O Gaúcho Coração do Rio Grande
Teixeirinha e Mary Terezinha
Vitor Mateus Teixeira, Teixeirinha nasceu na cidade de Rolante, no Município de Mascaradas, Rio Grande do Sul em 03 de março de 1927. Filho de Saturnino Teixeira e Ledurina Mateus Teixeira teve um irmão e duas irmãs. Com seis anos perdeu o pai (Taquara/RS) e com nove anos perdeu a mãe (Catanduva/RS), ficando órfão foi morar com parentes, mas estes não tinham condições de sustentá-lo e saiu de sua terra ainda menino seguindo sua caminhada pelo mundo.
Aprendeu a ler, nos poucos meses que frequentou a escola, fez sua morada nas muitas cidades por onde passou (Taquara, Santa Cruz, Soledade, Passo Fundo, Porto Alegre…), para sobreviver trabalhou em granjas no interior. Seu primeiro emprego foi em Porto Alegre, na pensão de Dona Aide carregando malas, vendendo doces como ambulante, entregador de viandas, vendedor de jornais, enfim fazia qualquer atividade para poder sobreviver.
Aos dezoito anos se alistou no exército, mas não chegou a servir. Nesta ocasião foi trabalhar no DAER (Departamento Estadual de Estradas e Rodagem) como operador de máquinas durante seis anos. Dali saiu para tentar a carreira artística cantando nas rádios do interior nas cidades: Lajeado, Estrela, Rio Pardo, Santa Cruz.
Com o coração voltado para a música, nas horas vagas já era solicitado para animar festas, iniciando assim sua carreira com shows. Sem estudar canto nem música, pois sua voz é dom natural que trouxe de berço, possuía muita capacidade de improvisação e repentismo. A beleza simples de suas letras e a melodia comunicativa de suas músicas são frutos de inspiração espontânea gerada por sua vivência, seu amor a vida e aos seus semelhantes.
Depois de andar de pago em pago, conheceu sua esposa Zoraida na cidade de Santa Cruz do Sul. Casaram-se em 1958 e foram morar em Soledade, em seguida mudaram-se para Passo Fundo (considerava sua terra natal por ter saído desta para a fama nacional) tento como trabalho um Tiro ao Alvo que era cuidado por ele e sua esposa, à noite Teixeirinha se apresentava na Rádio Municipal de Passo Fundo. De lá saiu em 1959 viajando de trem rumo à grande capital paulista gravando seu primeiro disco, um compacto de 78 rotações com duas músicas: Briga no Batizado e Xote Soledade.
Segundo depoimento de uns dos membros da Gravadora Chantecler, Dr. Biaggio Brás Baccarin, o sucesso assim aconteceu:
“A sigla PTJ 78 RPM abrigava três nomes: Palmeira, Teddy e Jairo, então diretores da Chantecler e fundadores do selo sertanejo. Como se constata, “Coração de Luto ocupou o lado B do quarto disco gravado por Teixeirinha, o qual foi lançado sem qualquer preocupação de sucesso, no entanto, aconteceu espontaneamente após seis meses de sue lançamento. As primeiras reações vieram de Sorocaba/SP e em pouco tempo já era sucesso nas demais cidades da região. Foi nessa ocasião que a Gravadora Chantecler resolveu trazer o cantor para São Paulo a fim de trabalhar o disco, cujo trabalho teve início com um show na cidade de Sorocaba/SP e posteriormente nas demais cidades no Estado de São Paulo até o triângulo mineiro.
O sucesso aconteceu em todo o Brasil, com venda superior a um milhão de cópias no ano de 1961. Um acontecimento inédito na música popular brasileira. Para se ter idéia deste fato, o disco Coração de Luto chegou a ser vendido no cambio negro em Belém do Pará havendo fila para comprá-lo. A gravadora não tinha condições de atender aos pedidos e era obrigada a distribuir cotas para cada loja. “O fato de Belém do Pará foi registrado pelo saudoso Edigar Pina, então agente da Chantecler naquela época.”
Teixeirinha voltou a Passo Fundo vendeu o Tiro ao Alvo e se mudou para Porto Alegre. Foi chamado novamente pela Chantecler desta vez para morar na capital paulista e continuar a divulgação do sucesso de Coração de Luto, no entanto, recusou domiciliar-se em São Paulo fixando domicilio em Porto Alegre.
Com o que ganhou na excursão em São Paulo comprou uma casa no bairro da Glória, onde viveu toda a sua vida e uma Kombi para viajar por todo o Brasil. Então, definitivamente Teixeirinha assumiu a carreira artística, passando a trabalhar em circos, parques, teatros, cinemas e demais casas de espetáculos. Como o próprio cantor relatou em uma de suas últimas entrevistas à imprensa: “… onde o povo me pediu para estar eu fui …” ( RBS/TV – julho/1985 ).
Teixeirinha começou a viajar por todo o Brasil como o “Gaúcho Coração do Rio Grande”. Em 1963 ganhou o troféu “Chico Viola” outorgado pela TV Record de São Paulo, no programa Astros do Disco, um programa de gala da televisão brasileira que tinha por objetivo premiar os melhores do disco de cada ano, e Teixeirinha ganhou por ter sido o cantor campeão de vendagem por dois anos consecutivos 1962/63.
Internacionalmente, em Portugal ganhou o Troféu “Elefante de Ouro” pela expressiva vendagem de discos. Recebeu em mãos da Gravadora Chantecler quatro discos de ouro. A música Coração de Luto, até hoje já vendeu mais de vinte milhões de cópias, a única no mundo, mais vendida batendo recorde com cantores como Michael Jackson e Júlio Iglesias, cantores contemporâneos de grande vendagem de discos, mas não de única música, como no caso de Coração de Luto que continua na cotação de música mais vendida.
Em 1964, Teixeirinha escreveu a história do filme Coração de Luto, produzido pela produtora Leopoldis Som em 1966, recorde de bilheteria. Em 1969 encenou o filme Motorista Sem Limites juntamente com Valter D’Ávila, produzido por Itacir Rossi.
Em 1970, Teixeirinha criou sua própria produtora, “Teixeirinha Produções Artísticas Ltda”, pela qual, escreveu, produziu e distribuiu 10 filmes, quais sejam: Ela Tornou-se Freira (1970), Teixeirinha Sete Provas (1973), Pobre João (1975), Na Trilha da Justiça (1977), O Gaúcho de Passo Fundo (1978), Meu Pobre Coração de Luto (1978), Tropeiro Velho (1979) e A Filha de Iemanjá (1981).
Durante vinte anos apresentou programas de rádio diariamente em três edições diárias: Teixeirinha Amanhece Cantando (manhã); Teixeirinha Comanda o Espetáculo (noite) e Teixeirinha Canta para o Brasil (domingos pela manhã), em diversas rádios da capital, com transmissão para o interior e outros estados brasileiros.
Foi cidadão emérito de vários municípios como: Passo Fundo, Santo Antônio da Patrulha, Rolante, Soledade, etc. Em 1973 foi contratado para fazer quinze apresentações nos Estados Unidos da América e, em 1975 para o Canadá, onde se apresentou em dezoito espetáculos. Fez shows na maioria dos países da América do Sul.
Teve nove filhos: Sirlei, Líria, Victor Mateus Teixeira Filho, Nancy, Elizabeth, Fátima, Márcia Bernadeth, Alexandre e Liane.
Durante vinte e dois anos, Mary Terezinha lhe acompanhou com o acordeom em shows, rádio e cinema. Gravou 49 LP´s inéditos, somando mais de 70 fonogramas, incluindo regravações. Atualmente todo acervo fonográfico está sendo reeditados em disco laser. Assim, gravou mais de 700 músicas de sua autoria e deixando um acervo superior a 1200 composições.
Teixeirinha faleceu no dia 04 de dezembro de 1985 e está sepultado no Cemitério da Santa Casa, quadra n. 4, na capital gaúcha.
Recebeu inúmeras homenagens “in memorium” entre elas: seu nome em ruas da capital gaúcha, interior do Estado e fora do Rio Grande do Sul. Em 1999 recebeu o prêmio “20 Gaúchos que Marcaram o Século XX” e, em 2000 o troféu Guri pela RBS rádios, dentre tantas homenagens póstumas.
Teixeirinha como todo o ídolo não morre. Seus sucessos como Coração de Luto, Gaúcho de Passo Fundo, Tordilho Negro, O Colono, Gaúcho Amigo e Querência Amada, o fazem permanecer entre os gaúchos de nascença e coração.
FONTE: FUNDAÇÃO VITOR MATEUS TEIXEIRA – TEIXEIRINHA
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