, emplacando "Prova",
"Independência", a regravação de Descendo o Rio Nilo, e conquista o
segundo disco de ouro. Neste ano, é convidado para abrir os shows da turnê do
cantor inglês Sting em São Paulo (Estacionamento do Anhembi), Rio de Janeiro no
Maracanã, Belo Horizonte no Estádio Independência, Brasília no Estádio Mané
Garrincha e Porto Alegre no Estádio Olímpico Monumental.
Você Não Precisa Entender chega as lojas de todo o país em 1988, com mais hits,
"A Portas Fechadas", "Pedra Na Mão" e "Fogo". O
ano de 1989 marca o lançamento do álbum Todos os Lados, com destaque para as
faixas "Todos os Lados", "Mickey Mouse em Moscou" e
"Belos e Malditos". Em 1990 participam do festival Hollywood Rock,
realizado em São Paulo e no Rio de Janeiro.
O álbum Eletricidade, lançado em 1991, marca o início de mudanças no Capital Inicial,
começando pela gravadora. O álbum, lançado pela BMG, trazia uma versão para
"The Passenger", de Iggy Pop, batizada de "O Passageiro", e
composições como "Kamikaze" e "Todas as Noites". Neste
mesmo ano, participam da segunda edição do festival Rock in Rio.
Em 1992, Bozzo Barretti deixa o grupo, e em 1993, divergências musicais e
pessoais levam o vocalista Dinho Ouro Preto a seguir carreira solo. Enquanto
isso, o Capital Inicial, agora com o santista Murilo Lima (ex-banda Rúcula) nos
vocais, lança Rua 47 em 1994.
Em 1996 a banda lança Capital Inicial Ao Vivo, o primeiro pela Qualé Cumpadi
Records, gravadora independente que a banda monta, e o segundo pela Rede Brasil
Discos, atual Alpha Discos. Durante os próximos cinco anos a banda praticamente
desaparece da mídia, levando muitos a acreditar que a banda tinha acabado. Mas
a verdade é que a banda nunca parou de excursionar e fazer shows, e se manteve
ativa numa época de baixa do rock brasileiro.
São Paulo, março de 1998, amadurecidos, com o respaldo do lançamento, pela
Polygram, do álbum O Melhor do Capital Inicial, da constante execução de suas
músicas pelas maiores emissoras de rádio e, principalmente, com o apoio dos
fãs; que mantiveram o Capital Inicial vivo, seus quatro integrantes originais
decidem voltar aos palcos. Dinho Ouro Preto, Loro Jones, Fê Lemos e Flávio
Lemos voltam à estrada com um novo show, uma comemoração aos 15 anos da banda e
aos 20 anos do nascimento do rock candango. O repertório traz sucessos, faixas
pouco conhecidas e composições de bandas que fizeram parte da cena de Brasília
nos anos 80, como Plebe Rude, Legião Urbana e Finis Africae.
Em julho do mesmo ano a banda assina com a gravadora Abril Music, e em setembro
ruma para Nashville no Tennessee, EUA, onde gravam Atrás dos Olhos. Este disco
é produzido por David Zá, que entre outros trabalhou com artistas como Prince,
Billy Idol e Fine Young Cannibals. As músicas mais executadas desse disco foram
"O Mundo" de Pit Passarell, baixista da banda Viper e amigo da banda,
"1999" e "Eu Vou Estar". Todas essas músicas tiveram
videoclipes com grande repercussão junto ao público da MTV, sendo que "O
Mundo" concorreu a cinco prêmios na edição de 1999 do Vídeo Music Brasil.
O ano de 1999 é dedicado à turnê brasileira e, ao longo dos shows, a banda,
além dos antigos fãs, encontra um novo público, adolescentes que não conhecem
seus primeiros discos. Então surge a ideia de fazer um disco ao vivo, juntando
novos e antigos sucessos. Rapidamente esta ideia se transforma no projeto de um
disco acústico, em parceria com a MTV.
O último ano do século 20 começa com a banda se preparando para a gravação do
Acústico MTV, que acaba ocorrendo em março com a participação do cantor e
compositor Kiko Zambianchi. O disco é lançado dia 26 de maio, e a primeira
tiragem rapidamente se esgota nas principais lojas do Brasil. A primeira música
escolhida para tocar nas rádios, "Tudo Que Vai", de Alvin L., Toni
Platão e Dado Villa-Lobos, é amplamente executada em todo o país, e a banda vê
reconhecido o seu empenho em fazer um disco acústico de rock simples,
despojado, mas com a mesma atitude dos seus melhores discos. Isso fica claro em
2001 (ano da participação do grupo no terceiro Rock in Rio), quando o sucesso
"Natasha" explode entre as músicas mais executadas nas rádios de todo
o Brasil e faz com que as vendas do disco alcançassem mais de 1 milhão de
cópias, colocando assim o Capital Inicial como uma das maiores bandas do rock
brasileiro.
Em 2002, após a turnê "desplugada" o Capital volta com força total às
guitarras fazendo um disco totalmente rock n' roll. Saída do Loro Jones, para
carreira solo e fazendo ponta em Cinema em Brasília. Com Yves Passarel
assumindo o posto de guitarrista, é lançado Rosas e Vinho Tinto. Os hits
"A Sua Maneira" e "Mais" explodem nas rádios e o disco já
alcança a marca de 200 mil cópias vendidas.
Após a turnê de giGAntE!, a banda se dedica a um antigo projeto, regravar as
músicas da banda Aborto Elétrico (a banda que originou Capital Inicial e Legião
Urbana) com os arranjos originais. Lançam em 2005, CD e DVD MTV Especial:
Aborto Elétrico com algumas das canções da banda lendária de Brasília.
O álbum Eu Nunca Disse Adeus é lançado em 2007, com uma sonoridade diferente,
tanto melódica quanto vocal, onde Dinho Ouro Preto faz uso de seu timbre grave,
não abusando dos gritos que permearam Gigante e MTV Especial: Aborto Elétrico.
Neste álbum destaque para as faixas, "A Vida É Minha (E Eu Faço o que Eu
Quiser)", "Eu e Minha Estupidez", "Aqui", e o primeiro
single "Eu Nunca Disse Adeus". Neste mesmo ano venceu o Prêmio
Multishow 2007 na categoria Melhor Grupo.
Em 2008, lança o álbum ao vivo Multishow ao Vivo: Capital Inicial em Brasília
para comemorar os 25 anos da carreira. O disco foi gravado em Brasília, na
Esplanada dos Ministérios, no dia 21 de abril, aniversário da cidade e que
contou com mais de 1 milhão de pessoas na plateia. Participaram do show os
músicos convidados Robledo Silva e Fabiano Carelli. A primeira música de
trabalho do álbum é "Algum Dia", e a segunda é "Dançando com a
Lua".
No sábado do dia 31 de outubro de 2009, a banda estava fazendo um show em Patos
de Minas, Minas Gerais, quando Dinho Ouro Preto teve uma queda de três metros
de altura do palco, assustando seus fãs do Brasil. Dinho sofreu traumatismo
craniano leve e uma fratura na costela; e após cinco dias de internação, o
cantor voltou para a UTI por causa de uma infecção.
No dia 30 de dezembro, o vocalista Dinho saiu do hospital, depois de quase um
mês internado. A banda se encontra em estúdio para a gravação de seu novo
álbum, Das Kapital, que está previsto para ser lançado no primeiro semestre de
2010.
Michel Teló nasceu em Medianeira, no dia 21 de
janeiro de 1981) é um cantor, compositor e multi-instrumentista brasileiro. Fez parte
de dois grupos musicais mas foi no Grupo Tradição que sua carreira como vocalista
tomou impulso. Cantor
desde a infância, Teló se tornou conhecido no ano de 1994, como vocalista do
grupo Tradição, os maiores sucessos do grupo, como
"Barquinho", "O Caldeirão", "Pra Sempre Minha
Vida", "A Brasileira" e "Eu Quero Você", são de sua
autoria. O
cantor já figurou na parada Social 50 a frente de Madonna e Coldplay, da revista
americana Billboard, que mede a popularidade dos artistas nas redes
sociais.
Em carreira
solo, Teló lançou um álbum de estúdio e dois ao vivo, o álbum Michel Teló - Ao Vivo recebeu uma
indicação ao Grammy Latino. Em
2011, lançou seu segundo álbum
ao vivo, intitulado Na Balada, gravado durante a turnê Fugidinha
Tour, e teve um bom desempenho comercial alcançando a segunda posição na Top 20 Semanal ABPD, e a
segunda posição no gráfico Portuguese Álbuns Chart, recebendo certificado de
platina. O
primeirosingle do álbum, "Ai
Se Eu Te Pego", tornou-se o segundo número um na Billboard Brasil Hot 100, chegando ainda à
primeira posição na Alemanha, Espanha e Itália deixando
para trás grandes nomes da música mundial comoAdele, Rihanna, Lady Gaga, David
Guetta e Usher.
Ao longo de
2011, Teló fez mais de 240 shows, quando junho foi o mês
de maior atividade, tendo se apresentado todos os dias pelo Norte e Nordeste nas festas
juninas. De acordo com a Revista Forbes, a turnê Fugidinha
Tour foi vista por 17 milhões de pessoas e arrecadou cerca de 18
milhões em 2011. Também foi citado pela revista como fenômeno mundial, fato que
para a revista apenas brasileiros como Ronaldo, Gisele
Bündchen e Ronaldinho Gaúcho conseguiram. Também
atingiu o recorde ao ter a canção brasileira com maior número de visualizações
doYoutube, com
mais de 300 milhões de acessos. Ainda em 2011 foi a décima pessoa mais acessada
da Google
Brasil.
Michel Teló
teve sexta música mais vendida no mundo em 2012, segundo relatório
divulgado pelo IFPI (Federação
Internacional da Indústria Fonográfica) com os números das vendas (físicas e
digitais) mostra os dez singles mais vendidos do ano passado, Michel
Teló apareceu na sexta posição com seu hit 'Ai se eu te pego' e
impressionantes 7,2 milhões de cópias vendidas, fazendo o sertanejo chegar
ao topo do ranking em 23 países da Europa e América
Latina.
O cachê de
Teló se encontra em cerca de 150 mil por show, sendo ao lado de Jorge
& Mateus, Luan Santana, Paula
Fernandes e Gusttavo Lima os artistas com os maiores cachês
do país. Teló é inspirado por artistas damúsica popular brasileira como Roberto
Carlos e Luiz Gonzaga, além de nomes da música sertaneja comoLeonardo e Chitãozinho & Xororó. Ele declarou que
a sua cidade é uma fonte de inspiração para a suas composiçãos. Em
2012 Teló se tornou o segundo artista brasileiro da história a figurar a parada
estadunidense Billboard Hot 100.
Em abril de 2013, venceu duas das
sete categorias em que concorria no Billboard Latin Music Awards, um dos
principais prêmios da musica latina que foi entregue em Miami. O brasileiro
foi premiado por Música do Ano e Música Pop do Ano por "Ai
Se Eu Te Pego". O cantor sertanejo ainda venceu na categoria de melhor
música latina (Top Latin Song) do Billboard Music Awards 2013.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Michel_Tel%C3%B3
Se você gosta de ler histórias sobre "Cangaço" clique no link abaixo:
Por: Eduardo e Mônica, Uma Análise Psico-Neurótica
O
falecido Renato Russo era, sem dúvida, um ótimo músico e um excelente
letrista. Escreveu verdadeiras obras de arte cheias de originalidade
e sentimento. Como artista engajado que era, defendia veementemente seus pontos
de vista nas letras que criava. E por isso mesmo, talvez algumas delas
excedam a lógica e o bom senso. Como no caso da música Eduardo e Mônica, do
álbum "Dois" da Legião Urbana, de 1986, onde a figura masculina
(Eduardo) é tratada sempre como alienada e inconsciente, enquanto a feminina
(Mônica) é a portadora de uma sabedoria e umestilo de vida evoluidíssimos.
analisemos o que diz a letra.
Logo na
segunda estrofe, o autor insinua que Eduardo seja preguiçoso e indolente (Eduardo
abriu os olhos mas não quis se levantar; Ficou deitado e viu que horas eram) ao
mesmo tempo que tenta dar uma imagem forte e charmosa à Mônica (enquanto
Mônica tomava um conhaque noutro canto da cidade como eles disseram). Ora, se
esta cena tiver se passado de manhã como é provável, Eduardo só estaria fazendo
sua obrigação: acordar. Já Mônica revelaria-se uma cachaceira profissional,
pois virar um conhaque antes do almoço é só para quem conhece muito bem o
ofício.
Mais à frente,
vemos Russo desenhar injustamente a personalidade de Eduardo de maneira frágil
e imatura (Festa estranha, com gente esquisita). Bom, "Festa
estranha" significa uma reunião de porra-loucas atrás de qualquer bagulho
para poderem fugir da realidade com a desculpa esfarrapada de que sãocontra o
sistema. "Gente esquisita" é, basicamente, um bando de sujeitos que
têm o hábito gozado de dar a bunda após cinco minutos de conversa. Também são
as garotas mais horrorosas da via-láctea. Enfim, esta era a tal "festa
legal" em que Eduardo estava. O que mais ele podia fazer? Teve que encher
a cara pra agüentar aquele pesadelo, como veremos a seguir.
Assim temos (-
Eu não estou legal. Não aguento mais birita). Percebe-se que o jovem
Eduardo não está familiarizado com a rotina traiçoeira do álcool. É um garoto
puro e inocente, com a mente e o corpo sadios. Bem ao contrário de Mônica, uma
notória bêbada sem-vergonha do underground.
Adiante,
ficamos conhecendo o momento em que os dois protagonistas se encontraram (E a
Mônica riu e quis saber um pouco mais Sobre o boyzinho que tentava impressionar).
Vamos por partes: em "E a Mônica riu" nota-se uma atitude de
pseudo-superioridade desumana de Mônica para com Eduardo. Ela ri de um bêbado
inexperiente! Mais à frente, é bom esclarecer o que o autor preferiu maquiar.
Onde lê-se "quis saber um pouco mais" leia-se" quis dar
para"! É muita hipocrisia tentar passar uma imagem sofisticada da tal
Mônica.
A verdade é
que ela se sentiu bastante atraída pelo "boyzinho" que tentava
impressionar"! É o máximo do preconceito leviano se referir ao singelo
Eduardo como "boyzinho". Não é verdade. Caso fosse realmente um
playboy, ele não teria ido se encontrar com Mônica de bicicleta, como consta na
quarta estrofe (Se encontraram então no parque da cidade A Mônica de moto e o
Eduardo de camelo). Se alguém aí age como boy, esta seria Mônica, que vai ao
encontro pilotando uma ameaçadora motocicleta. Como é sabido, aos 16 (Ela era
de Leão e ele tinha dezesseis) todo boyzinho já costuma roubar o carro do pai,
principalmente para impressionar uma maria-gasolina como Mônica.
E tem mais: se
Eduardo fosse mesmo um playboy, teria penetrado com sua galera na tal festa,
quebraria tudo e ia encher de porrada o esquisitão mais fraquinho de todos na
frente de todo mundo, valeu?
Na ocasião do
seu primeiro encontro, vemos Mônica impor suas preferências, uma constante
durante toda a letra, em oposição a uma humilde proposta do afável Eduardo (O
Eduardo sugeriu uma lanchonete Mas a Mônica queria ver filme do Godard).
Atitude esta, nada democrática para quem se julga uma liberal.
Na verdade,
Mônica é o que se convencionou chamar de P.I.M.B.A (Pseudo Intelectual Metido à
Besta e Associados, ou seja, intelectuerdas, alternativos, cabeças e viadinhos
vestidos de preto em geral), que acham que todo filme americano é ruim e o que
é bom mesmo é filme europeu, de preferência francês, preto e branco, arrastado
para caralho e com bastante cenas de baitolagem.
Em seguida
Russo utiliza o eufemismo "menina" para se referir suavemente à
Mônica (O Eduardo achou estranho e melhor não comentar. Mas a menina tinha
tinta no cabelo). Menina? Pudim de cachaça seria mais adequado. Ainda há pouco
vimos Mônica virar um Dreher na goela logo no café da manhã e ele ainda a chama
de menina? Além disto, se Mônica pinta o cabelo é porque é uma balzaca querendo
fisgar um garotão viril. Ou então porque é uma baranga escrota.
O autor
insiste em retratar Mônica como uma gênia sem par. (Ela fazia Medicina e falava
alemão) e Eduardo como um idiota retardado (E ele ainda nas aulinhas de inglês).
Note a comparação de intelecto entre o casal: ela domina o idioma germânico,
sabidamente de difícil aprendizado, já tendo superado o vestibular altamente
concorrido para Medicina. Ele, miseravelmente, tem que tomar aulas para poder
balbuciar "iéis", "nou" e "mai neime is Eduardo"!
Incomoda como são usadas as palavras "ainda" e "aulinhas",
para refletir idéias de atraso intelectual e coisa sem valor, respectivamente.
Na sequência,
ficamos a par das opções culturais dos dois (Ela gostava do Bandeira e do
Bauhaus, De Van Gogh e dos Mutantes, De Caetano e de Rimbaud). Temos nesta
lista um desfile de ícones dos P.I.M.B.A., muito usados por quem acha que
pertence a uma falsa elite cultural. Por exemplo, é tamanha uma pretensa
intimidade com o poeta Manuel de Souza Carneiro Bandeira Filho, que usou-se a
expressão "do Bandeira". Francamente, "Bandeira" é aquele
juiz que fica apitando impedimento na lateral do campo. O sujeito mais normal
dessa moçada aí cortou a orelha por causa de uma sirigaita qualquer. Já viu o
nível, né? Só porra-louca de primeira. Tem um outro peroba aí que tem coragem
de rimar "Êta" com "Tiêta" e neguinho ainda diz que ele é gênio!
Mais uma vez
insinua-se que Eduardo seja um imbecil acéfalo (E o Eduardo gostava de novela)
e crianção (E jogava futebol de botão com seu avô). A bem da verdade, Eduardo é
um exemplo. Que adolescente de hoje costuma dar atenção a um idoso? Ele poderia
estar jogando videogame com garotos de sua idade ou tentando espiar a empregada
tomar banho pelo buraco da fechadura, mas não. Preferia a companhia do avô em
um prosaico jogo de botões! É de tocar o coração. E como esse gesto magnânimo
foi usado na letra? Foi só para passar a imagem de Eduardo como um paspalho
energúmeno. É óbvio, para o autor, o homem não sabe de nada. Mulher sim, é
maturidade pura.
Continuando,
temos (Ela falava coisas sobre o Planalto Central, Também magia e meditação).
Falava merda, isso sim! Nesses assuntos esotéricos é onde se escondem os
maiores picaretas do mundo. Qualquer chimpanzé lobotomizado pode grunhir
qualquer absurdo que ninguém vai contestar. Por que? Porque não se pode provar
absolutamente nada. Vale tudo! É o samba do crioulo doido. E quem foi cair
nessa conversa mole jogada por Mônica? Eduardo é claro, o bem intencionado de
plantão. E ainda temos mais um achincalhe ao garoto (E o Eduardo ainda estava
no esquema escola - cinema - clube - televisão). O que o Sr. Russo queria? Que
o esquema fosse "bar da esquina - terreiro de macumba - sauna gay -
delegacia"?? E qual é o problema de se ir a escola?!?
Em seguida, já
se nota que Eduardo está dominado pela cultura imposta por Mônica (Eduardo e
Mônica fizeram natação, fotografia, teatro, artesanato e foram viajar). Por
ordem:
1) Teatro e
artesanato não costumam pagar muito imposto. 2) Teatro e
artesanato não são lá as coisas mais úteis do mundo. 3) Quer saber?
Teatro e artesanato é coisa de viado!!!
Agora temos os
versos mais cretinos de toda a letra (A Mônica explicava pro Eduardo Coisas
sobre o céu, a terra, a água e o ar). Mais uma vez, aquela lengalenga esotérica
que não leva a lugar algum. Vejamos: Mônica trabalha na previsão do tempo? Não.
Mônica é geóloga? Não. Mônica é professora de química? Não. A porra da Mônica é
alguma aviadora? Também não. Então que diabos uma motoqueira transviada pode
ensinar sobre céu, terra, água e ar que uma muriçoca não saiba?
Novamente,
Eduardo é retratado como um debilóide pueril capaz de comprar alegremente a
Torre Eiffel após ser convencido deste grande negócio pelo caô mais furado do
mundo. Santa inocência... Ainda em (Ele aprendeu a beber), não precisa ser
muito esperto pra sacar com quem... é claro, com a campeã do alambique! Eduardo
poderia ter aprendido coisas mais úteis, como o código morse ou as capitais da
Europa, mas não. Acharam melhor ensinar para o rapaz como encher a cara de
pinga. Muito bem, Mônica! Grande contribuição!
Depois, temos
(deixou o cabelo crescer). Pobre Eduardo. Àquela altura, estava crente que
deixar crescer o cabelo o diferenciaria dos outros na sociedade. Isso sim é que
é ativismo pessoal. Já dá pra ver aí o estrago causado por Mônica na cabeça do
iludido Eduardo.
Sempre à
frente em tudo, Mônica se forma quando Eduardo, o eterno micróbio, consegue
entrar na universidade (E ela se formou no mesmo mês em que ele passou no
vestibular). Por esse ritmo, quando Eduardo conseguir o diploma, Mônica deverá
estar ganhando o seu oitavo prêmio Nobel.
Outra prova da
parcialidade do autor está em (porque o filhinho do Eduardo tá de recuperação).
É interessante notar que é o filho do Eduardo e não de Mônica, que ficou de
segunda época. Em suma, puxou ao pai e é burro que nem uma porta.
O que
realmente impressiona nesta letra é a presença constante de um sexismo
estereotipado. O homem é retratado como sendo um simplório alienado que só é
salvo de uma vida medíocre e previsível graças a uma mulher naturalmente
evoluída e oriunda de uma cultura alternativa redentora. Nesta visão está incutida
a idéia absurda que o feminino é superior e o masculino, inferior. É sabido que
em todas culturas e povos existentes o homem sempre oprimiu a mulher. Porém,
isso não significa, em hipótese alguma, que estas sejam melhores que os homens.
São apenas diferentes. Se desde o começo dos tempos o sexo feminino fosse o
dominador e o masculino o subjugado, os mesmos erros teriam sido cometidos de
uma maneira ou de outra. Por que? Ora, porque tanto homens quanto mulheres e
colunistas sociais fazem parte da famigerada raça humana. E é aí que sempre
morou o perigo. Não importa que seja Eduardo, Mônica ou até... Renato!